No passado dia 13 de Junho os italianos disseram em referendo que não queriam voltar a ter centrais nucleares no seu território. Relembre-se que a Itália abandonou a energia nuclear em 1990 na sequência de outro referendo que os italianos foram chamados a participar em 1987 na sequência do acidente de Chernobyl. E quando digo que Itália prescindiu da produção de energia nuclear não significa que tivesse deixado de a consumir pois, à semelhança de outros países europeus, Itália é cliente da energia nuclear francesa. As importações de energia nuclear do outro lado dos Alpes para Itália atingem cerca de 10% do consumo transalpino. O que dá muito jeito a Itália pois se a energia produzida na bota da Europa é das mais caras do Velho Continente a francesa é a mais barata.
Em 2008 começaram a levantar-se vozes contra a irracionalidade do abandono do nuclear em Itália. O Ministro da indústria Claudio Scajola estimou em €50 mil milhões o prejuízo infligido ao país com a ausência do nuclear e propôs a construção de 10 centrais nucleares até 2025. A 24 de Fevereiro de 2009 foi estabelecido um protocolo entre franceses e italianos para que os primeiros transferissem algum do seu know-how no nuclear para os segundos e para que se começasse a planear a instalação de quatro reactores nucleares da mais recente geração EPR da francesa Areva.
Com o não expressivo dos italianos no referendo de 13 de Junhos todos estes planos ficaram congelados. É difícil dizer até que ponto o não foi dado à energia nuclear ou a Silvio Berlusconi. Os italianos deviam separar as águas. Com um crescimento médio do PIB anualizado na última década de 1,23% (face aos 2,28% da média da EU) e uma dependência energética do exterior a superar os 80% os italianos deviam pensar que existe vida para além de Berlusconi. A energia nuclear afigura-se estratégica para que o país da massa recupere competitividade económica e maior independência energética.
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