terça-feira, 19 de julho de 2011

A falácia da energia eólica

Compilei nesta tabela dados de emissão de gases de efeito de estufa (GEE) do sector eléctrico (valores de 2009 retirados da EEA - European Environment Association) e comparei com os dados de produção de energia eléctrica (dados 2008 do Eurostat) para obter a emissão de GEE de quatro países comunitários. Acrescentei ainda os preços ao consumidor nestes quatro países (dados Eurostat 2011) e o peso do carvão no mix energético.

CO2-e (1000ton)Produção eléctrica
(GWh)
Emissão CO2-e (g/kWh)Preço electricidade (€/100kWh)Peso carvão no mix
Portugal196505363536616,6620%
França6055753902211212,890%
Dinamarca239973922761227,0850%
Alemanha34360758940258324,3860%
Alemanha (sem nuclear)448607589402761*65-85%**
* admitindo que a ausência de nuclear é compensada por um mix 50-50 de carvão e gás (750g/kWh)
**a percentagem de carvão dependerá de quanto se construir de centrais a carvão, gás natural e parque eólicos

Mesmo admitindo que ao comparar anos diferentes para as várias colunas haja um pequeno desvio no resultado final face ao real, as proporções são suficientemente díspares para se poderem tirar conclusões:

Conclusão 1 - A energia eólica não é comercialmente competitiva
Portugal ainda consegue mascarar um pouco a realidade dado que por cá se cobra apenas 6% de IVA sobre a electricidade (para além do défice energético que o país acumula) mas a diferença de preço da electricidade entre os três países ´"verdes" e França é inegável. A explicação para isso está naturalmente na forte aposta em energia eólica que estes três países fizeram. Para os preços mais elevados na Dinamarca e Alemanha também contribuem decisivamente os dispendiosos parques eólicos offshore que estes países possuem.

Conclusão 2 - O conceito de energia de base eólica com a tecnologia actual é utópico
Apesar de a Dinamarca e a Alemanha reivindicarem serem modelos de sustentabilidade ambiental e serem os países mais empenhados na integração de energia eólica no seu mix energético os números mostram uma realidade bem diferente. Qualquer um deles depende fortemente do carvão para produzir a sua electricidade de base.

Se existem países com capacidade para explorar a energia eólica são estes dois pois têm das melhores condições de vento, economias ricas com disponibilidade para investimento e know-how em turbinas. Se nem a Dinamarca nem a Alemanha, apesar de todo o seu empenho e recursos, conseguem impor a energia eólica como fonte de energia de base não sei que outro país no mundo o conseguirá.

Ao contrário, a energia de base nuclear é uma realidade testada e provada. No gráfico abaixo está patente a forma como, em menos de duas décadas, a França abandonou o carvão para a produção da sua energia eléctrica. Hoje em dia a França tem das energia eléctricas mais baratas da Europa e um dos mais baixos níveis de emissão de GEE no sector eléctrico.




Conclusão 3 - A energia nuclear é limpa
Mesmo comparando simplesmente eólica vs nuclear no que toca a emissão de GEE por unidade de energia produzida o nuclear ganha. A vitória do nuclear advém da eólica ter uma baixa densidade de produção energética e a construção e instalação das enormes turbinas acarretar libertação de GEE. Mas como se percebe a energia eólica sozinha não existe e na prática um país que opte por energia renováveis assenta a produção de energia de base noutras fontes de energia (hidroeléctrica no caso português; termoeléctrica mais poluidora nos casos dinamarquês e alemão). É impressionante e esclarecedor que se a Alemanha abandonar a energia nuclear cada kWh produzido lançará sete vezes mais de GEE do que as centrais nucleares em França.


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