segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A crise europeia, o aquecimento global e o ocaso do sector renovável

Os dois últimos artigos de opinião do site Energy Tribune merecem uma breve reflexão. Neste primeiro Peter Glover resume os anunciados cortes nos apoio às energias renováveis que estão a acontecer um pouco por toda a Europa motivados pela crise europeia encabeçada pela crise da dívida grega. Este cortes são circunstanciais, isto é, resultam de uma pressão económica e não da assunção pelos governos europeus da insustentabilidade do modelo eletroprodutor renovável. A questão natural que se coloca é, passada esta tormenta, os subsídios serão reestabelecidos?

Até há uma semana a minha opinião é de que não, jamais os países europeus subsidiarão tanto as energias renováveis como até aqui. Num post recente até considerei que no mundo desenvolvido (pelo menos de acordo com a designação do séc. XX) 2010 marcou o pico da instalação de potencia renovável. Mas, e volto a frisar, até há uma semana, estava convencido que mal a Europa começasse a recuperar os governos restituariam alguns dos subsídios. É essa a posição espanhola ou portuguesa que divulguei aqui. Em boa retórica política foi dito que os cortes são por tempo indeterminado e a interpretação que fiz foi: só quando houver dinheiro!

Mas na semana passada houve um acontecimento que poderá ter ditado a não restituição dos subsídios agora eliminados. O lançamento do livro "Die Kalte Sonne" pelo conhecido ambientalista alemão Fritz Vahrenholt que vem pôr em causa o aquecimento global antropogénico. Este acontecimento, já abordado pelo Ecotretas, tem o potencial de abalar a crença de uma das sociedades mais acérrimas na sua defesa. Os objectivos alemães e europeus na integração de fontes renováveis resultam em grande medida de se acreditar que o planeta está a aquecer.

Junte-se à falência da teoria do aquecimento global a revolução do shale gas e parece-me cada vez menos provável que as fontes renováveis de energia eléctrica voltem a ter a popularidade que gozaram até aqui. Desde a semana passada que acho que as decisões espenhol e portuguesa de parar futuros projectos renováveis serão permanentes.

Só espero é que não se passe de um extremo ao outro, isto é, temo que o carvão volte a ser aceite. Para dar três exemplos, temo que a Alemanha coloque o carvão (de que possui reservas) à frente do nuclear e do gás natural como fonte de energia primária. Temo que a Polónia abrande a sua aposta nuclear ou que a Dinamarca deixe de perspectivar uma inevitável reforma das suas centrais a carvão.

É que entre estes dois cenários, excesso de renováveis ou excesso de carvão não sei qual o pior. Mas creio que à semelhança do resto do mundo será o gás natural a fonte a mais crescer na produção eléctrica europeia. Quanto ao nuclear, como tenho escrito, a exploração de shale gas e o fim da teoria do aquecimento global não lhe augura um futuro risonho no médio prazo.

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