Os japoneses têm por hábito planear em avanço e a pretensão de abandonar, ou pelo menos diminuir, o contributo nuclear para a produção da sua energia eléctrica não tem sido excepção. Como forma de auxiliar decisões de longo prazo o governo japonês quis saber qual o custo da electricidade produzida pelas várias fontes e, segundo os números oficiais, a fonte nuclear será a menos dispendiosa pelo menos nas próximas duas décadas. E este valor já inclui os custos associados a um acidente da magnitude de Fukushima.
“Our lives begin to end the day we become silent about things that matter.” Martin Luther King Jr
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Energia nuclear japonesa continuará barata
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Japan enters the european renewable spiral
Japan is entering in the same imaginary and disastrous spiral of Europe. Japan is trying to climb the wall of nuclear energy. But it will fail. Fail as Denmark, Germany, Italy and all coutries that try to turn their back on nuclear power.
Japan is electrically isolated and can not exchange electricity with neibours and therefore can not explore intermitent wind and solar. Because of that it will deregulate environmental policies and allow invasion of its national parks to explore geothermal resources. Without nuclear it will pollute more, so Japan also wants to start a vicious carbon offset program. And now wants to tax other energy sources to finance renewable energy. And of course, the holy graal of the renewable revolution, wants to promote energy efficiency (which, if we look at it properly, is the proof that renewable energy is unable to light the modern world). Getting a dejá vu sensation?
Ironically, exporting nuclear energy remains a national priority. Nuclear power might not be good enough for the japanese people but apparently is for the rest of the world.
Japan is electrically isolated and can not exchange electricity with neibours and therefore can not explore intermitent wind and solar. Because of that it will deregulate environmental policies and allow invasion of its national parks to explore geothermal resources. Without nuclear it will pollute more, so Japan also wants to start a vicious carbon offset program. And now wants to tax other energy sources to finance renewable energy. And of course, the holy graal of the renewable revolution, wants to promote energy efficiency (which, if we look at it properly, is the proof that renewable energy is unable to light the modern world). Getting a dejá vu sensation?
Ironically, exporting nuclear energy remains a national priority. Nuclear power might not be good enough for the japanese people but apparently is for the rest of the world.
Japão entra na espiral fantasiosa europeia
O Japão está a entrar na mesma espiral irrealista e ruinosa da Europa. O Japão está a querer escalar a barreira do nuclear. Mas vai estatelar-se. Como a Dinamarca, a Alemanha, a Itália e todos os países desenvolvidos que quiserem prescindir de energia nuclear.
Recapitulando, o Japão vai aligeirar leis ambientais do país e permitir a invasão de parques naturais para instalação de potência geotérmica. O Japão também quer começar a poluir no lugar de países mais pobres. E agora quer taxar outras fontes de energia para financiar a instalação de parques renováveis. E claro, o santo graal da revolução renovável, ou bem vistas as coisas, a prova definitiva que as fontes renováveis não chegam para iluminar o mundo moderno, a poupança de energia. Está com uma sensação de dejá vu?
O mais irónico, a cereja no topo do bolo, é que a exportação de tecnologia nuclear é uma prioridade nacional. Como escrevi anteriormente, a energia nuclear pode não ser suficientemente boa para os nipónicos mas serve para o resto do mundo.
Mais sobre o impacte ambiental do shale gas
Tirando as referências ao Aquecimento Global antropogénico, que de resto está a levar uma machadada em Durban, aqui fica um artigo de opinião sobre shale gas do The Economist que vai ao encontro daquilo que tenho escrito em vários posts sob os tag carvão e gás natural. Aqui ficam as frases que consideram mais relevantes:
It does appear that fracking can cause earthquakes. But so can geothermal energy production and other parts of the oil and gas production process. Wherever fluids are injected into deep wells, that is a risk. It warrants strict regulation and further study. It is not, however, a reason to shut down a promising industry.
Few new coal-fired power stations are planned in America or Europe anyway (...) Either way, gas-fired power stations are more likely to substitute for solar panels, wind turbines and nuclear power stations. The only way of ensuring that does not happen is to price fossil fuels to cover the cost of the environmental damage they do. Power generated from coal would carry a high carbon-price-tag; power generated from gas a smaller one; power generated from renewables none at all.Devia ser taxada a emissão de verdadeiros poluentes e não o carbono. Desta forma a proporção entre centrais a carvão e gás não seria de 2:1 mas de 6:1. Naturalmente as centrais nucleares também não pagariam, tal como as renováveis taxas de emissão de poluentes. A diferença é que a potencia nuclear instalada produz pelo menos três vezes mais do que as renováveis, e de forma previsível.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Incentivos à eólica nos EUA em risco
Não é só Espanha que pretende reduzir substancialmente o apoio financeiro dado à produção eólica para desespero da Asociación Empresarial Eólica (AEE). Também a homóloga americana American Wind Energy Association (AWEA) move esforços para que o tapete não lhe seja tirado. A subvenção à produção renovável nos EUA recebe o nome production tax credit (PTC) e para a eólica atribui actualmente 2,2c/kWh. O prazo expira no final de 2012 e existe uma possibilidade de Washington não estender a benesse para lá dessa data.
Uma grande diferença entre Espanha e os EUA é que se aqui ao lado só agora, com o novo governo se vai começar a estudar o regresso ao nuclear a construção de novas centrais nos EUA já está em marcha.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Japão prepara-se para poluir mais na era pós-Fukushima
Já tenho escrito neste blog que a Alemanha vai ter dificuldades em cumprir os seus compromissos ambientais sem as suas centrais nucleares. E também já tenho escrito que se desenganem aqueles que pensam que o encerramento de capacidade nuclear pode ser totalmente compensada com fontes renováveis. O desaparecimento de contributo nuclear será fundamentalmente compensado com reforço termoeléctrico. Na Alemanha, na Suíça ou no Japão.
