quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A ficção de Filipe Duarte Santos (parte 2/2)

No post anterior comentei sobre um artigo de opinião do Professor Filipe Duarte Santos em que este sugere que a falência do engenho humano para gerar crescimento económico pela via da tecnologia e a ganância do actual sistema financeiro devem precipitar uma nova ordem mundial de sustentabilidade e equidade que se sobreponha ao capitalismo. Aquilo que Filipe Duarte Santos defende não é novo, Karl Marx já o tinha proposto de forma mais eloquente há quase 200 anos. 

Se o artigo de opinião anterior teve um sabor mais marxista este vem numa versão mais ecologista.

A energia e o vício em combustíveis fósseis

A mensagem final é a mesma, o Homem é incapaz de se governar, não é capaz de ter uma visão de longo prazo estruturante e conciliável, no comunismo, com uma sociedade igualitária, no ecologismo, com a sobrevivência do planeta. 

O primeiro parágrafo é elucidativo:
O vício em combustíveis fósseis não é curável nos próximos anos porque os interesses de curto prazo são muito mais fortes do que as preocupações com uma alteração climática global cujos efeitos mais gravosos só irão manifestar-se nas próximas décadas.
Oh, o vício dos combustíveis fósseis. Esses símbolos do capitalismo destruidor e da falsa prosperidade americana, teias dissimuladas de desequilíbrios sociais. O vício predador que ignora a ameaça de um aquecimento global que virá assombrar as gerações futuras (sta perspectiva de futuro é imperiosa porque, como se sabe, este suposto aquecimento global teima em não aparecer no presente).  

A caça aos fantasmas prossegue:
O sector dos combustíveis fósseis tem um gigantesco poder financeiro e económico e não está disponível para a mudança no sentido de um novo paradigma baseado em energias renováveis.
Obviamente que o sector está disponível para a mudança se ela trouxer mais valor acrescentado como escrevi no post anterior. Neste caso, como o produto final é o mesmo (energia eléctrica), o valor acrescentado de cada tecnologia é rapidamente mensurável no custo de produção. E nesse aspecto as renováveis nunca irão alcançar os combustíveis fósseis pelas razões que aponto aqui.

Nem se dá o caso de o sector desaparecer por falta de matéria prima. Se isso acontecesse as empresas simplesmente se adaptariam e explorariam outros recursos. Mas isso não vai acontecer porque como o próprio Prof. Filipe Santos reconhece os combustíveis fósseis: 
Apesar de constituírem um recurso natural não renovável, nas escalas de tempo que nos interessam, as reservas existentes são enormes
E o Prof. volta a dar outra machadada na sua narrativa ecologista: 
Assegurar a exploração e acesso a fontes de energia barata são objectivos prioritários de todos os países 
Evidentemente, por isso é que a maioria dos países usa combustíveis fósseis, porque são economicamente viáveis de extrair, transportar e armazenar e fornecem energia em abundância e de forma fiável. Caso contrário como Filipe Santos não ignora: 
A falta de energia abundante causaria uma regressão de séculos na qualidade de vida e poria em perigo muitas vidas humanas.
É precisamente por serem intermitentes e portanto incapazes de fornecer energia abundante que os realistas vêm dizendo que as fontes renováveis não são solução viável para as necessidades do mundo moderno. Insistir nelas é condenar os países à desindustrialização e as pessoas à pobreza.

O Professor porém não quer saber de realismo:
Contudo, o realismo não deve desmoralizar-nos. Antes pelo contrário, é necessário e urgente praticar a disciplina da racionalidade ao propalar e defender a utopia, apenas aparente, de um novo paradigma energético e de um desenvolvimento sustentável.
Palavras para quê? É preciso negar o concreto para perseguir o imaginário. É preciso recusar o modelo de desenvolvimento actual e eleger um novo paradigma assente em energias renováveis.

Talvez Filipe Santos não se aperceba do que realmente sugere. Mas o que ele propõe é, sob o pretexto de alterações climáticas antropogénicas inexistentes, privar a humanidade de energia abundante e barata, impossibilitando o desenvolvimento tecnológico e económico. O mesmo desenvolvimento que já tinha colocado em causa no artigo de opinião anterior.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A ficção de Filipe Duarte Santos (parte 1/2)

Filipe Duarte Santos, Professor de Física na Universidade de Lisboa, escreve artigos de opinião no Público/Ecosfera, essa fonte inesgotável de desinformação ambientalista. Naturalmente é um alarmista do aquecimento global e um crítico da economia de mercado, de outra forma não assinaria naquele espaço. Li dois dos seus artigos de opinião. Como seria de esperar estes dois textos nada têm de científicos ou racionais, são propaganda política. Hoje comento este:

A ciência e a tecnologia deixaram de impulsionar o crescimento?

Neste artigo Filipe Santos expressa uma dúvida levantada pela revista The Economist, será que a tecnologia já não contribui para o crescimento económico? Está a ter um dejá vu? Parece-lhe uma dúvida familiar? Então parece-lhe bem. Porque é um caso clássico de ecologismo e comunismo. Atenção, a humanidade já não é capaz de se desenvolver! Qual é a solução para este problema? Regulação, castração e controlo, a receita típica. Citando Filipe Santos:
Perante estes desafios gigantescos regressa a miragem do poder mágico da ciência, da tecnologia e da inovação. A ciência e a tecnologia são cada vez mais importantes na nossa civilização e é imperioso apoiá-las, mas não nos podemos iludir ao pensar que vão resolver apenas por si próprias as disfuncionalidades do nosso sistema financeiro e económico e a incapacidade de construirmos um desenvolvimento sustentável que promova a equidade.
Não nos podemos iludir ao pensar que vão resolver apenas por si próprias as disfuncionalidades do nosso sistema financeiro e económico. Ou seja, o sistema económico vigente, livre e capitalista, é pernicioso e destruidor da sociedade. É preciso travá-lo.

É preciso construirmos um desenvolvimento sustentável que promova a equidade! Isto é, construirmos um mundo que viva sob a batuta do ecologismo-socialismo-comunismo. Desenvolvimento sustentável é um eufemismo para abandono da agricultura, não utilização de combustíveis fósseis, nem meios de transporte etc. Equidade é o objectivo socialista de uma sociedade pobre, uniformizada e inculta.

Ou será que a tecnologia atingiu mesmo o seu limite de contribuir para o crescimento económico? Claro que não, que parvoíce. A tecnologia foi, é e sempre será motor de crescimento económico. Mas não é toda a tecnologia, apenas aquela que acrescenta valor, como é evidente. A dúvida não está no contributo da tecnologia para o desenvolvimento. Difícil poderá ser aferir correctamente se uma nova tecnologia acrescenta mais valor do que a existente. E existem muitas tecnologias, caso das energias renováveis intermitentes, que, apesar de retirarem valor à economia, são defendidas e usadas em muitas economias.

Nesta frase fica clara a tónica comunista do texto:
Temos um mundo doente de egoísmo e ganancia que gerou um sistema financeiro incapaz de alicerçar um desenvolvimento com equidade e sustentável.
E nesta a mesma ideia vestida de verde:
Temos um mundo apostado num paradigma de desenvolvimento que exige um consumo cada vez maior de energia per capita, mas sem perspectivas de encontrar as fontes de energia barata que irão satisfazer essa procura. 
Claro que o ecologismo não defende a utilização de fontes de energia barata que, actualmente, são os combustíveis fósseis. O ecologismo procura reduzir o consumo energético per capita através da promoção das fontes renováveis intermitentes que produzem pouco e caro.

