quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A paridade de custo das renováveis é um mito

Um dos mitos enraizados sobre as fontes renováveis intermitentes é que um dia, com a subida do preço dos combustíveis fósseis, serão competitivas no custo de produção e as subvenções actuais não serão necessárias.  A ideia é totalmente descabida mas perpetuada de tal forma pelo movimento "verde" neo-socialista que pessoas como Paul Krugman cometem o erro de não fazer contas.

No post linkado já tinha escrito que é preciso que a energia eólica e solar se obtenha de borla para que seja competitiva. E a probabilidade de isso acontecer um dia é pouco maior do que nula.
As fontes renováveis intermitentes não têm uma característica fundamental para uma fonte de energia eléctrica poder ser um pilar para a produção energética de um país, previsibilidade. As fontes clássicas estão  para a produção eléctrica como a rega está para um pomar, as fontes renováveis são como a chuva. Pode haver ou não haver chuva mas um pomar não prescindem de um sistema de rega para depender da imprevisibilidade da chuva. A chuva influência a escolha de ligar a rega, não a instalação. Da mesma forma todos os países que apostaram em eólica e solar mantiveram o parque electroprodutor clássico que já tinham. Em nenhum país do mundo as fontes renováveis fecharam uma barragem ou uma central termoeléctrica ou nuclear. Em Portugal, que é provavelmente o país do mundo com maior integração de renováveis intermitentes no consumo, nenhuma central termoeléctrica fechou por causa disso.

Os parques renováveis intermitentes não substituem as fontes clássicas, adicionam potência instalada, que pode ou não produzir energia eléctrica. Em relação ao custos é exactamente a mesma coisa, existe soma de custos. O resultado só é igual se uma das parcelas (o custo das intermitentes) for zero.

Alguém dirá oportunamente que quando, ou se, existir uma uma rede transeuropeia de alta-tensão haverá sempre alguma produção renovável que permitirá prescindir de uma pequena parte da potência nuclear/termo/hidroeléctrica instalada. Recuperando a analogia do pomar, se este for suficientemente extenso, pela lei das probabilidades, alguma parte dele terá água da chuva e produzirá fruta.

Vamos ultrapassar questões como a resistência das populações ao impacte paisagístico desta rede a ou distribuição de custos entre os diversos países da União Europeia. A sua necessidade advém, acima de tudo, da integração de renováveis e a elas deve ser imputado o custo.

Talvez mais importante é que a presença de renováveis intermitentes as centrais termoeléctricas deixam de trabalhar em cruzeiro para passarem a fazer ciclos de arranque/paragem. E fazendo nova analogia, um automóvel a andar a uma velocidade estabilizada em estrada gasta sempre menos do que no pára-arranque das cidades. isto é, a integração de renováveis intermitentes aumenta o custo de exploração das centrais termoeléctricas.
Voltamos ao início. Incorporemos o custo da rede eléctrica para ir buscar a electricidade às fontes renováveis intermitentes dispersas e longe dos centros consumidores. Mais a perda de eficiência das centrais termoeléctricas. Mesmo admitindo o hipotético desmantelamento de alguma potência convencional o custo de produção renovável terá de ser nulo para valer a pena economicamente. E num cenário em que as renováveis não valham mais de 10% do consumo.

Caso o plano seja mais ambicioso entra novo custo, armazenar produção renovável excedentária. Quando se pretende ultrapassa 10% de consumo a partir de fontes intermitentes como acontece em Portugal ou na Dinamarca há necessidade de consumir produção excedentária em barragens, outro custo que precisa de ser contabilizado.

Em resumo, a única forma de as fontes renováveis intermitentes poderem sobreviver em concorrência é se o seu custo de produção for nulo e sem ultrapassarem cerca de 10% do consumo. Acima desse valor toda a adição de renováveis intermitentes é uma menos-valia que encarece o preço final de electricidade.

2 comentários:

  1. Uau! Somas e subtrações sem números mas com um resultado numérico. É magia!

    ResponderEliminar
  2. Paridade não tem nada a ver com intermitência, se eu produzo por mês 200kw de energia solar, e consumo 200kw, então minha conta zera, e em 5 ou 6 anos recupero o investimento do sistema fotovoltaico, em relação a demanda energética para o país, isso é problema do governo, ele que resolva.

    ResponderEliminar