Antevisão Foz Tua (EDP) |
A central a gás natural do Ribatejo que é uma Combined Cycle Gas Turbine (CCGT) com uma potência instalada de 1.200 MW (divida por 3 grupos) tem capacidade para gerar 9.000 GWh/ano. Caso lhe fosse permitido trabalhar à potência nominal e não a fazer ciclos para compensar eólica, como acontece actualmente, igualaria a produção anual de Foz Tua em apenas 11 dias. O custo estimado de construção da central foi de €600 milhões há cerca de 10 anos atrás. Naturalmente é necessário acrescentar o custo do gás na equação.
Um reactor nuclear Areva EPR de 1.650 MW produz, com um factor de capacidade de 85%, os mesmos 275 GWh de Foz Tua em 8 dias. Num ano produz 12.286 GWh. A disparidade é enorme.
Plano Nacional de Barragens
Mais interessante e útil é ver o filme completo. A barragem de Foz Tua faz parte do Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) que é um programa de construção de barragens que vai dotar o país de novos equipamentos hidroeléctricos, uma parte deles reversíveis (com capacidade de bombagem). Em boa verdade, o intuito principal do plano é armazenar energia eólica de modo a permitir a continuação da instalação de potência no país.
CCGT do Ribatejo (3 x 400 MW) |
Em relação à produção nacional
A potência média líquida das barragens constantes no PNBEPH é inferior a 200 MW como soma aqui o Prof. Pinto de Sá. Este valor representa 3,3% das necessidades actuais (5.930 MW).
Tendo em conta a bombagem
Essa potência vai igualmente ser pouco superior ao consumo médio na bombagem. Efectivamente, a quantidade de energia eléctrica que as novas barragens vão fornecer depois de descontar o propósito da sua existência (armazenar energia eólica) é praticamente nula (200 - 175 = 25 MW em valores de potência).
Em relação a uma central nuclear
O segundo reactor Areva EPR a ser construído no mundo está a ser instalado na central francesa de Flamanville (o primeiro é na Finlândia). O custo estimado em 2005 foi de €3,3 mil milhões mas dificuldades na construção já colocaram o preço da obra em €6 mil milhões. De acordo com a Brave New Climate a construção de um reactor de nova tecnologia ou a construção de uma central nuclear num país sem know-how na tecnologia implica um agravamento dos custos de 50%. É de esperar que os futuros reactores Areva EPR sejam instalados por cerca de €4 mil milhões. No entanto, se acontecesse em Portugal, e uma vez que nunca tivémos uma unidade do género, é prudente admitir que a construção de uma central nuclear de 1.650 MW viesse a custar €7 mil milhões. O PNBEPH vai custar cerca de €5 mil milhões.
O PNBEPH vai dotar o país de uma potência hidroeléctrica que é cerca de 14,2% da potência média (1.400MW) de um reactor nuclear de 1.650MW. A potência média das novas barragens vai ser uma fracção de uma central nuclear por um preço não muito inferior.
A comparação acaba por não poder sair do plano teórico dado que Portugal não tem potencial hidroeléctrico inexplorado para igualar os 12.286 GWh/ano de um reactor Areva EPR.
Conclusão
Flamanville 3 (2º reactor Areva EPR) |
Se se tivesse optado na altura, por construir uma central nuclear de 1.650 MW em vez do PNBEPH, o país chegaria a 2018 com uma capacidade de geração eléctrica, relativamente ao consumo 2010, aumentada em 23% e não 3,3%. E não haveria desperdícios porque não há bombagem em centrais nucleares. Também não seria necessária porque se podia prescindir das turbinas eólicas que estão a mais. Ou acabar com a produção eléctrica a carvão. A independência energética era a mesma pois Portugal tem urânio (ainda que enriquecimento tivesse de ser feito no estrangeiro, provavelmente França). O impacto ambiental, social e turístico era menor porque não se ia construir a central em paisagem classificada.
Central do Ribatejo de Ciclo Combinado de que fala foi construída no ano passado e são dois e não três grupos. A central a carvão entrou em funcionamento em meados dos anos 90
ResponderEliminarO grupo 1 e 2 da central do Ribatejo entrou ao serviço em 2004, o 3º grupo um ano depois. Na foto do post vê-se perfeitamente os três grupos.
ResponderEliminarA central a carvão de Sines começou a operar em 1985.