E a recessão mundial de 2008? Não temos assistido a uma década de inúmeros avanços tecnológicos? Sim, temos assistido mas muitas delas não acrescentaram tanto valor quanto a euforia mediática quis fazer crer. Basta lembrarmos-nos da bolha especulativa das dot.com em 2000, do fiasco que foi a entrada em bolsa do Facebook ou da euforia que tem havido em redor da reintrodução do carro eléctrico. São expectativas exageradas sobre o potencial de tecnologias que não são assim tão impactantes na economia.

Naturalmente a tecnologia não é uma panaceia. A tecnologia não permite apagar os erros que a banca fez e que levaram à recessão mundial. Mas os erros da banca não são o sistema financeiro ocidental. Todos os sistemas são permissivos a abusos. E é certo que depois destes abusos terem sido ajustados o crescimento suportado nos avanços tecnológicos irá regressar. Quanto mais valor as actividades humanas acrescentarem mais crescimento económico haverá. Sempre foi assim e assim continuará a ser. Deixemos os apocalipses civilizacionais para os escritores de ficção.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A improdutividade é uma vantagem das renováveis?

A Austrália é um dos poucos países que continua a ratificar o Protocolo de Kyoto e uma das nações em que a narrativa ecologista do aquecimento global mais está disseminada nas instituições oficiais. Paradoxalmente também é o mais exportador de carvão e tem um dos parques electroprodutores mais poluidores do mundo.

Recentemente o Energy Research Institute da University of Melbourne realizou o estudo Zero Carbon Australia Stationary Energy Plan onde defende que a Austrália poderá, daqui a 10 anos, ambicionar que toda a sua energia eléctrica tenha origem renovável. A proposta é que 40% venha de turbinas eólicas e a maior fatia de 60% venha de centrais Concentrated Solar Power (CSP). Não me parece necessário discutir a exequabilidade técnica, viabilidade económica e segurança energética desta solução. Espanha é provavelmente o país do mundo com maior experiência em centrais CSP e aqui fiz um cálculo do custo de produção destas centrais espanholas.

Mas ainda mais interessante é que neste estudo se afirma:
switching to a 100 per cent-reliant renewable energy strategy wins big: it would provide approximately four times more permanent jobs than the fossil fuel sector in Australia, and even offset the number of jobs lost in the switch-over 
Afirmar que é vantajoso as renováveis precisarem de quatro vezes mais de mão-de-obra para realizar o mesmo que actualmente mostra bem a objectividade e o bom senso de quem realiza estes estudos. Infelizmente é um argumento corrente no wishful thinking pró-renovável.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Búlgaros não são contra energia nuclear

A Bulgária realizou hoje o seu primeiro referendo desde que deixou de ser um regime comunista. Foi perguntado ao povo se o país devia continuar a apostar na energia nuclear. Na prática isso significa retomar a construção da central de Belene, que seria a segunda do país depois do complexo Kozloduy que fornece 1/3 da energia eléctrica do país.


É estúpido pedir opinião aos cidadão comum sobre assuntos eminentemente técnicos, para os quais a maioria não se sente naturalmente habilitada para opinar. Os referendos podem ser realizados para assuntos de consciência pessoal, não de carácter técnico. Talvez por isso só 20% dos eleitores foi exercer o seu direito. Sem pelo menos 60% de participação o referendo não tem peso. Contudo 60% daqueles que votaram optaram pelo "sim". Com estes resultados o tema irá regressar ao Parlamento.

A pouca adesão também poderá estar relacionada com o facto de o Primeiro-Ministro Boyko Borisov ter anunciado recentemente que o país não tem dinheiro para financiar o projecto. Talvez possam recorrer ao governo alemão para a obtenção do dinheiro.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Mega reserva de shale oil na Austrália

A companhia australiana Linc Energy crê ter descoberto uma mega reserva de shale oil no sul da Austrália. A sua exploração irá exigir uma  joint-venture técnica e financeira igualmente vasta mas o potencial é enorme. A previsão é que estejam aprisionados 233 mil milhões de barris de petróleo no solo australiano.

Esta quantidade coloca a Austrália no topo dos países com maiores reservas ao lado do Canadá ou Arábia Saudita. E coloca mais um prego no caixão da teoria do peak oil e, em geral, na ideia de que a energia armazenada na planeta é insuficiente para alimentar o modo de vida moderno. Seja o Homem capaz de a extrair e utilizar, a energia à nossa disposição debaixo dos nossos pés dará para milhões e milhões de anos.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A esquerda também não gosta de shale gas

Os socialistas/comunistas convertidos a ecologistas não gostam de energia nuclear e definitivamente também não aprovam as novas fontes não convencionais de combustíveis fósseis. Um pouco por toda a parte organizam-se manifestações a pedir a proibição da sua exploração. Também a esquerda caviar de Hollywood, sempre atraída pela visão populista sobre assuntos dos quais nada entende, produziu o filme Promised Land que chegará brevemente aos cinemas. O filme conta a história de representantes de uma empresa de hydraulic fracking que se deslocam a uma comunidade rural em dificuldades financeiras com promessas de fortuna através da exploração de shale gas. Mas são desmascarados por professores activistas que mostram o seu lado destruidor. É essa a visão ecologista das empresas de combustíveis fósseis. Na procura incessante de riqueza prometem o paraíso mas produzem o inferno. Para os ecologistas o hydraulic fracking é uma forma inaceitável de destruir o ambiente para manter o vício dos combustíveis fósseis. Tal como as centrais nucleares são fábricas de bombas atómicas e bombas relógio que inevitavelmente espalham uma morte invisível de radiação.


Agora que algumas empresas fazem prospecção em Portugal para avaliarem a viabilidade comercial de alguns núcleos de shale gas e shale oil, o Bloco de Esquerda (BE) quer que o governo proíba a sua exploração.

Diz o BE que estas novas fontes não convencionais de combustíveis fósseis “são a marca de um modelo energético falhado” o que mostra a objectividade do protesto. A própria notícia do Público mais abaixo contradiz:
A exploração de hidrocarbonetos não-convencionais tem subido significativamente desde 2008, sobretudo nos Estados Unidos, provocando uma autêntica revolução nos fluxos e nos preços da energia. A Agência Internacional de Energia estima que até 2020 os EUA terão ultrapassado a Arábia Saudita e a Rússia, tornando-se no maior produtor mundial de petróleo.
O BE também alega que o hydraulic fracking "deteriora a qualidade e as condições de vida das populações envolventes e a sustentabilidade ambiental do planeta”. Outra evidência tão clara como a energia nuclear ser a coisa mais perigosa que o Homem já produziu. Nenhuma actividade humana é isenta de riscos e falhas. Não será o hydraulic fracking a contrariar essa verdade. Mas a técnica está madura e perfeitamente industrializada (pelo menos nos EUA) e os seus benefícios económicos e ambientais ultrapassam largamente os riscos de contaminação de solos e fontes subterrâneas de água.