Aliás, o Japão é um bom exemplo de que acabar com energia nuclear obriga a atirar para trás das costas preocupações ambientais. Mas aparentemente não vai chegar violar parques nacionais ou atenuar limites ambientais no país. O Japão quer entrar, a partir de 2013, no viciante comércio internacional de direitos de carbono, que é o mesmo que dizer, os países ricos pagam aos mais pobres para poluir aquilo que estes não poluem. O plano pode sair gorado caso esta farsa dos direitos de carbono comece a morrer em Durban como é de prever.
Idealmente as centrais termoeléctricas nipónicas que vão suceder às nucleares terão o menor impacte ambiental possível e para isso os japoneses vão pesquisar formas de inovar na tecnologia das centrais a carvão.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Mais renováveis, mais linhas de alta tensão
Não é só na Alemanha que a intensificação de eólica e solar obriga ao reforço da rede eléctrica. Também nos EUA, em particular o estado do Texas, onde a aposta eólica é particularmente forte, o sonho renovável esbarra na realidade de ter de investir somas avultadas em linhas de alta tensão para levar a electricidade dos locais em que é produzida aos pólos onde é consumida. Estes três gráficos são particularmente elucidativos. Como seria de esperar a maior parte da rede eléctrica norte-americana situa-se nos estados da costa oeste e leste onde reside grande parte da população (ver primeiro mapa).
No entanto, o maior potencial eólico onshore está situado precisamente no centro do país onde escasseia consumo e linhas eléctricas para transportar a electricidade produzida. Como se pode ver no mapa abaixo, a exploração da energia do vento implica a construção de linhas de alta tensão um pouco por todo o centro dos EUA.
Relativamente ao potencial solar do país a situação não é muito diferente. As melhores localizações estão situadas a sul em estados que fazem fronteira com o México. Apesar de neste mapa estar desenhada uma proposta de rede eléctrica pra distribuir esta energia apenas pelo oeste do país será necessário investir na rede se se quiser tirar todo o seu potencial.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Rede eléctrica alemã no limite
Quando há uns tempos escrevi aqui que a Alemanha é potencialmente o melhor cliente europeu para novos postes de electricidade de design mais atractivo estava a pensar em notícias como esta da agência Bloomberg que diz que a rede eléctrica está no limiar da sua capacidade.
Contrariamente ao que os defensores das renováveis defendem, a troca de produção nuclear por renovável, que a Alemanha tem vontade de fazer, vai exigir um reforço profundo da rede eléctrica. É fácil de perceber porquê. A Alemanha pretende encerrar centrais nucleares localizadas nos arredores das suas cidades mais industrializadas e compensar com parques eólicos no Mar do Norte e parques solares na Grécia e no norte de África.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Sobre a geração eléctrica açoriana
Central geotérmica da Ribeira - São Miguel |
Os Açores têm o mesmo problema, à escala, da Austrália e do Japão (dois casos que já comentei no blog). Como se tratam de ilhas não têm possibilidade de equilibrar a intermitência das renováveis solar e eólica com importação/exportação. A integração destas renováveis está por isso mais limitada. Por outro lado têm a sorte de ter potencial geotérmico. Depois da geotérmica e da hídrica (sinceramente não sei até que ponto o potencial de ambas está explorado), biomassa e solar são melhores do que a eólica pois a sua produção está mais ajustada ao consumo. Marés ainda é uma incógnita.
Mas a grande questão é o facto de 70% da electricidade da região vir de queima de derivados de crude o que devia diminuir a bem do ambiente e do custo futuro. Tal como em todo o mundo a energia de base devia originar primordialmente em centrais nucleares. Por exemplo, uma hipótese seria equacionar, nas ilhas de maior consumo, mini-centrais nucleares flutuantes como a que mencionei aqui. E terá de haver sempre disponibilidade térmica para assegurar pontas de consumo.
Em resumo, a diversificação de fontes de electricidade na Região Autónoma dos Açores é possível e desejável. Dada a latitude dos Açores a solar tem potencial. Dada a exiguidade de espaço nas ilhas, impacte visual e custo a aposta tem de ser bem ponderada e comedida. Como forma de proteger o preço da electricidade da flutuação dos preços do crude e diminuir a poluição provocada pela geração eléctrica, a prioridade devia ser dada a instalar capacidade nuclear para assegurar a base do diagrama de produção/consumo.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Dinamarca com 100% de energia renovável em 2050?
Há uns tempos a dinamarquesa Katherine Richardson veio a Portugal dizer que não sabia como mas que era imperioso que o paradigma energético mundial se afastasse dos combustíveis fósseis.
Na passada sexta-feira foi a vez de o ministro dinamarquês do Clima, Martin Lidegaard, afirmar que a Dinamarca, que tem um dos sectores eléctricos mais poluidores do mundo, vai depender integralmente de fontes renováveis para a produção de electricidade e aquecimento comunitário em 2035. E em 2050 toda a energia consumida na Dinamarca virá de fonte renovável.
À semelhança de Richarson o ministro não tem a menor ideia de como irá ser feito, apenas descansou os conterrâneos ao assegurar na página oficial do ministério que:
Creating green economic growth will secure Denmark’s future. Viewed in narrow terms, we can expect to pay more for energy, but this has to be seen as a form of insurance. These are costly investments, but compared with the cost of what we’re insuring ourselves against, the amount is minimal. It’s a good investment if energy prices increase more than we forecast – and there is a significant risk of that happening.Na conferência de imprensa em que apresentou o plano Lidegaard deixou resvalar, ainda que prudentemente, que o plano poderá ter consequências nefastas no emprego:
[The plan] should not have an affect on the number of people employed by Danish businesses (...) I can guarantee that we have put a lot of effort into the plan so I’m quite sure that won’t be the case. But it requires co-operation from the businesses.Como escrevi aqui a Dinamarca não consegue consumir nem 25% de energia renovável quanto mais 100%. Para atingir esse objectivo os dinamarqueses vão precisar de tecnologia que ainda nem existe.
