terça-feira, 20 de setembro de 2011

TGV, ou é ou não é

Destino final - Poceirão
Diz o Público que o governo, pressionado por Bruxelas e Madrid, admite avançar com o TGV mas só com uma linha. Eu digo, vamos ser alvo de chacota internacional. Pela linha única? Claro que não. Pelo facto da linha terminar no Poceirão. A menos que o governo aprove simultaneamente a ligação Lisboa-Poceirão, que pode obrigar a uma terceira via sobre o Tejo na região de Lisboa, a ligação da margem sul ao Caia é idiota.

As experiências do comboio de alta velocidade em França, Japão, Alemanha, Espanha ou, mais recentemente, na China têm mostrado que, em distâncias até aos 750 km, a ferrovia de alta velocidade, ou high speed rail (HSR) pode ser competitiva face ao transporte aéreo. A China até inaugurou recentemente a linha Pequim-Xangai com 1.300 km de distância. Apesar de circular a cerca de 1/3 da velocidade de uma aeronave de passageiros, parte normalmente do centro das cidades e o processo de embarque é mais rápido o que se traduz em viagens de igual duração. E o comboio tem as vantagens de não restringir tanto peso das bagagens, oferecer mais conforto e menor impacte ambiental.

Claro que é necessário que haja procura para viabilizar o investimento e evitar casos como os que já aconteceram em Espanha com o encerramento de linhas de alta velocidade por falta de passageiros. Esse é um dos aspectos que se aponta contra o projecto entre as capitais ibéricas mas sobre o qual não me debrucei pelo que não posso comentar. Agora, aquilo que é óbvio é que uma linha de alta velocidade Poceirão-Madrid será uma risada franca. Ainda para mais quando Lisboa tem um dos aeroportos europeus mais próximos do centro da cidade. Quem é que se vai dar ao trabalho de ir ao Poceirão apanhar o TGV para Madrid? Só os mais ferrenhos entusiastas do transporte ferroviário!

Apeser de tudo o Ministro Santos Pereira revela bom senso quando insiste na prioridade que pretende dar ao transporte internacional ferroviário de mercadorias.

2 comentários:

  1. Suspeito que os intercambiadores, que foram alvo de tanta chacota há seis anos atrás, irão agora regressar em força lá para os lados do Poceirão.

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  2. Tudo isto me parece ser uma "história" mal contada. De um lado temos as imposições e cortes que tanto estragulam a economia nacional e do outro a estravagância de um transporte que será, previsivelmente, pouco utilizado.
    -Será que a Alemanha quer que poupemos para podermos gastar nas empresas alemãs, como sejam a Simens, ligada à alta tecnologia dos TGV?
    É que a Alemanha emprestou dinheiro à Grécia para esta depois lhe comprar submarinos.
    Pobre povo português.

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