Se quisermos uma prova do impacto ambiental do shale gas até podemos usar o indicador que os ecologistas mais gostam, a emissão de dióxido de carbono. Ainda que errado dado que o CO2 não é um poluente, a exploração de shale gas nos EUA deu um forte contributo para a redução das emissões de CO2.
De acordo com a Energy Information Administration (EIA) o sector electroprodutor americano emitiu em 2012 a mesma quantidade de CO2 que em 1992. Em grande parte graças à troca de queima de carvão por gás natural, mais barato devido à exploração de fontes não convencionais.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Alemanha não gosta de centrais nucleares?

Durante os quase dois anos passados sobre Fukushima em que no Japão andou no ar a ideia de se abandonar a energia nuclear os investimento nipónicos no sector continuaram além fronteiras. A Alemanha que também vive um período cego anti-nuclear pós-Fukushima segue as mesma pisadas. É que, ao contrário das renováveis que sugam recursos financeiros públicos, a energia nuclear pode não dar votos mas dá dinheiro.

Contrariando uma decisão do Comité para o desenvolvimento sustentável do parlamento alemão o governo central vai continuar a financiar a construção de centrais nucleares noutros países. O Presidente do Comité considera essa decisão uma contradição grosseira para um país que tem o objectivo de encerrar todas as suas centrais nucleares a médio prazo e publicamente incita outras nações a seguir o exemplo. O Ministro da economia diz que não, que as políticas energéticas são do foro de soberania interna de cada país.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

É esta a realidade Sr. Presidente

No discurso de posse do segundo mandato enquanto Presidente dos EUA Obama elegeu o combate às alterações climáticas como um dos seus objectivos. E no decorrer do discurso debitou um chorrilho de razões para motivar o povo americano para essa luta.

Nos EUA nem toda a gente embarcou no delírio dos alarmistas e ainda há quem faça estudos sérios suportados em dados reais e análises estatísticas robustas. Em 2009 dois investigadores americanos apresentaram o estudo Global Climate Change Impacts in the United States que se encontra resumido aqui. Neste documento são refutadas as alegações dos alarmistas que o Presidente Obama repete aos microfones: Que o clima está a aquecer, que a subida o nível médio do mar está aumentar, que as tempestades, cheias e secas são eventos cada vez mais frequentes e severos. E que todas estas ocorrências terão um impacto muito negativo na vida dos americanos.

Outra questão que o Presidente parece minorar é o extraordinário benefício do shale gas na economia e segurança energética americana. Neste gráfico da Energy Information Association  (EIA) dá para perceber a dimensão e o papel que o shale gas já tem e terá no abastecimento de combustíveis fósseis nos EUA


E aqui um mapa mundo com os preços de gás natural liquefeito de Dezembro passado em que é perfeitamente notória a disparidade de preço que existe nos EUA e no resto do planeta.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Attenborough, profeta da desgraça

Diz o conhecido apresentador da BBC David Attenborough que a raça humana é uma praga na Terra. Que já não há espaço, nem recursos para tanta gente. Ainda que não saiba o que define sobrepopulação, nem qual o limite que a Terra é capaz de comportar, sou levado a concordar com Attenborough que somos demasiados humanos no planeta e com tendência para sermos mais, pelo menos até 2050. Mas daí em diante deixo de concordar com naturalista inglês.

A sobrepopulação causa problemas de poluição local ou regional (e não global) e pressões de ecossistemas. Já a questão da falta de recursos é falaciosa. O também inglês Thomas Malthus levantou, há 200 anos, as mesmas questões que Attenborough ao defender a relação desequilibrada entre população e recursos naturais. Os receios de Malthus vieram a mostrar-se infundados. A posterior revolução industrial veio trazer ao Homem uma produtividade que baralhou as contas. Actualmente a humanidade é capaz de satisfazer as suas necessidades básicas e até de viver com um bem-estar desconhecido há dois séculos. O problema do esgotamento dos recursos é inexistente como Attenbourough devia saber. Resta o da poluição e ocupação excessiva dos territórios.

Existem duas formas de reduzir a população humana sobre a Terra. Uma é através de vastos programas de controlo da natalidade, manutenção da pobreza, falta de cuidados básicos de saúde e deficiente alimentação como defende Attenborough e a religião verde.

A outra forma é deixando que os países mais pobres se equipem com centrais termoeléctricas que garantam fornecimento de energia eléctrica constante e barata. Energia essa que permitirá a muitas pessoas melhorarem as suas condições básicas de vida. É deixando que a indústria se desenvolva nesses países. No fundo permitir que em África e noutras regiões mais pobres aconteça uma revolução industrial. É certo que haverá aumento de poluição durante algumas décadas. Mas depois, tal como aconteceu na Europa ou América do Norte, o crescimento demográfico irá inverter-se, a intensidade energética irá diminuir e a tecnologia tornará a actividade humana mais amiga do ambiente.

A sustentabilidade não se consegue nivelando por baixo o nível de vida no planeta, isto é, desindustrializando o Ocidente com tectos de emissão de gases de efeito de estufa. O equilíbrio consegue-se deixando que os países mais pobres percorram o caminho que o Ocidente fez no séc.XIX e XX.  

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Obama, business as usual

Costuma-se dizer que errar uma vez é humano, persistir no erro é burrice. Barak Obama, o Presidente norte americano que hoje tomou posse do segundo mandato, é uma personalidade cativante no discurso mas distante da realidade na governação concreta. Uma das áreas onde Obama falhou de forma mais indiscutível foi na política ambiental e energética. Ficámos a saber que neste segundo mandato a política manter-se-à. Afinal é preciso proteger os nossos filhos e netos das alterações climáticas antropogénicas afirma o Presidente:

  
Diz Obama que a América tem de liderar o Mundo nas fontes renováveis de energia, que é essa a via para uma economia sustentável e moderna. Mais, que o futuro das gerações vindouras é um desígnio da economia de hoje. O discurso, com a entoação dramática que Obama lhe confere é pleno de sedução. Empolgante mas uma completa idiotice.

O investimento na economia verde, ou nas novas fontes de energia suposta e falaciosamente carbon-free como o solar, a eólica ou os biocombustíveis foi um monumental desperdício de dinheiro. Várias empresas que receberam avultados incentivos do Estado americano faliram passado pouco tempo. A criação de empregos nesta nova economia não passou de uma miragem. São indústrias que reduzem valor ao produzir com o custo superior ao preço de mercado. Nenhuma indústria cria emprego a reduzir valor.

Se em 2012 os EUA emitiram a mesma quantidade de gases de efeito de estufa que em 1992 isso deve-se à revolução do shale gas. O aumento de extracção do gás natural baixou de tal forma o seu preço nos EUA que este se tornou no combustível mais popular para produzir energia eléctrica em detrimento do carvão. Como a queima do gás natural emite cerca de metade dos gases de efeito de estufa que o carvão é esse um dos resultados. Esta sim é a verdadeira revolução energética americana. E uma revolução que se fez à boa maneira americana, com iniciativa privada, livre concorrência e sem subsídios vindos de Washington. Segundo a consultora IHS global as novas fontes de gás natural já criaram 1,7 milhões de empregos nos EUA e mais 2 milhões podem nascer até 2035. Isto claro, enquanto a Administração Obama não decidir taxar o gás natural até tornar as fontes renováveis competitivas.