Apesar de possuirem eficientes centrais termoeléctricas de co-geração o excesso de eólica torna a energia eléctrica dinamarquesa a mais cara do mundo. Sem essas centrais é preciso imaginação para prever onde o preço da electricidade dinamarquesa irá parar.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Os empregos verdes...
... não estão aqui como sonhou a Administração Obama mas no petróleo e no gás como mostra o Wall Street Journal neste artigo e do qual retiro alguns parágrafos mais interessantes:
So President Obama was right all along. Domestic energy production really is a path to prosperity and new job creation. His mistake was predicting that those new jobs would be "green," when the real employment boom is taking place in oil and gas.
While Washington has tried to force-feed renewable energy with tens of billions in special subsidies, oil and gas production has boomed thanks to private investment. And while renewable technology breakthroughs never seem to arrive, horizontal drilling and hydraulic fracturing have revolutionized oil and gas extraction—with no Energy Department loan guarantees needed.
The oil and gas rush has led to a jobs boom. North Dakota has the nation's lowest jobless rate, at 3.5%, and the state now has some 200 rigs pumping 440,000 barrels of oil a day, four times the amount in 2006. The state reports more than 16,000 current job openings, and places like Williston have become meccas for workers seeking jobs that often pay more than $100,000 a year.
Shale gas - North Dakota
Se alguém tem dúvidas que os EUA não vão ratificar prolongamento do Protocolo de Kyoto em Durban deve perde-las depois de ler este artigo.
Projecto Windfloat é português?
Windfloat - eólica offshore flutuante |
O projecto Windfloat é propriedade intelectual de uma empresa americana, Principle Power, e o protótipo que ficará instalado ao largo da Póvoa do Varzim usa uma turbina Vestas dinamarquesa. A integração portuguesa no projecto vem da metalomecânica A. Silva Matos que, acredito, se dedicou a fabricar os flutuadores. Só que os flutuadores desta estrutura de dezenas de toneladas dificilmente poderão ser considerados inovadores.
Pelo menos quando comparado com com outros projectos de estruturas a flutuar em alto mar caso da Perdido instalada no Golfo do México. A Perdido é a plataforma petrolífera que explora a mais elevada profundidade (2,430m de profundidade de mar) e que pesa, não dezenas de toneladas, mas dezenas de milhares de toneladas.
Perdido - Plataforma petrolífera flutuante de alto mar |
Esperemos é que a desenvolver-se seja acima de tudo para exportação, não só para equilibrar a balança comercial portuguesa, mas para não encarecer ainda mais o custo da electricidade do país.
Claro que essa não é a versão oficial que, naturalmente, espera um contributo notável da eólica offshore para a economia portuguesa.
Outra ideia que está a arrancar neste momento, pelo menos na Rússia, é a construção de centrais nucleares flutuantes de baixa potência como é o caso da Akademik Lomonosov que tem a capacidade para gerar 70MW de electricidade ou 300MW de aquecimento.
A Rosatom, a empresa estatal russa para o sector nuclear, antevê procura futura para este tipo de estrutura, seja para indústrias ou pequenas localidades situadas em zonas costeiras remotas, seja para países sub-desenvolvidos com necessidades limitadas de energia eléctrica.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Custos ambientais das centrais termoeléctricas calculados
Indústrias que fazem 50% da poluição (com CO2) - EEA |
Revela o jornal Público que o relatório da European Environment Agency (EEA) intitulado "Revealing the costs of air pollution from industrial facilities in Europe" (aqui) afirma que os custos ambientais decorrentes das actividades industriais na Europa cifraram-se, em 2009, entre os 102 e 169 mil milhões de euros.
Em Portugal, os custos variaram entre os 1432 e os 1986 milhões de euros, se estiverem incluídas as emissões de dióxido de carbono (CO2), ou entre 332 e 886 milhões de euros se ficarem de fora essas emissões.
Sectores mais poluidores (sem CO2) - EEA |
Voltando a excluir o CO2, segundo o relatório, o Top20 das unidades industriais mais poluidoras da Europa é preenchido por centrais termoeléctricas como se pode ver no quadro abaixo.
Da lista completa de 622 indústrias, 12 estão em Portugal. As indústrias que mais custos causaram foram a Central Termoeléctrica de Sines (entre os 296 e os 357 milhões de euros), a Central Termoeléctrica do Pego (entre 102 e 114 milhões de euros), a Refinaria de Sines (entre os 96 e os 175 milhões de euros) e a Central Termoeléctrica do Carregado (entre 73 e 76 milhões de euros). Como se pode ver no mapa, a Central de Sines está no quadro das indústrias que contribuem para 50% da poluição industrial europeia.
Tentando ser o mais justo possível com estes dados vou admitir que dos €332M de custos ambientais em Portugal sem CO2, €250M são responsabilidade das termoeléctricas ordinárias.
Diagrama produção eléctrica por fonte (REN) |
Um reactor nuclear de 1.650MW de potência com uma produtividade de 0,85 produziria cerca de metade deste valor (12.286 GWh) o que significa que permitiria uma poupança de €150M/ano em custos ambientais directos (talvez mais porque acabava produção com carvão) já que tem um impacte ambiental praticamente nulo. Como custaria entre 5 e 7 mil milhões de euros estaria pago ao fim de 30/45 anos só em poupanças ambientais directas (contra um tempo de vida de 60 anos). Podia-se acrescentar os custos indirectos da obtenção e transporte dos combustíveis fósseis.
