Os dois últimos artigos de opinião do site Energy Tribune merecem uma breve reflexão. Neste primeiro Peter Glover resume os anunciados cortes nos apoio às energias renováveis que estão a acontecer um pouco por toda a Europa motivados pela crise europeia encabeçada pela crise da dívida grega. Este cortes são circunstanciais, isto é, resultam de uma pressão económica e não da assunção pelos governos europeus da insustentabilidade do modelo eletroprodutor renovável. A questão natural que se coloca é, passada esta tormenta, os subsídios serão reestabelecidos?
Até há uma semana a minha opinião é de que não, jamais os países europeus subsidiarão tanto as energias renováveis como até aqui. Num post recente até considerei que no mundo desenvolvido (pelo menos de acordo com a designação do séc. XX) 2010 marcou o pico da instalação de potencia renovável. Mas, e volto a frisar, até há uma semana, estava convencido que mal a Europa começasse a recuperar os governos restituariam alguns dos subsídios. É essa a posição espanhola ou portuguesa que divulguei aqui. Em boa retórica política foi dito que os cortes são por tempo indeterminado e a interpretação que fiz foi: só quando houver dinheiro!
Mas na semana passada houve um acontecimento que poderá ter ditado a não restituição dos subsídios agora eliminados. O lançamento do livro "Die Kalte Sonne" pelo conhecido ambientalista alemão Fritz Vahrenholt que vem pôr em causa o aquecimento global antropogénico. Este acontecimento, já abordado pelo Ecotretas, tem o potencial de abalar a crença de uma das sociedades mais acérrimas na sua defesa. Os objectivos alemães e europeus na integração de fontes renováveis resultam em grande medida de se acreditar que o planeta está a aquecer.
Junte-se à falência da teoria do aquecimento global a revolução do shale gas e parece-me cada vez menos provável que as fontes renováveis de energia eléctrica voltem a ter a popularidade que gozaram até aqui. Desde a semana passada que acho que as decisões espenhol e portuguesa de parar futuros projectos renováveis serão permanentes.
Só espero é que não se passe de um extremo ao outro, isto é, temo que o carvão volte a ser aceite. Para dar três exemplos, temo que a Alemanha coloque o carvão (de que possui reservas) à frente do nuclear e do gás natural como fonte de energia primária. Temo que a Polónia abrande a sua aposta nuclear ou que a Dinamarca deixe de perspectivar uma inevitável reforma das suas centrais a carvão.
É que entre estes dois cenários, excesso de renováveis ou excesso de carvão não sei qual o pior. Mas creio que à semelhança do resto do mundo será o gás natural a fonte a mais crescer na produção eléctrica europeia. Quanto ao nuclear, como tenho escrito, a exploração de shale gas e o fim da teoria do aquecimento global não lhe augura um futuro risonho no médio prazo.
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