Tal como a Europa também os EUA vão persistir na sua desindustrialização verde. Obama, como disse no seu juramento de tomada de posse, conta com a ajuda de Deus para o concretizar.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Alemanha quer exportar insensatez renovável

Em 2011 escrevi que a Alemanha não quer abandonar a energia nuclear sozinha, quer que os seus vizinhos de leste a acompanhem. Só que também para a revolução verde os alemães querem companhia.

Claro que nos temos de questionar porque é que os alemães estão preocupados em ter seguidores para as suas políticas energéticas. Se a política energética alemã fosse interessante, ou sustentável como agora está na moda dizer-se, teria seguidores voluntários, não precisava de os recrutar. Se a política energética alemã fosse boa, os alemães não teriam problemas em implementá-la sozinha e gozar da vantagem competitiva que ela traria.

Primeiro factos, a Alemanha não está a trocar energia nuclear por renovável. A Alemanha vai construir 23 centrais térmicas a carvão para poder desligar reactores nucleares. Mas esse é assunto para outro post.

Agora a propaganda, o Ministro alemão do ambiente Peter Altmeier está neste momento em Abu Dhabi para uma reunião do International Renewable Energy Agency (IRENA) e leva na agenda recrutar mais adeptos para o suicídio renovável.
A IRENA tenta atrair incautos com a propaganda habitual:
  1. O custo de produção desceu. O custo de produção desceu porque os preços dos equipamentos desceram. Mas isso não aconteceu por causa de inovações tecnológicas mas por excesso de stock devido à fraca procura. E em todo o caso as renováveis intermitentes só serão competitivas quanto forem de borla.
  2. Criação de empregos. Parece-me quase intuitivo que os pontos 1 e 2 são incompatíveis. Se as renováveis intermitentes geram muito emprego o seu custo não pode ser baixo. E a criação de emprego é uma desvantagem num sector como o electroprodutor. Para além disso, as renováveis intermitentes destroem mais empregos a juzante, nas empresas que consomem electricidade, do que aqueles que criam a montante.
  3. Corte na emissão de gases de efeito de estufa. É outro mito que permanece. A intermitência das novas renováveis obriga a que as centrais termoeléctricas de backup funcionem com interrupções. Essas variações na carga diminuem a sua eficiência o que faz aumentar o consumo de combustível e as emissões por unidade de energia eléctrica produzida. O balanço eventualmente será nulo mas nunca significativo do lado da redução de emissões. De qualquer forma, para esse propósito a solução nuclear, que a Alemanha quer abolir, é bastante mais eficaz. 
Nenhum país precisa de formar alianças internacionais para decidir construir centrais termoeléctricas ou nucleares. A Alemanha sabe, os alemães já o sentem e a imprensa alemã já não o esconde que aventura renovável alemã está a sair muito cara. Ainda persiste porque a Alemanha é um país rico. Países como Portugal ou Espanha vêem-se confrontados com défices tarifários astronómicos à conta de um sonho renovável que se transformou num pesadelo.

Será que o Reino Unido, que no começo do ano aprovou a exploração de shale gas, precisa destas operações de charme. Claro que não, o que não faltam é empresas a querer aproveitar essa nova oportunidade de negócio.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Assim se faz consenso científico

Ferenc Miskolczi é um investigador húngaro na área do clima. No início de 2007 foi publicado um paper da sua autoria na revista do Instituto Meteorológico Húngaro, Idojaras. O paper tem o título
Greenhouse effect in semitransparent planetary atmospheres e defende que o efeito de estufa numa atmosfera como a da Terra tem um limite independentemente da concentração de CO2 (e outros gases de efeito de estufa) que possa exisitir.

As conclusões deste paper anulam a ideia popular, mas nunca demonstrada cientificamente ou medida na natureza, de que o efeito de estufa e consequente aumento de temperatura acompanha a quantidade de gases de efeito de estufa na atmosfera.

A ideia de que o potencial de efeito de estufa na Terra é infinito é uma extrapolação de estudos realizados anteriormente. Em 1922 o astrofísico inglês Arthur Eddington teceu conclusões sobre o efeito de estufa em estrelas como o Sol. Mais recentemente, o astrofísico americano James Hansen, o pai da moderna teoria do aquecimento global, começou a a sua actividade profissional por estudar a atmosfera de Vénus. Naturalmente, as condições no Sol, Vénus e Terra são incomparáveis. Basta pensar que os maiores reguladores de temperatura e CO2 na Terra, os oceanos, estão ausentes nas estrelas ou em Vénus.

O autor esclarece nesta entrevista os resultados a que chegou:
Our atmosphere, with its infinite degree of freedom, is able to maintain its global average infrared absorption at an optimal level. In technical terms, this “greenhouse constant” is the total infrared optical thickness of the atmosphere, and its theoretical value is 1.87. Despite the 30 per cent increase of CO2 in the last 61 years, this value has not changed. The atmosphere is not increasing its absorption power as was predicted by the IPCC.
Os resultados de Miskolczi foram corroborados mais recentemente neste paper de onde tiro as seguintes conclusões:
(...)conceived to explain the enormous “greenhouse effect” in the Sun’s atmosphere, where the inside temperature is a thousand times the surface temperature. The Sun has no surface, and the sun’s atmosphere is a plasma; its optical density is many orders of magnitude higher than that of our atmosphere, therefore an infinite approach does not bring large errors. But on Earth it cannot use infinity(...)
Tão interessante quanto o contributo que o paper de Miskolczi deu para a modelação matemática do clima da Terra é a história atribulada da publicação do documento. Miskolczi sentiu aquilo que quase todos os cientistas sentem quando submetem à aprovação em revistas científicas documentos que contradigam o aquecimento global, uma forte oposição. O paper de Miskolczi foi recusado pelas publicações Applied Optics, Journal of Geophysical Research, Science, Tellus-B e Astrophysical Journal. Não chumbou na revisão científica, simplesmente não foi considerado.


Em 2006, na altura em que o cientista concluiu o estudo ele trabalhava para uma empresa que subcontratada NASA, a mesma NASA do James Hansen e um dos principais redutos de alarmistas do aquecimento global. Internamente Miskolczi foi aconselhado a "esquecer" o estudo e acabou por deixar a empresa em que trabalhava em Outubro desse ano, três meses antes da publicação do paper na revista Idojaras.

E assim, abafando a ciência real, consegue-se o prezado consenso.

Comboios ingleses mais amigos do ambiente

A Network Rail é a empresa responsável pela gestão da rede ferroviária inglesa e também o maior consumidor de electricidade do Reino Unido. Actualmente apenas 40% da rede está electrificada mas esse valor deverá subir para 54% em 2020 a que corresponderá passar de 55% para 75% do tráfego.