Produção eléctrica por fonte (REN) |
A troca de produção a carvão por produção a gás diminuiria a factura ambiental mais de metade do seu valor. Mas as únicas formas de reduzir efectivamente a poluição no sector eléctrico é substituir produção térmica por nuclear ou hídrica. A produção hídrica tem os limites impostos pela natureza para além de outros impactes ambientais que importa contabilizar.
A União Europeia acha que existem mais duas vias, a aplicação de Carbon, Capture and Storage (CCS) às centrais térmicas e a eficiência energética. A primeira é uma delírio sem razoabilidade técnica nem interesse prático como reforçarei no próximo post deste blog. A segunda tem limites que se ultrapassados deixa de ser eficiência energética e passa a ser não produção.
Tenho defendido que seja cobrado às centrais termoeléctricas europeias taxas que traduzam os seus reais custos para o ambiente e saúde. Desta maneira poder-se-á evidenciar o mérito da produção nuclear e sonhar em viabilizar economicamente a produção eólica e solar não subsidiada.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
NS Lenin - quebra-gelo nuclear
NS Lenin - actualmente um museu |
Há poucos dias vi o episódio da série Big, Bigger, Biggest da National Geographic Television sobre os navios quebra-gelo. Aconselho esta excelente série e como cada episódio se repete várias vezes é provável que volte a dar. Um dos navios citados foi o quebra-gelo NS Lenin lançado ao mar em Setembro de 1959 e que é actualmente um museu. A antiga URSS sempre teve uma tradição de construção de quebra-gelos que servem para manter as rotas marítimas junto ao Ártico navegáveis todo o ano. Como por aquelas paragens não abundam postos de combustível foi tomada a decisão, em 1953, de equipar os quebra-gelo com propulsão nuclear de forma a dar a estes navios autonomias superiores a um mês. O primeiro destes quebra-gelo nucleares foi o NS Lenin.
O NS Lenin foi simultaneamente o primeiro navio e a primeira embarcação civil movida a energia nuclear. Possuia três reactores nucleares que lhe permitiam permanecer 1 ano no mar sem reabastecimento. Mais detalhes sobre a sua história encontra-se aqui, nomeadamente dois eventuais acidentes nucleares os quais, naturalmente, a URSS ocultou durante a Guerra Fria.
A Rússia mantém 6 quebra-gelos operacionais e existe vontade de construir outros três. A Rússia é o único país do mundo que tem navios quebra-gelo atómicos.
Ministro do Ambiente da Áustria não quer shale gas
Reservas de shale gas na Europa |
Contudo, numa altura de perda de competitivdade da Europa face ao resto do mundo parece-me pouco estratégico países europeus recusarem a exploração de recursos naturais que são a base do enriquecimento de potências emergentes como a Rússia e o Brasil.
Mais, a unidade europeia também deveria passar pela vontade de se assegurar, no conjunto da UE, a mais elevada segurança energética que for possível.
Embora não haja na Europa a experiência que os EUA já acumulam, a exploração de shale gas pode manter-se dentro de níveis aceitáveis de risco.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Mobi.e sem freguesia
Em breve coberto de graffitis |
Temos de perguntar o que vai acontecer aos postos Mobi.e que têm sido plantados um pouco por todas as cidades, muitos deles em zonas privilegiadas e com escassez de estacionamento. Como é de se prever as máquinas vão ser deixadas ao abandono sujeitas ao vandalismo e à abrasão do tempo (na verdade hoje em dia uma boa percentagem de posts já não funciona). Os lugares vão passar a ser ocupados por carros convencionais, os únicos que precisam deles.
Mais do que os poucos milhões de euros que o Mobi.e já custou o mais gritante neste exemplo é a forma como cenários irreais norteiam muitas políticas nacionais.
Mais do que os poucos milhões de euros que o Mobi.e já custou o mais gritante neste exemplo é a forma como cenários irreais norteiam muitas políticas nacionais.
Beco sem saída italiano
Porto Tolle odiada pelo Greenpeace |
De acordo com a Unione Petrolifera (UP) italiana a factura com importação de combustíveis fósseis do país deverá aumentar cerca de €9 mil milhões passando dos €53,9 mil milhões em 2010 para os €63 mil milhões no final deste ano. Itália tem uma forte dependência de combustíveis fósseis, seja nos transportes seja no sector eléctrico. Parcialmente responsável por isso é a moratória que baniu a energia nuclear do país no final dos anos 80 do século anterior e que os italianos decidiram prolongar em Junho via referendo.
Como forma de combater essa dependência Itália assinou recentemente um acordo com a Sérvia no sentido de investir €2 mil milhões na construção de barragens neste país. Itália já importa cerca de 16% da sua energia eléctrica de França.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Compensação alargada às hidroeléctricas espanholas
Antes de fechar a porta pela última vez o ex-ministro espanhol da Indústria, Miguel Sebastián, decidiu dar ouvidos ao pedido da Iberdrola de incluir as barragens no esquema de compensação de lucro cessante de fontes previsíveis para permitir a integração de fontes intermitentes. Por cá as térmicas estão abrangidas pelos CMECs que têm a mesma lógica de compensação.
Além do alargamento às hodroelétricas a compensação foi nivelada nos €5.750/MW para todas as fontes face aos actuais €3.150 euros/MW para o gás e €20.750 euros/MW para o carvão, o que levantou protestos mas que, confesso, não conseguir opinar sobre a justiça.
