O Público, como é seu apanágio, faz eco de uma queixa da European Automobile Manufacturers’ Association (ACEA). Segundo esta associação o sucesso do carro eléctrico na Europa está a ser limitado pela falta de investimento em infraestruturas de apoio e incentivos estatais. Creio que a ACEA não vive neste mundo.
Nos maiores mercados automóveis europeus os carros eléctricos são alvo de incentivos financeiros únicos. Se fosse outro sector qualquer estes incentivos seriam considerados concorrência desleal. Mas os carros eléctricos estão na moda, simbolizam esta ideia fofinha de sustentabilidade ambiental tão querida no presente.
Garantidamente a ACEA não tem associados portugueses. Por cá não só existe incentivo para a compra de carros eléctricos como o anterior governo se preocupou em instalar uma rede de abastecimento nacional (Mobi.e) bastante sobredimensionada e que se encontra ao abandono. Uma rede que permitiu durante meses o abastecimento gratuito e isenta os carros eléctricos de pagamento de parquímetro. Para se vender mais carros eléctricos em Portugal só se fosse aprovada uma lei que obrigasse os portugueses a comprar.
Será que a ACEA não equacionou por um momento que não se vendem mais carros eléctricos na Europa porque os consumidores percebem que não são competitivos nem satisfazem as suas necessidades? E será que a ACEA não sabe que foi precisamente esta falta de competitividade do carro eléctrico que o condenou ao quase desaparecimento há 100 anos?
O futuro do carro eléctrico está dependente de dois factores, a evolução do preço do petróleo e seus refinados e a evolução no custo e autonomia das baterias. Como quase nenhum país europeu tem exploração petrolífera a UE não domina a primeira variável. A segunda não é decretável, está nas mãos dos fabricantes e na sua capacidade de desenvolvimento.
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