quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Japão vai ligar centrais nucleares desactivadas

Yoshidio Noda
Sem grande surpresa, até porque se aproxima o Inverno, o novo Primeiro-Ministro japonês Yoshihio Noda deu autorização para reactivar as centrais nucleares paradas desde 11 de Março assim que forem completados os testes que estão a ser levado a cabo. A ligação das centrais à rede teria de acontecer mais tarde ou mais cedo dada a preocupante escassez de energia eléctrica que o Japão vinha a sentir desde o tsunami e que tem prejudicado o normal funcionamento da economia. A primeira ligação de uma central nestas condições já tinha acontecido há um mês. A capacidade nuclear instalada cobre 30% das necessidades de consumo nipónico e seria impossível compensar esta falta no curto/médio prazo.

Noda acrescentou ainda que será criada uma nova agência nuclear japonesa sob a alçada do Ministério do ambiente e não do Ministério da Economia como acontece actualmente com a Nuclear and Industrial Safety Agency (NISA).

Noda afirmou ainda que a política energética de longo prazo será revista até meados de 2012 e é de esperar uma redução do peso do contributo nuclear. E não fechou a porta à continuidade da energia nuclear como era vontade do seu antecessor Naoto Kan. Esta prudência é compreensível dado que actualmente, e como o acidente de Fukushima tão presente, cerca de 70% dos japoneses se dizem contra a existência de centrais nucleares no país.

O futuro plano energético japonês irá influenciar as previsões da International Atomic Energy Agency (IAEA) para 2030 em termos de construção de novas centrais nucleares. No mesmo dia das declarações de Noda o Director geral da IAEA, Yukiya Amano, referiu:
(...) the number of operating nuclear reactors in the world to increase by about 90 by 2030, in our low projection, or by around 350, in our high projection, compared to the current total of 432 reactors. This represents continuous and significant growth in the use of nuclear power, but at a slower growth rate than in our previous projections.
Se a construção de novas centrais não ficar próxima da melhor previsão de 350 o peso da energia atómica no mix mundial irá diminuir pois prevê-se que o consumo de electricidade duplique entre 2000 e 2030. Na minha opinião o número de centrais nucleares existentes no futuro será fortemente influenciada pela rapidez com que os reactores de 4ª geração entrarem ao serviço. A expectativa neste momento é de que a tecnologia esteja pronta por volta de 2030. Acredito que o peso da energia nuclear na produção eléctrica só arranque definitivamente a partir daí para na segunda metade do presente século se tornar a mais importante fonte primária de electricidade. A primeira metade deste século será dominada pelo gás natural.

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