Já sobre a possibilidade de incluir as centrais nucleares no esquema, como abrodado no jornal, não me parece razoável dado que elas, ao contrário das supracitadas, não têm capacidade de variar a potência para compensar entrada de renováveis. Assim, não me parece lógico beneficiarem de uma remuneração para um papel que não estão habilitadas a desempenhar.
Esta compensação é um custo gerado pelo excesso de capacidade renovável intermitente instalada em Espanha.
Além do alargamento às hodroelétricas a compensação foi nivelada nos €5.750/MW para todas as fontes face aos actuais €3.150 euros/MW para o gás e €20.750 euros/MW para o carvão, o que levantou protestos mas que, confesso, não conseguir opinar sobre a justiça.
Já sobre a possibilidade de incluir as centrais nucleares no esquema, como abrodado no jornal, não me parece razoável dado que elas, ao contrário das supracitadas, não têm capacidade de variar a potência para compensar entrada de renováveis. Assim, não me parece lógico beneficiarem de uma remuneração para um papel que não estão habilitadas a desempenhar.
Esta compensação é um custo gerado pelo excesso de capacidade renovável intermitente instalada em Espanha.
Depois da Argentina o Brasil
Central de Angra com dois reactores mais um em construção |
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Espanha mais perto de relançamento nuclear
Mariano Rajoy |
O abaixamento do preço grossista da electricidade sempre que há excesso de produção renovável não é um benefícios destas fontes mas uma desvantagem. Este argumento presente no estudo APREN/Roland Berger é tolo quando aplicado à produção renovável portuguesa mas não tanto se essa produção tiver lugar do outro lado da fronteira. Como o dia 6 de Novembro tão bem ilustra, o excesso de produção renovável espanhol é um prejuízo para os consumidores locais mas uma prenda para os consumidores portugueses. E claro, o inverso é verdade.
O preço da electricidade em Portugal já é o mais elevado da Europa para consumidores domésticos pesando o poder de compra como calculei aqui e o secretário de estado da Energia reconheceu recentemente. Se este preço é de alguma forma financiado pelo excesso de produção renovável espanhola é seguro que se a potência renovável instalada em Espanha for suprimida os consumidores portugueses irão sofrer as consequências.
Como venho defendendo neste blog há algum tempo não tenho dúvidas que Espanha irá trocar potência renovável por nuclear. Com um défice tarifário que ultrapassa os €20.000M parece-me uma dedução inevitável. Espanha precisa urgentemente de energia eléctrica barata e o nuclear será imbatível para o fazer sem o impacto ambiental das termoeléctricas.
A verdade é que em Espanha se têm dado passos extraordinários para que o país volte a apostar no nuclear. O anterior governo socialista em final de funções propôs novas tarifas para a eólica que, se aprovadas, serão a sua morte. Os lideres das eléctricas espanholas querem travar uma terceira vaga renovável agora sob a forma de termosolar concentrada. O maior avanço foi dado ontem com a maioria absoluta conquistada pelo Partido Popular (PP) nas eleições legislativas e a eleição de Mariano Rajoy como no Primeiro-Ministro de Espanha.
Embora durante a campanha Rajoy nunca se tenha comprometido com grandes objectivos, fosse para o sector eléctrico ou outro, é sabido que defensor de um mix energético que inclua centrais nucleares no parque electroprodutor. O programa do PP inclui para o sector eléctrico três medidas que dizem respeito ao nuclear (pág.33):
- Reverter a decisão de fechar a central nuclear de Santa Maria de Garona em 2013.
- Acordar a extensão até aos 60 anos no funcionamento das centrais nucleares espanholas em troca de uma taxa nuclear. Esta foi a proposta que Merkel fez aos operadores das centrais alemãs em 2010.
- Começar a estudar localizações para novas centrais.
A primeira medida deverá avançar imediatamente e acredito que o acordo para a segunda acontecerá brevemente. A grande dúvida será até que profundidade será levada a terceira. Mesmo que o número de centrais em Espanha não aumente se os novos reactores instalados forem de 1.600MW de potência a capacidade nuclear espanhola aumentará. Mas, como calculei aqui, Espanha poderá ir até 16 reactores de 1.600MW para gerarem cerca de 70% do consumo doméstico. Actualmente Espanha tem 8 reactores com um total de 7.448MW de potência que geram 18% do seu consumo.
Num cenário assim o diagrama de custos do MIBEL alterar-se-á para prejuízo de Portugal. O mais sensato seria o governo português começar a encetar conversações com o homólogo espanhol para que a aposta nuclear ibérica seja feita de forma concertada e integrada. Portugal só terá a ganhar com isso. Deixar-se ficar para trás será prolongar uma decisão mais ou menos inevitável. Arrastar demasiado esta decisão pode obrigar a construir mais centrais de ciclo combinado que inviabilizem o nuclear em Portugal até 2040.
domingo, 20 de novembro de 2011
A paridade do fotovoltaico é expectável esta década?
Independentemente de, com a tecnologia disponível actualmente, a energia solar não ser capaz de ser economicamente competitiva devido à necessidade de ter backup térmico a armazenagem tenho algumas dúvidas que o possa vir a ser numa comparação directa kWh-kWh produzido como defendeu recentemente Paul Krugman.
A descida do custo de produção de paneis fotovoltaicos no último ano terá sido mais conduzida pela migração de muita produção para a China e pelo esmagamento da margens dos fabricantes. A diminuição do custo de produção unitário com o aumento da produção também tenderá para zero com a maturidade da tecnologia.
