sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Instalar para desligar


Turbinas eólicas nas estepes da Mongólia Interior
De acordo com números oficiais, 9,6% do consumo eléctrico do Reino Unido já é abastecido por fontes renováveis graças essencialmente a um franco crescimento de geração eólica e hídrica. A produção nuclear também registou aumento e igualou a obtida com carvão, com as duas a garantir cerca de 43% da produção.

A distribuição do parque eólico nas Ilhas Britânicas não é uniforme e, dado que quanto mais para norte mais forte o vento sopra, "2010 wind generation in Scotland was nearly one third more than in England, and almost five times greater than in Wales."

O facto de boa parte do consumo desta energia eléctrica ser feita no sul industrializado de Inglaterra exige uma elevada capacidade de transporte da electricidade. Só que o reforço da rede não tem acompanhado o crescimento de potência eólica intermitente e por isso já tem acontecido os produtores eólicos escoceses receberem avultadas somas compensatórias para desligarem as turbinas da rede.

Naturalmente esta divergência entre capacidade de produção e capacidade de transmissão/consumo resulta em grande medida do regime de tarifas feed-in de que também a energia eólica goza por lá. Isso torna o negócio das energias renováveis apetecível não pela possibilidade de comercializar electricidade mas pelo interesse em arrecadar incentivos.

Província autónoma da Mongólia Interior
O fenómeno não acontece apenas no ocidente. A China começa a viver o mesmo problema e majorado à escala do país mais populoso do mundo. À semelhança do Reino Unido, a energia eólica chinesa é produzida maioritariamente na província da Mongólia Interior a norte e consumida nas cidades da costa oriental que distam centenas milhares de quilómetros. Porém os parques eólicos da Mongólia Interior estão ligados a uma rede eléctrica regional, a Inner Mongolia Grid que tem débeis conexões com as outras redes do país, a State Grid Corporation of China (SGCC) e a China Southern Grid. São precisamente estas redes que servem os destinos da energia eólica produzida a norte.

A consequência natural é a incapacidade de escoar a produção flutuante de tanta energia eólica. O problema é ainda agravado pelo facto de, à semelhança da Dinamarca, as centrais termoeléctricas co-gerarem aquecimento e por isso não terem total flexibilidade para abrandarem quando há excesso de produção eólica. Não é raro 1/3 da capacidade eólica chinesa estar desligada em horas de vento.

"These things happen all the time here. About a quarter of the turbines on my wind farm have to remain idle, even on the windiest days," afirmou o Director Geral da empresa chinesa com mais potência eólica instalada.

 
Potência eólica de Inner Mongolia com financiamento CDM
Como é que se chegou a uma situação destas? Em boa parte graças a dinheiro ocidental transferido através do programa Clean Development Mechanism (CDM) que permitiu a instalação de alguns destes parques quase sem custo. Só que, como a maioria dos parques são erigidos em zonas remotas, o reforço da rede eléctrica é muito dispendiosa e tem sido negligenciada. Mas não só, assim como na Escócia, também na Mongólia Interior já se pode ter ultrapassado o limite razoável de geração eléctrica intermitente que uma rede eléctrica consegue absorver sem riscos de sobrecarga.

2 comentários:

  1. Inner Mongolia???!!!
    Bom, temos dois nomes possíveis para esta província chinesa.
    Como o artigo está escrito em português o natural era que o nome da província também o estivesse, isto é, o artigo referia-se à Mongólia Interior.
    Se quisermos ser puristas podíamos escrever em chinês, 内蒙古 (Nèi Měnggǔ), mas em inglês? Porquê?

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  2. A tradução à letra pode ser traiçoeira. O nome na língua original podia não dizer nada

    Preocupei-me mais em pesquisar o assunto do desperdício das turbinas do que a tradução correcta da província.

    Mas vou aceitar a suegestão e modificar

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