quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Alemanha quer exportar insensatez renovável

Em 2011 escrevi que a Alemanha não quer abandonar a energia nuclear sozinha, quer que os seus vizinhos de leste a acompanhem. Só que também para a revolução verde os alemães querem companhia.

Claro que nos temos de questionar porque é que os alemães estão preocupados em ter seguidores para as suas políticas energéticas. Se a política energética alemã fosse interessante, ou sustentável como agora está na moda dizer-se, teria seguidores voluntários, não precisava de os recrutar. Se a política energética alemã fosse boa, os alemães não teriam problemas em implementá-la sozinha e gozar da vantagem competitiva que ela traria.

Primeiro factos, a Alemanha não está a trocar energia nuclear por renovável. A Alemanha vai construir 23 centrais térmicas a carvão para poder desligar reactores nucleares. Mas esse é assunto para outro post.

Agora a propaganda, o Ministro alemão do ambiente Peter Altmeier está neste momento em Abu Dhabi para uma reunião do International Renewable Energy Agency (IRENA) e leva na agenda recrutar mais adeptos para o suicídio renovável.
A IRENA tenta atrair incautos com a propaganda habitual:
  1. O custo de produção desceu. O custo de produção desceu porque os preços dos equipamentos desceram. Mas isso não aconteceu por causa de inovações tecnológicas mas por excesso de stock devido à fraca procura. E em todo o caso as renováveis intermitentes só serão competitivas quanto forem de borla.
  2. Criação de empregos. Parece-me quase intuitivo que os pontos 1 e 2 são incompatíveis. Se as renováveis intermitentes geram muito emprego o seu custo não pode ser baixo. E a criação de emprego é uma desvantagem num sector como o electroprodutor. Para além disso, as renováveis intermitentes destroem mais empregos a juzante, nas empresas que consomem electricidade, do que aqueles que criam a montante.
  3. Corte na emissão de gases de efeito de estufa. É outro mito que permanece. A intermitência das novas renováveis obriga a que as centrais termoeléctricas de backup funcionem com interrupções. Essas variações na carga diminuem a sua eficiência o que faz aumentar o consumo de combustível e as emissões por unidade de energia eléctrica produzida. O balanço eventualmente será nulo mas nunca significativo do lado da redução de emissões. De qualquer forma, para esse propósito a solução nuclear, que a Alemanha quer abolir, é bastante mais eficaz. 
Nenhum país precisa de formar alianças internacionais para decidir construir centrais termoeléctricas ou nucleares. A Alemanha sabe, os alemães já o sentem e a imprensa alemã já não o esconde que aventura renovável alemã está a sair muito cara. Ainda persiste porque a Alemanha é um país rico. Países como Portugal ou Espanha vêem-se confrontados com défices tarifários astronómicos à conta de um sonho renovável que se transformou num pesadelo.

Será que o Reino Unido, que no começo do ano aprovou a exploração de shale gas, precisa destas operações de charme. Claro que não, o que não faltam é empresas a querer aproveitar essa nova oportunidade de negócio.

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