O último artigo de opinião no Energy Tribune aborda precisamente este tema e dá uma visão que me parece realista e precisa de ter de ser tida em conta. Será interessante perceber se em 2020 a produção eléctrica a partir de fonte solar consegue sobreviver com os cada vez mais diminuídos subsídios que se antevê a que se soma:
(...)even if PV manufacturing costs continue to fall quickly for the next few years, it's less clear that the PV prices paid by project developers, businesses and consumers will follow suit, particularly if the current low margins lead to a global shakeout or consolidation among producers.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Alemanha quer limitar instalação de potência solar
De acordo com a Bloomberg o governo alemão na pessoa do ministro da Economia Philipp Roesler pretende que, na próxima revisão do Erneuerbare-Energien-Gesetz (EEG), agendada para Julho de 2012, a potência solar instalada anualmente seja limitada a 1 GW. Só em 2010 a Alemanha incrementou essa potência em 7,4GW.
Um representante do partido "verde" alemão considera que esta restrição "would push the solar industry out of Germany”. A falência da indústria solar alemã está em marcha não só devido ao abrandamento da procura interna mas em grande parte pela concorrência chinesa.
Já este ano o governo alemão tinha feito uma adenda ao EEG no sentido de limitar a instalação anual a 3,5GW e reduzir no ano seguinte a subvenção solar caso esse valor fosse superado. Como nos primeiros 9 meses deste ano mais 5,2GW de painéis solares foram instalados em Janeiro de 2012 os incentivos terão um corte de 15%.
Este corte progressivo do incentivo ao solar no país do mundo que tem mais potência instalada visa controlar os elevados custos da sua produção. Contudo, e como abordarei brevemente noutro post, a Alemanha planeia construir parques solares na Grécia.
A recente adenda não trouxe apenas cortes, as tarifas FIT para a biomassa subiram 30%, geotérmica 50% e eólica offshore 15%.
Um representante do partido "verde" alemão considera que esta restrição "would push the solar industry out of Germany”. A falência da indústria solar alemã está em marcha não só devido ao abrandamento da procura interna mas em grande parte pela concorrência chinesa.
Já este ano o governo alemão tinha feito uma adenda ao EEG no sentido de limitar a instalação anual a 3,5GW e reduzir no ano seguinte a subvenção solar caso esse valor fosse superado. Como nos primeiros 9 meses deste ano mais 5,2GW de painéis solares foram instalados em Janeiro de 2012 os incentivos terão um corte de 15%.
Este corte progressivo do incentivo ao solar no país do mundo que tem mais potência instalada visa controlar os elevados custos da sua produção. Contudo, e como abordarei brevemente noutro post, a Alemanha planeia construir parques solares na Grécia.
A recente adenda não trouxe apenas cortes, as tarifas FIT para a biomassa subiram 30%, geotérmica 50% e eólica offshore 15%.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
RenewableUK tem humor britânico
O comentário de um leitor neste post sobre o shale gas britânico levou-me a pesquisar sobre um relatório elaborado pela consultora KPMG. O relatório intitulado "Thinking about the Affordable" compara dois cenários de mix energético do Reino Unido em 2020, um com forte presença de fontes renováveis e outro com mais peso de nuclear e gás natural. Infelizmente não encontro o relatório pelo que não posso comentar sobre ele. Consegui arranjar um resumo com dois gráficos que ilustram, na visão da KMPG, a grande diferença entre os dois cenários. Na hipótese renovável o gasto em infraestruturas supera em £34B (biliões anglo-saxónicos) a via térmica/nuclear. No primeiro caso é de £108B e no segundo de £74B. O relatório tira três importantes conclusões:
Os argumentos da RenewableUK atingem níveis humorísticos como neste por exemplo:
E fica ainda melhor:
Será que a RenewableUK não entende que o factor de capacidade é uma forma expedita de comparar a produtividade entre fontes de electricidade? Será que a RenewableUK não percebe que dizer que a eólica produz durante 1/3 do tempo não é dizer literalmente que as turbinas trabalham ininterruptamente de Janeiro a final de Abril e depois param o resto do ano?
O irrealismo prossegue:
Fico em pânico a pensar que são organizações com esta capacidade de pensamento e argumentação que influenciam o futuro do sector eléctrico europeu! Ou será que é deliberado? Coloca-se a ética e a honestidade na gaveta para continuar a viver à custa de subsídios?
- Economic modelling of different electricity generation scenarios, to calculate the cheapest way of meeting the UK’s 2020 emission reduction targets, has shown that achieving self-imposed renewable energy targets as well as EU carbon reduction targets could cost an additional £34 billion of upfront investment;
- Planning constraints and ‘not in my back yard’ public opinion of onshore wind is costing the UK more than £10 billion. Subject to any planning reform, this means more expensive offshore wind developments are needed;
- A heavy weighting of renewable energy in the low carbon generation mix costs an additional £55 more per tonne of CO2 saved than the cheapest scenario.
Não encontrei o relatório da KPMG mas encontrei a resposta da associação inglesa de energia eólica, ondas e marés, RenewableUK. O comentário enferma das habituais lacunas da narrativa pró-renovável.
A RenewableUK prevê que sem renováveis "electricity bills will be pushed up by 52% because of the volatility of fossil fuel prices". Os preços do gás natural, à conta do shale, têm descido em certos mercados, caso do americano. Mesmo a nível global não é provável que o preço do gás natural suba muito nas próximas décadas. Se em solo inglês existirem reservas de gás de xisto como a Cuadrilla admitiu o sector eléctrico britânico dependerá muito menos da importação do que até agora.
A RenewableUK prevê que sem renováveis "electricity bills will be pushed up by 52% because of the volatility of fossil fuel prices". Os preços do gás natural, à conta do shale, têm descido em certos mercados, caso do americano. Mesmo a nível global não é provável que o preço do gás natural suba muito nas próximas décadas. Se em solo inglês existirem reservas de gás de xisto como a Cuadrilla admitiu o sector eléctrico britânico dependerá muito menos da importação do que até agora.