No passado dia 11/01 a Network Rail assinou um contrato de fornecimento de energia eléctrica com a francesa EDF para os próximos dez anos que permite à Network Rail orçamentar melhor os custos com electricidade graças a uma maior estabilidade no preço de compra. Mais mais interessante, e que me fez partilhar  a notícia, é o facto do acordo estar ao abrigo do programa EDF blue energy
Com o programa EDF blue energy, disponível para empresas ou particulares, a utility francesa garante que toda a electricidade fornecida tem fonte nuclear. Do parque electroprodutor da EDF na Grã-Bertanha também fazem parte centrais a carvão e torres eólicas mas toda a energia eléctrica que a Network Rail consumir virá de centrais nucleares.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A importância do contexto temporal

Ao contrário do que os alarmistas do aquecimento global gostam de fazer acreditar o clima terrestre não era um sistema estável que as actividades humanas vieram desequilibrar, ele sempre esteve em constante mudança. A temperatura média global do planeta, como consequência, sempre variou. No entanto, dirá o leitor, são frequentes as notícias de novos recordes de temperatura máxima ou degelo do Ártico e Gronelândia. Os jornalistas, na sua ignorância e procura de sensacionalismo, normalmente esquecem-se de um detalhe destes recordes.

Quando os alarmistas dizem que se estabeleceu um novo máximo de temperatura média eles normalmente dizem temperatura mais elevada desde que há registos (on record). E em quase tudo aquilo que diz respeito a clima os registos têm no máximo 50 anos. No caso específico da temperatura o on record começa em Outubro de 1978 quando todo o Globo passou a ter aferição de temperatura por satélite. Ou seja, para os recordes sensacionais de que se falam, contam registos que equivalem a uma geração humana. Terá valor estatístico? Pensemos na nossa primeira Liga de futebol.

Imaginemos que a estatística do nosso primeiro campeonato tem apenas um ano. Que conclusão se pode tirar? Que o Sporting é uma equipa de meio da tabela. E se os registos fossem de dez anos? Nesse caso seria indiscutível que o Porto domina o futebol nacional. Quer uma quer outra conclusão estão erradas se olharmos para o historial do futebol português. O Sporting é uma das melhores equipas portuguesas e o Benfica é o clube com mais campeonatos ganhos. Analisar o futebol português numa temporada ou em dez não dá uma perspectiva fidedigna do futebol em Portugal.

Se voltarmos à temperatura é fácil de entender que o intervalo 1979-2012 não é estatisticamente relevante face à vida de um planeta que já conta com milhares de milhões de anos. Gritar recordes com tão pequena amostra não é ciência, antes propaganda alarmista.

Quanto mais se recua no tempo menos registos de temperatura existem. De 1850 para trás os dados de temperatura são obtidos indirectamente através de proxies (anéis de troncos de árvore, camadas de gelo milenar, etc). Poder-se-à dizer que é uma forma falível de se obter valores de temperatura mas é a única forma e é por isso melhor do que nada. Para além disso, e no que toca aos últimos 2.000 anos, os gráficos construídos são corroborados por indícios e descrições que se encontram na literatura, pintura, etc. 
Os gráficos de temperatura têm uma evolução aleatória que faz lembrar a da cotação de activos bolsistas. Os analistas técnicos procuram identificar nestes gráficos bolsistas tendências futuras baseando-se no comportamento passado. E quando um analista técnico faz uma previsão de tendência futura jamais esquece algo, definir o horizonte temporal. "O índice PSI20 está com uma tendência positiva de curto prazo" "No médio prazo estou bullish na EDP". Uma previsão de evolução de um gráfico precisa de ser suportada no desempenho passado e o alcance dela tem que ter um intervalo de tempo consideravelmente inferior para poder ter uma probabilidade relevante. É lógico que fazer uma previsão para cem anos com uma amostra dos dez passados não passa de um palpite.

Na verdade, as previsões de tendência de evolução do clima dos alarmistas não se baseiam em análise do passado mas em modelos computacionais. Não têm por isso validade matemática. O que estes modelos fazem é computar cenários futuros hipotéticos, isto é, fazer palpites. E todos eles falharam como o próprio IPCC reconhece aqui.

Mas porque é que supostos cientistas falham num rigor estatístico que os analistas técnicos não descuram? Existem duas razões, a primeira é que do trabalho dos analistas técnicos resultam investimentos privados, pessoas concretas que reclamam se perderem dinheiro. As previsões do IPCC influenciam políticas que os países fazem com dinheiro público e, como se sabe, a culpa da má utilização de dinheiros públicos morre solteira. A segunda razão é que a análise técnica faz previsões para horas, dias, no máximo semanas, logo a sua validade é rapidamente confirmada. Ao invés, são precisas pelo menos três décadas para aferir a eficácia das previsões do IPCC. Ao fim de 20 anos de modelos computacionais começa a ficar evidente que a temperatura média da Terra não segue nenhum dos palpites do IPCC.

Vamos a factos. Nos últimos 2.000 anos a temperatura média global do planeta variou num intervalo de 1,2ºC como se pode ver no primeiro gráfico elaborado pelo climatólogo Roy Spencer a partir da reconstrução de temperaturas com proxies tiradas deste paper (a tracejado já são valores medidos no último século). O pico máximo deu-se por volta do ano 900 durante o chamado Período Quente Medieval e o mínimo há cerca de 400 anos durante a Pequena Era Glacial. A temperatura actual ainda está cerca de 0,2ºC abaixo daquilo que se pensa ser o máximo dos últimos 2.000 anos.


Apesar de dois milénios ser um horizonte temporal bastante mais significativo do que os 33 anos que separam 1979 de 2012 seria ainda assim estéril gritar recordes. E falso uma vez que os valores de temperatura actuais nada têm de extraordinário.

Podemos olhar apenas para o período com dados reais de satélite (1979-2012) patente neste segundo gráfico também construído por Roy Spencer. Os dados vêm do alarmista National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA) e por isso são insuspeitos.

O gráfico mostra que nos últimos 15 anos a temperatura do planeta não aumenta. O valor mais elevado on record é o de 1998 em virtude de um El nino particularmente forte. É caso para perguntar, quem é que está actualmente em negação, os cépticos ou os alarmistas?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O risco da dependência de fontes renováveis

Uma característica essencial que uma fonte de energia tem de ter para poder estar na base do diagrama de cargas é a disponibilidade dado que armazenar energia eléctrica em grande escala é tecnica e/ou economicamente inviável. Como já tenho abordado as renováveis intermitentes não possuem essa característica e por isso não preenchem os requisitos para poderem ser fonte de energia de base. A ausência dessa característica também lhes retira competitividade económica apesar do slogan de que o vento e o sol são gratuitos.
A chuva também é de graça só que, tal como o sol e o vento, não se requisita quando é precisa. Só que a hídrica tem uma vantagem sobre todas as outras fontes de energia eléctrica. É tecnica e economicamente possível armazenar energia a partir de fonte hídrica, é para isso que servem as barragens. Essa enorme vantagem permite mitigar a intermitência da chuva e conferir a esta fonte a possibilidade de estar na base do diagrama de cargas. Contudo a capacidade de armazenamento das barragens não é ilimitado pelo que a fonte hídrica não deve ter uma parcela excessiva no mix produtor sob pena de haver incapacidade de satisfazer o consumo.

