terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Debate televisivo prós e contras: ausência do nuclear

Esta semana irei comentar mais detalhadamente alguns aspectos debatidos no programa Prós e Contras da passada segunda-feira mas hoje vou referir-me ao aspecto da ausência do nuclear no debate que já vi abordado em mais do que um local, nomeadamente pelo Ecotretas que é contra a energia nuclear em Portugal por razões que discordo mas que compreendo.

Acho que os defensores do manifesto fizeram bem em não mencionar o tema nuclear. Em primeiro lugar por que nem todos apoiam a solução e em segundo lugar porque não existe ainda em Portugal maturidade e objectividade para debater este assunto pacificamente. Como o Ecotretas bem ressalvou o programa teve alturas de quase descontrolo e a discussão do nuclear poderia ter consequências ainda mais desastrosas. Basta referir que no final do programa quando Patrick Monteiro de Barros preferiu a palavra nuclear Carlos Pimenta quase entrou em colapso nervoso. E Carlos Pimenta tem formação de engenharia, é supostamente entendido no sector energético e portanto deveria ter uma visão mais pragmática sobre o tema. Não há condições para se debater nuclear numa praça tão pública e, ao contrário de uma sugestão no programa, sou totalmente contra um referendo em Portugal sobre este assunto. Na verdade, sou contra referendos de cariz técnico que exijam conhecimentos que a maioria dos portugueses não tem e por isso nunca poderia votar conscientemente. A energia nuclear deve ser discutida por quem sabe e em espaços próprios.

Sobre a introdução da energia nuclear em Portugal a questão não é se mas quando. Se há coisa sobre a qual tenho a certeza absoluta é que a energia nuclear fará um dia parte do mix produtivo de Portugal. Talvez não no meu tempo de vida mas fará. A central nuclear é como o automóvel, o telemóvel ou a caixa ATM ou a ainternet. O seu benefício é de tal forma gritante e óbvio que lutar contra ela exige argumentos falaciosos e apaixonados como aqueles que Carlos Pimenta esgrimiu no debate.

A aversão nacional à energia nuclear faz-me lembrar a luta dos comerciantes tradicionais contra os centros comerciais e os hipermercados. Uma luta que tinha aquela emblemática e aberrante distorção de as grandes superfícies estarem proibidas de abrir ao domingo. Supostamente era para defender o dia da família mas sempre me lembro de dizer que essa medida tinha os dias contados. Quem beneficiava com isso? Apenas os comerciantes tradicionais.

Permitir que a energia eléctrica de base do país venha de centrais nucleares é abrir as grandes superfícies ao domingo. Eu sei que vai acontecer um dia mas faço força para que seja quanto antes para bem de todos os portugueses.

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