O estudo da KPMG refere que com renováveis é preciso investir mais £34B o que só pode surpreender mesmo quem vive iludido com estas fontes. Como tenho repetido inúmeras vezes só renováveis + gás natural (para backup) + barragens ou baterias (para armazenar) pode ser comparado a nuclear + gás natural. Não é difícil perceber que numa solução com elevado peso de renováveis seja preciso investir mais em parque electroprodutor, para além da rede, mesmo que parte dele vá ficar parado boa parte do tempo.
Os argumentos da RenewableUK atingem níveis humorísticos como neste por exemplo:
Na Alemanha, Dinamarca, Espanha (ou Portugal) a energia eólica não é a "primeira escolha" para responder à procura. Nestes países com excesso de eólica a rede está legalmente obrigada a escoar preferencialmente energia renovável. Se não houvesse esta prioridade imposta nenhum destes países a ia adquirir de livre vontade.In Germany, Denmark and Spain, three European countries with a high level of wind power deployment, the low operational cost of wind means that it is the first choice of power source used to meet demand, displacing more expensive options, and thereby actually reducing rather than increasing electricity prices.
E fica ainda melhor:
The report states that wind farms only generate electricity for about one-third of the time. This is factually incorrect. Wind turbines in fact generate electricity for 80-85% of the time. They generate the maximum possible amount at full speed for about one-third of the time. KPMG appear to have confused these two concepts, leading to a basic error which does not inspire confidence in the rest of their research.Claro, as turbinas funcionam entre 80-85% do tempo e não os 33% ditos pela KPMG (a média mundial andará pelos 25% mas adiante). É perfeitamente irrelevante que durante períodos destes 80% do tempo os aerogeradores sirvam para pouco mais do que manter acesa a iluminação pública, para a RenewableUK as turbinas trabalham tantas horas quanto um reactor nuclear!
Será que a RenewableUK não entende que o factor de capacidade é uma forma expedita de comparar a produtividade entre fontes de electricidade? Será que a RenewableUK não percebe que dizer que a eólica produz durante 1/3 do tempo não é dizer literalmente que as turbinas trabalham ininterruptamente de Janeiro a final de Abril e depois param o resto do ano?
O irrealismo prossegue:
"Those countries who previously embraced wind energy have reaped the rewards in terms of job creation. In Germany 80,000 people are employed in the wind energy sector, in contrast in the UK which missed its opportunities with onshore wind in the 1990s. Our wind industry currently employs just 10,600. RenewableUK's report "Working for a Green Britain" shows how this will could be increased to almost 90,000 people by 2020, but only if the Government recommits to offshore wind and meeting the 2020 renewable energy targets"Por "recommits" deve entender-se "subvencionar". Com apoios estatais e prioridade no acesso à rede a violar o mais básico princípio da concorrência todos os empregos se podem criar, mesmo o de vendedor de areia no deserto.
Fico em pânico a pensar que são organizações com esta capacidade de pensamento e argumentação que influenciam o futuro do sector eléctrico europeu! Ou será que é deliberado? Coloca-se a ética e a honestidade na gaveta para continuar a viver à custa de subsídios?
Reino Unido rico em shale gas?
Uma pequena companhia da área da energia, Cuadrilla Resources, diz ter descoberto no centro da Grã-Bretanha um depósito de shale gas que dá às Ilhas Britânicas reservas deste combustível fóssil equivalentes às da Venezuela. A ser verdade isso coloca o Reino Unido no top ten mundial dos países com maiores reservas de gás natural.
O problema é que para o explorar a Cuadrilla precisará de efectuar centenas de furos na região o que está a assustar as populações locais que temem a contaminação dos solos e lençóis de água como já aconteceu nos EUA. A Cuadrilla terá de aplicar a técnica de hydraulic fracturing ou fracking que tem sido motivo de enorme controvérsia nos EUA, como recentemente entre Paul Krugman e Robert Bryce. Fica aqui um video da Cuadrilla a explicar o método:
A empresa diz que os locais nada têm a temer, no entanto a mesma admitiu que a sua actividade poderá ter sido responsável por dois pequenos sismos na região, um de intensidade 2,3 e outro 1,5 (escala de Richter). Este artigo da revista Scientific American confirma que a injecção no subsolo de água e aditivos sob elevada pressão poderá provocar sismos de intensiade 1 ou 2 como os que se verificaram na zona de exploração da Cuadrilla. Mas recusa que possa provocar abalos de maiores proporções.
Como escrevi no post do Krugman não tenho ainda plena opinião formada sobre os riscos reais do hydraulic fracturing mas no video abaixo a opinião de Ronald Bailey é semelhante à da resposta de Robert Bryce a Paul Krugman. O fracking é uma técnica já usada nos EUA há mais de 60 anos. O fracking per si não tem nenhuma falha grave. Tem os riscos associados à perfuração, seja para explorar shale ou não. Os casos de contaminação de água registados nos EUA resultaram de erros na perfuração e não do fracking.
Regressando à Europa será interessante perceber até que ponto esta descoberta irá abalar o actual programa do Department of Energy and Climate Change (DECC) britânico que visa descarbonizar a produção eléctrica do Reino Unido apostando fortemente em fontes renováveis e nuclear.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Paul Krugman blinded by the sun
In his last column in the New York Times Paul Krugman writes about power generation and either shows his lack of knowledge or a complete biased opinion on the subject. He starts by criticizing hydraulic fracturing technology that allows the exploration of shale gas and in which the americans are probably world leaders. Robert Bryce, a renowned journalist and author about the energy business debunks Krugman's arguments and refers the wealth and jobs created through the exploration of shale gas plus the drop in gas prices. In my opinion even more importantly than the beneficts to the price stability, shale gas reorganizes the world gas reserves and that brings energy security to several countries, namely the USA and european coutries. And that is something Krugman can't ignore. The Energy Information Administration (EIA) expects that in 2035 46% of natural gas consumed in the USA will come from shale. Russian Federation and Iran alone own the best part of the conventional natural gas reserves and none can be considered the most friendly country.
