quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Alemanha não quer apagar-se sozinha

Mathias Platzeck
Os governantes alemães não querem apenas fazer o país recuar 50 anos na forma de produzir energia eléctrica e hipotecar qualquer hipótese de cumprir objectivos ambientais que os próprios estimularam. A Alemanha quer arrastar consigo o máximo de países europeus que conseguir. É conhecida a oposição antiga de alemães e austríacos em relação à central nuclear checa de Temelín. Daqui a uns dias vou postar sobre a mirabolante ideia germânica de produzir energia solar na Grécia. Mas neste post dou a conhecer a oposição exercida pelo presidente do estado federal de Brandenburg, Matthias Platzeck, à construção de uma central nuclear na Polónia. Brandenburg fica no extremo leste da Alemanha (parte da antiga Alemanha Oriental) e faz fronteira com a Polónia.

As quatro localizações preferidas pelos polacos distam 275, 340, 345 e 600 km de Berlim. Nenhuma é suficientemente longe de Berlim para Platzeck. Só Varsóvia dista 560 km da capital alemã como se pode ver pelo mapa abaixo. Não existem muitos locais na Polónia que estejam a mais de 600 km de Berlim. É provável que não exista nenhum local na Polónia a mais de 600 km de Berlim que seja adequado à instalação de uma central nuclear. Que quer Platzeck? Impedir a construção de uma central nuclear na Polónia?

Distância de Varsóvia a capitais de países vizinhos
A Polónia é o maior produtor de carvão da União Europeia (UE) e é essa a fonte de 90% da energia eléctrica que consome (mais 5% gás natural e 5% renováveis). Graças a estes recursos a Polónia tem uma elevada segurança na produção de energia eléctrica e tem dos mais baixos preços da UE. Porém é um desastre ambiental que aparentemente não preocupa os alemães que até a têm importado depois de terem desligado parte das suas centrais nucleares. A Polónia não só tem as maiores reservas de carvão da UE como uma das maiores de gás xistoso. Será interessante a Polónia substituir parte das centrais a carvão por unidades a gás natural. Mas a base do diagrama deve ser preenchido por centrais nucleares. As centrais de ciclo combinado de produção mais flexível podem complementar a produção nuclear que é mais rígida. A contestação alemã à modernização do parque electroprodutor polaco é inaceitável.

Para os contribuintes alemães devia ser inaceitável correr riscos de vir a pagar indemnizações às utilities alemãs por estas terem sido obrigadas a desligar centrais nucleares perfeitamente operacionais, uma decisão que até se pode vir a revelar inconstitucional. Para os europeus devia ser inaceitável que a Alemanha deixe de consumir energia nuclear limpa para importar energia poluente polaca. Os gases poluentes, depois de emitidos, não conhecem fronteiras.

2 comentários:

  1. Qual será o impacte maior : o nuclear (incluindo o valor esperado dos danos causados em caso de falha no sistema) ou os impactes e riscos da poluição do ar causada pelas termo-eléctricas? Um documentário da BBC dá que pensar sobre a questão da defesa do nuclear face à componente de risco que tem sido associada ao Aquecimento Global:
    http://www.youtube.com/watch?v=Nhq7Z9zqP80

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  2. Caro F,

    Obrigado pelo link. Ainda não conhecia este programa.

    A solução nuclear não tem interesse para combater o aquecimento global. O aquecimento global é a maior farsa do mundo moderno. Infleizmente não tenho tempo para abordar eese tema no blogue mas já tenho feito um ou outro post sobre o tema.

    A solução nuclear tem interesse enquanto política energética. Uma das suas vantagens é o menor impacte ambiental relativamente a outras fontes de energia, nomeadamente as térmicas. E falo de verdadeiro impacte ambiental não de alterações climáticas.

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