No Espectador Interessado li esta pequena polémica entre o Nobel da Economia Paul Krugman e o reconhecido jornalista na área da energia Robert Bryce.
Paul Krugman |
Na sua última coluna de opinião no New York Times Krugman escreve sobre energia eléctrica e mostra o muito pouco que sabe sobre o assunto ou a forma tendenciosa como analisa a questão. Começa por deitar abaixo o hydraulic fracturing ou fracking que permite explorar o shale gas e onde os americanos estão na vanguarda mundial. Confesso não ter uma opinião formada sobre os riscos da técnica e preciso de estudar mais sobre o assunto. O bom senso diz-me que é perigoso mas o bom senso também me diria que as fontes renováveis de energia são baratas. Robert Bryce que é um conhecedor da matéria desmonta os argumentos de Krugman e menciona a riqueza, emprego e estabilidade de preço do gás natural que a exploração de shale nos EUA tem permitido. Este artigo no Energy Tribune menciona o caso inglês mas chega à mesa conclusão que Bryce, os riscos de exploração do shale gas são largamente compensados pelos empregos que gera e pela manutenção do preço baixo do gás natural. Na minha opinião ainda mais importante do que o preço é a segurança energética que o shale traz aos EUA e Europa, um facto primordial que Krugman não pode ignorar.
Krugman acrescenta que sobre a actividade do fracking deviam ser imputados todos os custos associados, opinião com a qual concordo inteiramente e que estendo ao funcionamento das centrais a gás.
Depois apresenta-nos a energia solar como o futuro do fornecimento de energia eléctrica alegando que o seu custo segue a Lei de Moore. E cita este artigo da Scientific American que prevê que o custo da energia solar consiga paridade com o preço actual do mercado americano em 2020, baixando para metade em 2030. Os números parecem-me extremamente optimistas mas são irrelevantes para o artigo de Krugman. Não se pode comparar o "valor" de 1 MWh solar com 1 MWh vindo da queima de gás. Enquanto Krugman e os pró-renováveis insistirem nesta narrativa estéril é impossível debater soluções energéticas.
Só energia solar + gás natural (para backup) + hidro ou baterias (para armazenagem) pode ser comparado a gás natural. Imaginemos um cenário (irreal na prática) de os EUA terem instalada potência solar capaz de cobrir instantaneamente, mas não permanentemente dada a intermitência da fonte, o consumo do país. Neste cenário o número de centrais a gás teria de ser o mesmo que num cenário 100% gás. A diferença é que no cenário solar + gás + armazenagem as centrais termoeléctricas receberiam mais dinheiro pela garantia de potência do que pela venda de electricidade.
Assim, não é preciso ser um economista nobelizado para entender que a solução solar só conseguirá paridade com a produção a gás quando a produção solar for de graça e a armazenagem em barragens ou baterias sair de borla. Quando é que isso vai acontecer? Nunca!
Se Krugman defende que o shale pague os custos das externalidades nocivas também tem de apresentar a factura das externalidades negativas da solução solar. E o mesmo devia fazer o governo de Portugal.
Então desta vez não há ninguém a argumentar que o PK não é um especialista em perfurações e que por isso o que ele diz não vale nada?
ResponderEliminar;-)
O mundo é mesmo um sítio giro...
AM