Recentemente, tivémos em Portugal um bom exemplo do limite da hidroeléctrica. Devido à pouca precipitação e vento no inverno 2011/2012 Portugal viu-se obrigado a importar mais energia eléctrica para satisfazer as necessidades. Em Portugal a fonte hídrica fornece cerca de 20% da energia eléctrica consumida. No Brasil onde essa fatia supera os 80% a escassez de chuva ganha contornos ainda mais importantes. 2012 foi um ano seco no Brasil e já se fala em racionamento no fornecimento de energia eléctrica durante esta época quente. O governo brasileiro diz que isso não vai acontecer, a consultora JP Morgan coloca essa probabilidade nos 10%. Os jornais discutem que só não acontecerá porque o abrandamento do crescimento económico verificado em 2012 está a aliviar a procura por energia eléctrica. Sinceramente, não sei se irá acontecer ou não, mas essa é uma possibilidade sempre presente num país que dependa excessivamente de água para produzir electricidade. Em 2001/2002 aconteceu mesmo.
A Nóruega com todos os seus fiordes é outro país que depende maioritariamente da água para produzir energia eléctrica mas este país escandinavo tem boas ligações eléctricas aos vizinhos, nomeadamente à Dinamarca, de onde importa energia eólica barata para repôr os níveis dos seus reservatórios. Um proveito muito interessante para os noruegueses e ruinoso para os dinamarqueses.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Como me tornei um céptico do aquecimento global

Como quase todos os portugueses, desde sempre fui sugestionado que lá em cima havia um ser superior omnipresente e omnisciente. E desde sempre achei esta ideia completamente disparatada. Não consigo entender como é que os conceitos de omnisciência e omnipresença passam no crivo de um pensamento com o mínimo de racionalidade.

A história terrena dos mensageiros divinos, seja Jesus Cristo seja Maomé (as que conheço melhor), também nunca me pareceu possuir qualquer credibilidade por violarem noções básicas de anatomia, biologia ou física. Fecundação de uma virgem, ressuscitação, etc. São histórias de ficção com um enredo muito fraco, ainda por cima sexistas. E é graças a estes contos que cristãos perseguem judeus, muçulmanos perseguem cristãos, todos perseguem homens da ciência e discriminam as mulheres. Tudo muito bizarro para a minha capacidade de compreensão.

Nunca aderi à fé em Deus mas na minha adolescência aderi à fé do ecologismo. Contudo nunca comprei o pacote completo, deixei sempre de fora o nuclear. O ecologismo, nascido na década de 70 do século anterior, é genericamente contra a energia nuclear. Mas ser contra a energia nuclear não passa na peneira de racionalidade. É impossível argumentar contra ela com coerência. A energia nuclear é limpa, abundante, concentrada, competitiva e segura, o que há de mal nisso?

Não é possível construir uma narrativa anti-nuclear consistente. Mas afirmar que a actividade humana desenvolvida no século XX está a desequilibrar o mundo natural de uma forma potencialmente irreversível e destruidora não toca, à partida, nenhuma campainha de contra-senso. A ideia é credível, não questionava a nossa capacidade de extinguir espécies animais ou desflorestar a Amazónia. Porém, já na altura, me pareceu excessiva a teoria do aquecimento global.

Como é que num século o Homem tinha sido capaz de alterar o clima de um planeta que já conta com 4,5 mil milhões de anos? Como é que, se a actividade humana consome menos energia num ano do que aquela que o Sol produz num minuto (ou algo nesta ordem de grandeza), ela pode ter um peso tão grande no clima terrestre? Sempre me pareceu haver aqui uma gritante disparidade de forças, o David a vencer o Golias, mas havia consenso nos jornais. Havia a cimeira do Rio. Havia um pequeno barco do Greenpeace que navegava pelo mundo a desafiar os super-petroleiros. Se havia quem arriscasse assim a vida é porque o assunto era real e sério. Eu aceitava a narrativa mas haviam peças do puzzle que não encaixavam.
A primeira peça que não encaixava era a recusa da energia nuclear. Se a energia nuclear é essencial para diminuir a poluição provocada pelas actividades humanas como é que os ecologistas podiam ser contra?

Já mais recentemente, a intensa propaganda para promoção das energias renováveis intermitentes tinha lacunas graves. Era supostamente barata e sustentada mas precisava de ser subvencionada. Mas o que é que, sendo barato e sustentável, precisa de ser apoiado pelo Estado? Decidi pesquisar e descobri a aldrabice do modelo económico das energias eólica e solar que que nos é veiculada.

Mas o que fez desmoronar a minha fé no ecologismo foram aqueles a que os ecologistas ortodoxos e radicais chamam de cépticos ou negadores do aquecimento global. Os media sempre difundiram a mensagem do ecologismo que emergiu da falência do socialismo, mas uma boa parte da comunidade científica mantinha-se firmemente contra essa narrativa. E isso fazia-me confusão. Se o aquecimento global era real porque é que homens do saber o contestavam? Se o aquecimento global era consensual porque é que os seus defensores desvalorizavam os negadores com injúrias e acusações de serem agentes das grandes petrolíferas? Se o aquecimento global era inegável porque é que os alarmistas não esmagavam os cépticos com evidências factuais? Era muito estranho.

Não ter mais nada para disputar um debate do que acusações de actividade de lobby enfraquece muito a posição. Mas era isso que os alarmistas faziam para contrariar estudos científicos do lado dos cépticos. O argumento de lobby é fraco porque serve para os dois lados. Os alarmistas também podiam estar a ser pagos pelas empresas das novas fontes renováveis.

Pior do que fraco, o argumento dos alarmistas era e continua a ser insensato. As empresas que exploram os combustíveis fósseis não precisam de fazer lobby para manter a sua actividade. Estas empresas não são colossos devido a uma eficaz teia de influências. São enormes porque ainda não têm concorrência, porque no estado actual da tecnologia não existem alternativas. É verdade que o carvão pode ser substituído pelo nuclear (como aconteceu em França) mas o ecologismo não considera essa possibilidade.

Mais, as grandes empresas de extracção não estão emocionalmente ligadas aos combustíveis fósseis, perseguem racionalmente os lucros. Se os lucros estiverem nos biocombustíveis é aí que elas se concentram. Ou no solar, ou na fusão nuclear.

As empresas com sucesso são flexíveis e adaptáveis. O ecologismo só destrói as grandes petrolíferas se destruir a actividade económica e industrial e, como evidenciarei noutros posts, é mesmo esse o objectivo do ecologismo. O aquecimento global e a destruição do planeta é o pretexto. A desindustrialização é o objectivo. Às acusações de lobby os cépticos sempre responderam com estudos científicos do clima e análises custos/impacto para políticas de mitigação de alterações climáticas.

A visão ecologista sempre teve pedras na engrenagem, sempre teve meias verdades e muita propaganda. A visão céptica é estruturada, científica e moderada.

Designar os racionais de cépticos e negadores como fazem os ecologistas diz muito mais sobre aquilo que é o ecologismo do que sobre a contestação racional. Mantive os adjectivos propositadamente. Noutro post irei voltar a este tema.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Carro eléctrico pouco apoiado?

O Público, como é seu apanágio, faz eco de uma queixa da European Automobile Manufacturers’ Association (ACEA). Segundo esta associação o sucesso do carro eléctrico na Europa está a ser limitado pela falta de investimento em infraestruturas de apoio e incentivos estatais. Creio que a ACEA não vive neste mundo.