Krugman thinks that hydraulic fracturing should internalize all costs associated and his right. Not only that but production of electricity with fossil fuels should pay for all the damages that it makes. If that happens nuclear power will be the cheapest way of power generation.
In the second part of the article Krugman presents solar power as the ultimate solution for power generation and explains that solar power costs follow Moore's Law. He refers this article in Scientific American magazine that says that solar power will achieve price parity with current electricity price in 2020c or early. In 2030 it will be half that price. The numbers seem very optimistic to me but they are irrelevant to Krugman's column. One cannot compare 1 kWh of solar power with 1 kWh produced in a gas powered power plant. It is like compare apples and oranges. Only solar + gas (as backup) + pumped-storage dam or batteries (for storage).
Let's imagine the (impossible) scenario of having solar power capacitiy to produce momentarily (not permanently due to intermittency) all USA power consumption. Even then USA would require exactly the same amount of gas powered power stations than in scenario of 100% gas covering the demand. Even if all this power plants could only, as a whole, be needed for one hour in a year they would have to be ready. In the solar scenario the biggest portion of income of the gas power plants would come from stand-by contracts instead of selling energy to the grid.
Let's imagine the (impossible) scenario of having solar power capacitiy to produce momentarily (not permanently due to intermittency) all USA power consumption. Even then USA would require exactly the same amount of gas powered power stations than in scenario of 100% gas covering the demand. Even if all this power plants could only, as a whole, be needed for one hour in a year they would have to be ready. In the solar scenario the biggest portion of income of the gas power plants would come from stand-by contracts instead of selling energy to the grid.
One doesn't need to be a Nobel prized economist to understand that solar power can only achieve price parity with natural gas when solar power can cost nothing and hydraulic pump-storage goes for free. When will it happen? Never!
If Krugman argues that fracturing should pay for its shortcomings he must also demand that solar (and wind for that matter) internalize the costs of backup and storage. That is exactly what is happening in Virginia.
If Krugman argues that fracturing should pay for its shortcomings he must also demand that solar (and wind for that matter) internalize the costs of backup and storage. That is exactly what is happening in Virginia.
Paul Krugman julga ter sido iluminado pelo sol
No Espectador Interessado li esta pequena polémica entre o Nobel da Economia Paul Krugman e o reconhecido jornalista na área da energia Robert Bryce.
Paul Krugman |
Na sua última coluna de opinião no New York Times Krugman escreve sobre energia eléctrica e mostra o muito pouco que sabe sobre o assunto ou a forma tendenciosa como analisa a questão. Começa por deitar abaixo o hydraulic fracturing ou fracking que permite explorar o shale gas e onde os americanos estão na vanguarda mundial. Confesso não ter uma opinião formada sobre os riscos da técnica e preciso de estudar mais sobre o assunto. O bom senso diz-me que é perigoso mas o bom senso também me diria que as fontes renováveis de energia são baratas. Robert Bryce que é um conhecedor da matéria desmonta os argumentos de Krugman e menciona a riqueza, emprego e estabilidade de preço do gás natural que a exploração de shale nos EUA tem permitido. Este artigo no Energy Tribune menciona o caso inglês mas chega à mesa conclusão que Bryce, os riscos de exploração do shale gas são largamente compensados pelos empregos que gera e pela manutenção do preço baixo do gás natural. Na minha opinião ainda mais importante do que o preço é a segurança energética que o shale traz aos EUA e Europa, um facto primordial que Krugman não pode ignorar.
Krugman acrescenta que sobre a actividade do fracking deviam ser imputados todos os custos associados, opinião com a qual concordo inteiramente e que estendo ao funcionamento das centrais a gás.
Depois apresenta-nos a energia solar como o futuro do fornecimento de energia eléctrica alegando que o seu custo segue a Lei de Moore. E cita este artigo da Scientific American que prevê que o custo da energia solar consiga paridade com o preço actual do mercado americano em 2020, baixando para metade em 2030. Os números parecem-me extremamente optimistas mas são irrelevantes para o artigo de Krugman. Não se pode comparar o "valor" de 1 MWh solar com 1 MWh vindo da queima de gás. Enquanto Krugman e os pró-renováveis insistirem nesta narrativa estéril é impossível debater soluções energéticas.
Só energia solar + gás natural (para backup) + hidro ou baterias (para armazenagem) pode ser comparado a gás natural. Imaginemos um cenário (irreal na prática) de os EUA terem instalada potência solar capaz de cobrir instantaneamente, mas não permanentemente dada a intermitência da fonte, o consumo do país. Neste cenário o número de centrais a gás teria de ser o mesmo que num cenário 100% gás. A diferença é que no cenário solar + gás + armazenagem as centrais termoeléctricas receberiam mais dinheiro pela garantia de potência do que pela venda de electricidade.
Assim, não é preciso ser um economista nobelizado para entender que a solução solar só conseguirá paridade com a produção a gás quando a produção solar for de graça e a armazenagem em barragens ou baterias sair de borla. Quando é que isso vai acontecer? Nunca!
Se Krugman defende que o shale pague os custos das externalidades nocivas também tem de apresentar a factura das externalidades negativas da solução solar. E o mesmo devia fazer o governo de Portugal.
Subscrever:
Mensagens (Atom)