quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sobre a geração eléctrica açoriana

Central geotérmica da Ribeira - São Miguel
Já me têm perguntado e pedido para comentar sobre a produção eléctrica nas regiões autónomas dos Açores e Madeira. Tenho abordado mais a perspectiva mundial e o panorama de Portugal continental mas faço um pequeno comentário sem grande conhecimento do caso açoriano devo admitir.

Os Açores têm o mesmo problema, à escala, da Austrália e do Japão (dois casos que já comentei no blog). Como se tratam de ilhas não têm possibilidade de equilibrar a intermitência das renováveis solar e eólica com importação/exportação. A integração destas renováveis está por isso mais limitada. Por outro lado têm a sorte de ter potencial geotérmico. Depois da geotérmica e da hídrica (sinceramente não sei até que ponto o potencial de ambas está explorado), biomassa e solar são melhores do que a eólica pois a sua produção está mais ajustada ao consumo. Marés ainda é uma incógnita.

Mas a grande questão é o facto de 70% da electricidade da região vir de queima de derivados de crude o que devia diminuir a bem do ambiente e do custo futuro. Tal como em todo o mundo a energia de base devia originar primordialmente em centrais nucleares. Por exemplo, uma hipótese seria equacionar, nas ilhas de maior consumo, mini-centrais nucleares flutuantes como a que mencionei aqui. E terá de haver sempre disponibilidade térmica para assegurar pontas de consumo.

Em resumo, a diversificação de fontes de electricidade na Região Autónoma dos Açores é possível e desejável. Dada a latitude dos Açores a solar tem potencial. Dada a exiguidade de espaço nas ilhas, impacte visual e custo a aposta tem de ser bem ponderada e comedida. Como forma de proteger o preço da electricidade da flutuação dos preços do crude e diminuir a poluição provocada pela geração eléctrica, a prioridade devia ser dada a instalar capacidade nuclear para assegurar a base do diagrama de produção/consumo.

3 comentários:

  1. Isto é que é rapidez ;) Hoje não tenho muito tempo para comentar mas deixo já a pergunta no ar: quanto poderá custar(em média) uma destas mini centrais nucleares? E os custos de manutenção? Suponho que baixos não?

    Como seria assegurada a estabilidade e segurança destas instalações nas zonas costeiras dos Açores!? Afinal de contas estamos a falar de uma região que se debate na época do Outono/Inverno com ventos e ondulação forte (para não dizer muito forte).

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  2. Já vi o custo da obra. 300 milhões de euros +-. São Miguel representa aprox. 50% da pop açoriana e 35/40% da energia que produz é de fonte geotérmica. O potencial deve ser bem superior a estes valores, digo eu. Ou seja, um projecto destes só faria sentido na Terceira...e mesmo assim, parece-me extremamente dispendioso porque estamos a falar de uma população de menos de 60 mil habitantes.

    Se houvesse possibilidade de canalizar a energia para as outras ilhas do triângulo...mas...isso é quase utópico.

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  3. Não sei qual o custo das centrais geotérmicas açorianas mas €300M/70MW da central nuclear flutuante dá €4,3M/MW o que é um valor competitivo. Mas é só um exemplo.

    Existem vários projectos de pequenos reactores nucleares, nomeadamente subterrâneos.

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