Nos maiores mercados automóveis europeus os carros eléctricos são alvo de incentivos financeiros únicos. Se fosse outro sector qualquer estes incentivos seriam considerados concorrência desleal. Mas os carros eléctricos estão na moda, simbolizam esta ideia fofinha de sustentabilidade ambiental tão querida no presente.
Garantidamente a ACEA não tem associados portugueses. Por cá não só existe incentivo para a compra de carros eléctricos como o anterior governo se preocupou em instalar uma rede de abastecimento nacional (Mobi.e) bastante sobredimensionada e que se encontra ao abandono. Uma rede que permitiu durante meses o abastecimento gratuito e isenta os carros eléctricos de pagamento de parquímetro. Para se vender mais carros eléctricos em Portugal só se fosse aprovada uma lei que obrigasse os portugueses a comprar.

Será que a ACEA não equacionou por um momento que não se vendem mais carros eléctricos na Europa porque os consumidores percebem que não são competitivos nem satisfazem as suas necessidades? E será que a ACEA não sabe que foi precisamente esta falta de competitividade do carro eléctrico que o condenou ao quase desaparecimento há 100 anos?

O futuro do carro eléctrico está dependente de dois factores, a evolução do preço do petróleo e seus refinados e a evolução no custo e autonomia das baterias. Como quase nenhum país europeu tem exploração petrolífera a UE não domina a primeira variável. A segunda não é decretável, está nas mãos dos fabricantes e na sua capacidade de desenvolvimento.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

China quer liderar 4ª geração da energia nuclear

Em Julho de 2011 a China ligou à rede um reactor nuclear experimental de neutrões rápidos de 20MWe. Desde essa altura o programa nuclear chinês foi temporariamente parado devido ao acidente de Fukushima. Mas tal como o Japão vai retomar a construção de novas centrais também a China reactivou o seu programa nuclear.
Um dos projectos aprovados é para a construção de um reactor comercial do tipo Gas-Cooled Fast Reactor (GFR) de 200MWe, um investimento de $476 milhões. Os reactores GFR são tipo de reactores na quarta e nova geração de reactores nucleares.

Outro projecto de $350 milhões está a nascer no Shanghai Institute of Nuclear and Applied Physics e visa desenvolver novos reactores para usarem Tório como combustível. O investimento prevê ocupar 750 cientistas em 2015. É provável que o Tório se torne no "combustível" nuclear mais usado dentro de algumas décadas. Também a Índia e a Noruega, dois países com importantes reservas deste metal, estão a fazer investigação nesta área.

Enquanto a Alemanha está a voltar ao passado trocando centrais nucleares por queima de carvão, os chineses estão apostados em liderar a tecnologia nuclear e passar dos actuais 12,54GWe de potência instalada para 40GWe em 2015.

A energia nuclear pode estar à beira de entrar um ciclo de investimento que não se via desde a Guerra fria. E desta vez a motivação não será o desenvolvimento de ogivas nucleares mas a independência energética e previsibilidade de custos de produção eléctrica. 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A verdadeira asfixia que o CO2 provoca (parte 1/3)

Os media, os portugueses e até o governo dão menos valor a Álvaro Santos Pereira do aquilo que ele realmente vale. As ideias que o Ministro da Economia tem divulgado são diminuídas e ridicularizadas por um país pouco habituado a um certo pragmatismo e visão mais própria de anglo-saxónicos do que nós latinos.

Toda a gente de lembrará da proposta de tornar a exportação dos "nossos" pastéis de nata uma aposta mais séria e ambiciosa do que acontece actualmente. E quem se interessa pelos temas abordado neste blogue, recordará que, quando chegou a Governo, o Ministro Álvaro pretendeu abrir debate sobre o nuclear para esbarrar numa parede de preconceito.



Mais recentemente o Ministro defendeu em Bruxelas o alívio de algumas regras ambientais de forma evitar a desindustrialização da Europa. Directa ou indirectamente Álvaro referia-se aos limites de emissão de CO2. Não é seguro que Álvaro saiba, nem o próprio esclareceu, que o CO2 não é um poluente nem o corte na sua emissão tenha algum efeito benéfico no ambiente. Mas também não se lhe pede isso. 

Aquilo que Álvaro sabe, e precisa saber, é que a restrição à emissão de CO2 na Europa tem como consequência a migração de indústrias para outros países. Países com menos eficiência energética onde irão emitir ainda mais CO2 para produzir o mesmo. Aquilo que Álvaro sabe é que a geração de desemprego na Europa por fuga da indústria para países com menores exigências ambientais não resolve nenhum problema ambiental global. Pelo contrário, potencia o seu agravamento. As críticas não se fizeram esperar, nomeadamente vindas da Ministra do Ambiente Assunção Cristas e de Jorge Moreira da Silva.

O Vice-Presidente do PSD foi mais longe do que criticar Álvaro Santos Pereira.  Moreira da Silva propôs a criação de uma taxa de carbono de 3,5% a pagar pelos portugueses no IRS. Já pagamos, indirecta e encapotadamente, os custos de política de redução de emissão de CO2, seja no custo da electricidade ou no fecho de empresas. Esta proposta é a primeira vez que, abertamente, se pede aos portugueses que paguem esta ideia lunática de que o COé um poluente que está a aquecer irreversivelmente o planeta.

Jorge Moreira da Silva é um defensor da radical ortodoxia anti-COque Álvaro criticou em Bruxelas. Apesar de ser engenheiro, o que lhe devia dar maior capacidade analítica, e pertencer ao PSD, o que o devia afastar das ideias socialistas do movimento "verde" europeu. Concordei com Moreira da Silva quando ele quis taxar ambientalmente as indústrias poluidoras do país. Taxar as externalidades ambientais nefastas é uma forma de estabelecer equidade concorrencial entre tecnologias. Taxar a emissão de CO2 não é a forma correcta de o fazer embora no sector electroprodutor seja uma simplificação admissível. O que Moreira da Silva propõe agora é completamente diferente. Ele quer compensar, pela via de impostos, o empobrecimento que resultará do cumprimento de objectivos de redução de emissão de CO2. 

O programa de redução de emissão de CO2 europeu conhecido como 20-20-20 é essencialmente um projecto de aposta em renováveis intermitentes e corte no consumo eléctrico. É irrealizável sem destruição de tecido empresarial. Pelos cálculos do think tank dinamarquês Copenhagen Consensus Center terá um custo anual de €210 mil milhões para um benefício de apenas €7 mil milhões.

Se Portugal é um dos países europeus empenhado nestas metas europeias, o Reino Unido também e tem objectivos mais altos da União. Se a Europa pretende 20% de redução de emissão de COaté 2020 o Climate Change Act britânico de 2008 coloca a meta nos 34%. De acordo com o Copenhagen Consensus Center se a Europa tivesse a ambição inglesa os custos anuais saltavam para €450 mil milhões.



