quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Depois do Vietname a Turquia

A energia nuclear pode não ser boa para os japoneses mas é boa para o resto do mundo. Esse é pelo menos o entendimento do governo nipónico que estabeleceu recentemente conversações com responsáveis turcos no sentido de participar no programa nuclear do país euro-asiático. Estas conversações acontecem alguns dias depois de se saber que a Japan Atomic Power Company (JAPC) vai construir dois reactores nucleares no Vietname.

Como defendi neste post anterior o aparecimento de energia nuclear na Turquia é uma má notícia para Portugal. A Turquia é, e será cada vez mais, um concorrente natural de Portugal. Ao apostar em energia nuclear barata, quando por cá ainda se discute as virtudes económicas das fontes renováveis, vai desequilibrar a competitividade relativa entre os dois países.

6 comentários:

  1. Caro Bruno Carmona,

    Fazendo fé nos relatórios do Eurostat, Portugal possui uma tarifa eléctrica para industria abaixo da média Europeia a 27, significativamente mais baixa que Espanha, Alemanha, Itália e mesmo Republica Checa. A tarifa Portuguesa para industria é praticamente igual a da Polónia, Eslovénia e Grécia. A minha questão é, se tivemos até agora uma tarifa para industria (mesmo não tendo nuclear) abaixo da média europeia, quais foram as mais valias que a nossa economia conquistou em relação aos demais? Será a energia o problema principal no atraso económico estrutural que temos? Poderemos estar a concorrer de igual para igual com países que não possuem o nosso estado social, não respeitam as regras ambientais, legislação laboral, justiça, etc, etc, etc. Sem querer desviar do tema, penso que sem duvida a questão energética é fundamental, sim concordo, mas de que vale ter energia barata para industria se tudo o resto é desigual, em custos e funcionamento.
    Esta para mim é a grande questão, reduzir a questão do desenvolvimento económico a tarifa eléctrica, parece no mínimo irrealista.

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  2. Caro Pedro,

    Não quis reduzir o problema da competitividade portuguesa ao preço da electricidade, era bom que fosse só isso. E creio que o texto não o sugere. Mas também é desejável que o custo da energia não penalize a actividade económica portuguesa e os últimos 15 anos têm mostrado que é isso que se passa.

    Sobre o preço da electricidade em Portugal face à média da UE penso ser prudente esperarmos por 2013 e pelo fim das tarifas reguladas para vermos onde nos vamos situar.

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  3. Caro Bruno Carmona,

    Falo-lhe da tarifa para industria, que já funciona em regime livre à algum tempo.
    O que penso que prejudica e muito a economia já débil do País, é a mudança sucessiva do rumo politico de um País. Apostou-se nas renováveis, e de um momento para o outro põe-se em causa tudo o que foi realizado até aqui. Que destino se vai dar então as milhares de PMES deste sector, que criam emprego e valor acrescentado ao País. Não será difícil imaginar as consequências, mais desemprego, menos receitas e ... aumento de impostos!!

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  4. Caro Pedro,

    O seu argumento é o mesmo de Alberto João Jardim. Claro que a acumular défice é fácil investir e criar emprego. Mas a situação está insustentável e tem de ser revertida. 3,2 mil milhões de euros de défice tarifário não o preocupam? A Espanha já começou a fazer:

    http://ecotretas.blogspot.com/2011/10/bandarilhas-nas-eolicas-em-espanha.html

    Quanto tempo levará Portugal?

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  5. É realmente verdade que se deve contrair défice para investir, criar emprego e criar riqueza, que por sua vez irá pagar: o emprego criado; os investimentos; os juros do empréstimo; e ainda sobrar algum. Chama-se a isto um bom investimento.

    O problema aqui é que a parte de criar riqueza rentável, ou seja, que dê para pagar os empregados, pagar as dívidas e os juros e mais qq coisa, não foi programada, ou antes, foi programada para ser paga por todos nós. O sector da energia renovável não produz um serviço q os portugueses estejam dispostos a pagar pelo valor q custa produzir. A EDP consegue comprar a energia a 5c/kWh e as fontes eólica e solar pedem 9c e 35c, respectivamente pelo mesmo kWh. O que fazer então?

    O estado obriga os portugueses através das factura da eletricidade (pouco mas vai subindo) e dos impostos a pagar a este sector, através de subsídios. Pior ainda, estes dois contributos não são suficientes e estamos a contrair empréstimos do exterior. O que se está a dizer é q temos q comprar o produto mesmo que exista mais barato no mercado.

    Ora a pergunta impõe-se. Pq haverá o estado privilegiar este sector da economia em detrimento de outro qq. Qq outro sector, por ex do calçado, cortiça, vinho, têxtil, informática, arquitetura, etc. qq um se recebesse subsídios conseguiria criar mais emprego e aumentar a produção, isso é verdade até para o tipo da mercearia. Está.se a criar riqueza artificial através de subsídios! Pqê subsidiar este então? É injusto e na verdade n faz qq sentido privilegiar nenhum, do ponto de vista económico! Só irá beneficiar as pessoas q trbalham no próprio sector (mas isso seria já outra discussão)

    Neste caso nós estamos a ir atrás duma razão ecológica, e estamos a tentar resolver o famigerado problema do CO2, qdo na verdade a aposta nas renonáveis não só não resolve esse problema pq terá sempre um impacto mto reduzido assim como nem se quer serve como alternativa a nenhuma fonte energética de base dada a sua inconstância de produção (tanto a solar como a eólica). Para piorar têm custos elevadíssimos e insustentáveis, que só o lobby das renováveis consegue fazer prolongar esta aposta.

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  6. Caro Guiga,

    Muitos parabéns pelo comentário. Excelente resumo do paradoxo das renováveis.

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