Uma pequena companhia da área da energia, Cuadrilla Resources, diz ter descoberto no centro da Grã-Bretanha um depósito de shale gas que dá às Ilhas Britânicas reservas deste combustível fóssil equivalentes às da Venezuela. A ser verdade isso coloca o Reino Unido no top ten mundial dos países com maiores reservas de gás natural.
O problema é que para o explorar a Cuadrilla precisará de efectuar centenas de furos na região o que está a assustar as populações locais que temem a contaminação dos solos e lençóis de água como já aconteceu nos EUA. A Cuadrilla terá de aplicar a técnica de hydraulic fracturing ou fracking que tem sido motivo de enorme controvérsia nos EUA, como recentemente entre Paul Krugman e Robert Bryce. Fica aqui um video da Cuadrilla a explicar o método:
A empresa diz que os locais nada têm a temer, no entanto a mesma admitiu que a sua actividade poderá ter sido responsável por dois pequenos sismos na região, um de intensidade 2,3 e outro 1,5 (escala de Richter). Este artigo da revista Scientific American confirma que a injecção no subsolo de água e aditivos sob elevada pressão poderá provocar sismos de intensiade 1 ou 2 como os que se verificaram na zona de exploração da Cuadrilla. Mas recusa que possa provocar abalos de maiores proporções.
Como escrevi no post do Krugman não tenho ainda plena opinião formada sobre os riscos reais do hydraulic fracturing mas no video abaixo a opinião de Ronald Bailey é semelhante à da resposta de Robert Bryce a Paul Krugman. O fracking é uma técnica já usada nos EUA há mais de 60 anos. O fracking per si não tem nenhuma falha grave. Tem os riscos associados à perfuração, seja para explorar shale ou não. Os casos de contaminação de água registados nos EUA resultaram de erros na perfuração e não do fracking.
Regressando à Europa será interessante perceber até que ponto esta descoberta irá abalar o actual programa do Department of Energy and Climate Change (DECC) britânico que visa descarbonizar a produção eléctrica do Reino Unido apostando fortemente em fontes renováveis e nuclear.
Parece já ter abalado, basta ler o último relatório da KPMG publicado na passada semana, e que tanta polémica tem gerado.
ResponderEliminar"A report from KPMG has found that the UK could meet its carbon reduction targets with less investment in renewable energy.
The KPMG/AF Consult analysis, titled ‘Thinking about the Affordable’ shows that without mandating a target of renewable energy sources such as wind power, the UK could still meet its emission targets through a combination – or ‘grid mix’ – of nuclear power and gas, which would reduce energy infrastructure spend by £34 billion by 2020."
Caro anónimo,
ResponderEliminarNão estou assim tão confiante que um estudo da KPMG possa fazer mudar a orientação oficial do Reino Unido.
A UE encomendou recentemente um estudo que chegou às mesma conclusões (comentei esse estudo no post com o título "as renováveis são caras?") mas creio que será preciso bastante mais para alterar o paradigma europeu.
Creio que o factor chave para a Europa se virar para o gás natural vai ser a incapacidade de industrializar o CCS.