A perseguição destes objectivos implicará obviamente uma razia na já de si débil indústria pesada inglesa. O think tank Civitas alertou que, devido aos elevados custos energéticos e restrições à emissão de COdecorrentes desta política, o sector da produção do alumínio praticamente desapareceu e o mesmo poderá acontecer com outras indústrias de matérias-primas (cimento, vidro, aço, etc):
High cost of energy in UK also poses risk to chemicals, glass, ceramics and steel industries. Aluminium industry already virtually eradicated after major closures in Anglesey and Lynemouth. (...) the mineral products sector, which employs 70,000 people, is crucial to the UK economy. However, UK manufacturing is under threat from high energy prices, especially energy intensive industries (EIIs).
Apesar dos elevados custos decorrentes destas políticas eu estaria disposto a concordar com Assunção Cristas e Moreira da Silva se:

- fosse possível reduzir a emissão de CO2 sem destruir a economia da Europa

- essa redução tivesse algum impacte no clima global.

Nos próximos dois posts mostrarei que nenhuma das duas hipóteses anteriores é verdadeira.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pequeno conto de ano novo

Há muitos, muitos anos de entre todas as espécies animais que povoam o planeta Terra uma começou a sobressair pela sua capacidade de inventar utensílios e desenvolver relações sociais complexas. Essa espécie foi designada de Homo Sapiens (HS) e no seu começo era uma espécie que migrava para fugir do clima adverso e perseguir alimentação. No entanto a sua superior capacidade intelectual permitiu-lhe domesticar animais, desenvolver a agricultura e desenvolver formas de mitigar os desafios do clima. Essas características únicas fizeram com que o HS se tornasse aos poucos numa espécie sedentária.

Com o desenvolvimento tecnológico o HS colonizou todos os continentes da Terra. Alguns exemplares mais afoitos desta espécie peculiar sedentarizaram-se em zonas do planeta que desafiavam a capacidade de sobrevivência de uma espécie terrestre como é o HS. Zonas de terrenos muito instáveis como são um Delta de um rio ou um Atol no oceano.
Os deltas dos rios são criados pela deposição de sedimentos trazidos pelos próprios rios e caracterizam-se por serem zonas pantanosas com grande variabilidade de altura e e sujeitas a inundações frequentes. Um Atol é uma formação de corais em redor de um vulcão que ao crescer cria ilhas normalmente de forma circular ou oval.  Ao crescer o Atol (que não é rochoso) acaba por colapsar sobre o seu próprio peso e afundar-se no oceano.

O engenho do HS deu-lhe a capacidade de resistir cada vez melhor aos fenómenos naturais e o que antigamente provocava morte e destruição com o decorrer dos séculos deixou quase de afectar o dia-a-dia do HS. Uma consequência desse desenvolvimento foi o aumento exponencial do números de exemplares de HS no planeta. As pequenas comunidades nos deltas do rio Mississipi e Mekong ou nos Atoís de Tuvalu e Maldivas tornaram-se em cidades. Os mesmo rigores do clima que antigamente vitimavam dezenas nestas regiões hoje desalojam milhares que são vistos em todo o globo através de invenções do HS como a televisão ou a internet.

Não só a capacidade inventiva caracteriza o HS. A memória curta e o fascínio por histórias apocalípticas de fim do mundo também. No final do Séc. XX o número de HS na Terra se aproximou dos sete mil milhões. Alguns destes criaram a fantasia de que esta espécie estava a criar aquecimento global no planeta, a aumentar da frequência e severidade de fenómenos metereológicos e a elevar perigosamente o nível médio das águas do mar. Estes HS sonham mudar o planeta para que ninguém tenha que de mudar de casa. 
Estes HS esqueceram-se que os seus antepassados jamais deveriam ter construído as suas casas em regiões naturalmente inóspitas para a sua espécie. A tecnologia do HS ainda não conseguiu tornar esta espécie anfíbia.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A paridade de custo das renováveis é um mito

Um dos mitos enraizados sobre as fontes renováveis intermitentes é que um dia, com a subida do preço dos combustíveis fósseis, serão competitivas no custo de produção e as subvenções actuais não serão necessárias.  A ideia é totalmente descabida mas perpetuada de tal forma pelo movimento "verde" neo-socialista que pessoas como Paul Krugman cometem o erro de não fazer contas.

No post linkado já tinha escrito que é preciso que a energia eólica e solar se obtenha de borla para que seja competitiva. E a probabilidade de isso acontecer um dia é pouco maior do que nula.
As fontes renováveis intermitentes não têm uma característica fundamental para uma fonte de energia eléctrica poder ser um pilar para a produção energética de um país, previsibilidade. As fontes clássicas estão  para a produção eléctrica como a rega está para um pomar, as fontes renováveis são como a chuva. Pode haver ou não haver chuva mas um pomar não prescindem de um sistema de rega para depender da imprevisibilidade da chuva. A chuva influência a escolha de ligar a rega, não a instalação. Da mesma forma todos os países que apostaram em eólica e solar mantiveram o parque electroprodutor clássico que já tinham. Em nenhum país do mundo as fontes renováveis fecharam uma barragem ou uma central termoeléctrica ou nuclear. Em Portugal, que é provavelmente o país do mundo com maior integração de renováveis intermitentes no consumo, nenhuma central termoeléctrica fechou por causa disso.

Os parques renováveis intermitentes não substituem as fontes clássicas, adicionam potência instalada, que pode ou não produzir energia eléctrica. Em relação ao custos é exactamente a mesma coisa, existe soma de custos. O resultado só é igual se uma das parcelas (o custo das intermitentes) for zero.

Alguém dirá oportunamente que quando, ou se, existir uma uma rede transeuropeia de alta-tensão haverá sempre alguma produção renovável que permitirá prescindir de uma pequena parte da potência nuclear/termo/hidroeléctrica instalada. Recuperando a analogia do pomar, se este for suficientemente extenso, pela lei das probabilidades, alguma parte dele terá água da chuva e produzirá fruta.

Vamos ultrapassar questões como a resistência das populações ao impacte paisagístico desta rede a ou distribuição de custos entre os diversos países da União Europeia. A sua necessidade advém, acima de tudo, da integração de renováveis e a elas deve ser imputado o custo.

Talvez mais importante é que a presença de renováveis intermitentes as centrais termoeléctricas deixam de trabalhar em cruzeiro para passarem a fazer ciclos de arranque/paragem. E fazendo nova analogia, um automóvel a andar a uma velocidade estabilizada em estrada gasta sempre menos do que no pára-arranque das cidades. isto é, a integração de renováveis intermitentes aumenta o custo de exploração das centrais termoeléctricas.
Voltamos ao início. Incorporemos o custo da rede eléctrica para ir buscar a electricidade às fontes renováveis intermitentes dispersas e longe dos centros consumidores. Mais a perda de eficiência das centrais termoeléctricas. Mesmo admitindo o hipotético desmantelamento de alguma potência convencional o custo de produção renovável terá de ser nulo para valer a pena economicamente. E num cenário em que as renováveis não valham mais de 10% do consumo.

Caso o plano seja mais ambicioso entra novo custo, armazenar produção renovável excedentária. Quando se pretende ultrapassa 10% de consumo a partir de fontes intermitentes como acontece em Portugal ou na Dinamarca há necessidade de consumir produção excedentária em barragens, outro custo que precisa de ser contabilizado.

Em resumo, a única forma de as fontes renováveis intermitentes poderem sobreviver em concorrência é se o seu custo de produção for nulo e sem ultrapassarem cerca de 10% do consumo. Acima desse valor toda a adição de renováveis intermitentes é uma menos-valia que encarece o preço final de electricidade.