quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Nuclear ou nada

Jorge Moreira da Silva
O eurodeputado social-democrata e director na ONU para a Economia, Energia e Alterações Climáticas Jorge Moreira da Silva defendeu ontem na Universidade de Verão do PSD a criação de um imposto ambiental sobre as indústrias mais poluidoras do país. Na visão de Moreira da Silva, com a qual estou de acordo, "era uma situação expedita e rápida para uma situação de desvio orçamental" alternativa ao imposto extraordinário sobre os rendimentos prometido para o final do ano. Essa taxa ambiental não poderia deixar de fora a produção eléctrica nacional em centrais térmicas a carvão e gás natural, o que teria o grande benefício de diminuir a sua competitividade relativa. O custo de produção, com os €10/t CO2-e propostos, sofreria um agravamento de €10/MWh (carvão) e €4/MWh (gás natural). A medida teria o efeito colateral nefasto de aumentar o preço da electricidade que podia ser mitigado, na minha opinião, reduzindo o valor das tarifas feed-in para PRE.

Como especialista no sector energético Moreira da Silva defende uma posição anti-nuclear e pró-renovável. Como muitos apoiantes desta visão de política energética o vice-presidente do PSD considera imperioso melhorar a eficiência energética nacional. No caso específico português até há trabalho a fazer neste campo dado que a nossa economia tem uma intensidade energética acima dos melhores exemplos europeus, como por exemplo as também pró-renováveis Alemanha e Dinamarca.

O requisito de maior eficiência energética reclamado por Moreira da Silva mostra a lucidez de quem tem a perfeita noção de que sem energia nuclear nenhum país consegue um equilíbrio ambiental no sector eléctrico. No fundo, o que Moreira da Silva evidencia é que, sem centrais nucleares, a redução de emissão de agentes poluentes na geração eléctrica só é conseguida diminuindo a produção.

João de Deus Pinheiro
Felizmente a visão de Moreira da Silva não é partilhada por todos os colunáveis da família social-democrata. Hoje na mesma Universidade de Verão do PSD João de Deus Pinheiro defendeu o recurso à energia nuclear em Portugal afirmando que a última geração de reactores nucleares tem uma segurança perfeitamente aceitável. Deus Pinheiro fez alusão às fontes renováveis referindo que são muito lindas mas custam muito dinheiro. Haja bom senso entre as pessoas que têm peso político no nosso país. E haja um futuro para o país com geração eléctrica capaz de fomentar progresso e criação de riqueza.

8 comentários:

  1. Se o nuclear é tão bom assim, porque não vai viver para Fukoshima? Antes do incidente/acidente também diziam que as centrais eram seguras. A verdade é que a cada nova geração de centrais dizem que as novas é que são seguras e sem riscos...
    Fica a pergunta para si...quando é que Fukoshima vai voltar a ser habitada?

    Cumprimentos
    JS

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  2. Caro JS,

    A radioactividade na cidade de Fukushima não é muito diferente da que existe em Lisboa. A cidade de Fukushima nunca foi evacuada.

    Fora da zona de exclusão de 20km da central a vida decorre de uma forma bastante normal. Dentro desse raio é necessário efectuarem-se limpezas e assegurar que não existem focos concentrados de radiação. Não consigo prever quanto tempo levará esse processo. Mas não conte com décadas como anunciam os profetas da desgraça.

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  3. Eu sugiro que apague a luz mais vezes... assim talvez já não seja preciso o nuclear!

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  4. Jorge Moreira da Silva tem a obrigação de saber que o CO2 não é um poluente !

    Jorge Pacheco de Oliveira

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  5. Caro Jorge Oliveira,

    Tem razão. Taxar o CO2 é uma simplificação grosseira. Até porque a proporção de emissão de NOx, SO2 ou partículas entre as várias fontes emissoras não é igual à do CO2. Obrigado pelo comentário.

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  6. O nuclear, tal como as eólicas e similares (ditas renováveis), são caras e inúteis.
    Há carvão, gás, etc. Centrais destas produzem electricidade barata.
    Quanto ao libertarem CO2, qual o problema, o CO2 é um gás raro e essencial à vida.

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  7. O problema é que as termoeléctricas não emitem apenas CO2.

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  8. O CO2 não é nem nunca será poluente. Daqui a uns anos a sociedade vai acordar da falácia do IPCC e dos governos que adoptaram este composto atmosférico como pretenso indicador de poluição. Mas vai demorar muitos anos a desmontar os negócios virtuais que se realizam com base num conceito fantasma.
    A natureza responde como um relógio através dos feedbacks entre a atmosfera, oceanos e plantas; interacções que se encarregam de manter o equilíbrio do CO2 na terra dentro de variações compatíveis com a vida no planeta (por muito petróleo que o homem queime). As plantas beneficiam com o incremento de CO2 na atmosfera.

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