segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ventos contrários para a utopia renovável alemã

Há uns dias escrevi que o wishful thinking alemão anti-nuclear e pró-renovável vai durar mais tempo do que o japonês graças às ligações de alta-tensão internacionais que a Alemanha tem com os seus vizinhos e que permitem amortecer a intermitência das suas fontes renováveis. Não obstante, os alemães cospem na mão que lhes dá de comer, isto é, atacam a forma como a Polónia ou a República Checa produzem energia eléctrica. Isto apesar de dependerem destes dois países para lhes fornecer energia eléctrica quando a produção renovável é insuficiente na Alemanha. E também dependem das suas redes quando o existe produção renovável excessiva.


Infelizmente o vento não sopra onde se quer e no caso alemão ele é mais forte no Mar do norte onde se estão a construir caríssimos parques offshore. Porém o grande consumo alemão situa-se no sul do país nas cidades industriais como Munique ou Estugarda. E a rede eléctrica alemã está no limiar da sua capacidade e não dispõe de linhas de alta-tensão em quantidade suficiente a atravessar o país de norte a sul. E não disporá tão cedo, não só porque obrigará a um investimento muito avultado, mas também porque os mesmos grupos "verdes" alemães que querem trocar nuclear por renováveis boicotam a edificação de postes de alta-tensão na paisagem alemã. A prazo isso poderá significar que em momentos de produção máxima dos parques offshore esta venha a ser superior à capacidade de escoamento da rede, um problema que já acontece na China e na Escócia.

Este desperdício poderá acontecer mais cedo do que o previsto. Até agora a Alemanha exportava para os países vizinhos o excesso de eólica mas o jornal alemão Die Welt publicou um artigo (que o blog NoTricksZone traduziu) que dá conta que a Polónia e a República Checa pretendem instalar meios de bloquear a entrada nas suas redes dos picos de produção renovável alemã. A Agência alemã para a energia (dena) comentou assim a decisão dos vizinhos do leste:
The use of phase shifters will have the consequence that windparks in Eastern Germany will have to be shut down more often in the future because the power will have no way of being delivered to the markets.
Há semelhança daquilo que acontece na Escócia os produtores eólicos alemães não sofrerão com este problema já que recebem sempre por aquilo que produzem, mesmo que essa energia não seja distribuída na rede.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Consenso, que consenso?

Os defensores do aquecimento global ou das alterações climáticas antropogénicas gostam de evidenciar que existe consenso entre a comunidade científica sobre a responsabilidade que o Homem está a ter sobre o clima do planeta. A ciência não tem nada que ver com consensos de opinião mas com robustez de dados e estudos científicos. E até hoje nenhum estudo científico mostrou que a actividade humana tenha tido ou venha a ter um impacte mensurável sobre o clima.


Não obstante a sua irrelevância, o suposto consenso não existe, como não existe nada daquilo que os evangelistas do aquecimento global gostam de sugerir. Pelo contrário, aquilo que se assistiu desde 2009 quando rebentou o escândalo Climategate, foi uma abertura cada vez maior dos media a dar voz aos inúmeros cientistas que refutam o alarmismo do aquecimento global. O The Wall Street Journal é um dos orgãos de informação que permite a exposição dos argumentos céticos. Um exemplo é este artigo de opinião assinado por 16 nomes ligados a áreas científicas e do qual destaco este paragrafo:
Alarmism over climate is of great benefit to many, providing government funding for academic research and a reason for government bureaucracies to grow. Alarmism also offers an excuse for governments to raise taxes, taxpayer-funded subsidies for businesses that understand how to work the political system, and a lure for big donations to charitable foundations promising to save the planet.
Mesmo entre  a opinião pública o consenso não existe e cerca de metade dos americanos, ingleses e canadianos não tem certezas de que o aquecimento global seja uma realidade e de que o Homem seja responsável por ela.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O bom senso regressa ao Japão

Nenhum país industrializado pode viver sem geração eléctrica a partir de fonte nuclear. Pelo menos sem grandes custos ambientais ou económicos. De entre estes o Japão é um dos casos mais críticos de "dependência" nuclear. O país do sol nascente não tem reservas de combustíveis fósseis, não tem reservas hídricas nem vizinhos com os quais equilibrar produção eléctrica intermitente como escrevi aqui. Basicamente o fecho de centrais nucleares no Japão obrigaria o país a ficar dependente do gás natural russo. Parece-me que na prática isso significa que o Japão seria um dos últimos países do mundo a abandonar a energia nuclear.


Como quase tudo aquilo que é incontornável, acontece mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos custos, mais ou menos dor. Nesta medida não se estranha este artigo do New York Times que dá conta que o Japão abandonou a ideia de abandonar o nuclear até 2040.

Na Alemanha a virtude do nuclear vai demorar mais tempo a revelar-se. Por duas razões. Primeiro, a visão ecofascista, neo-socialista, utópica é mais forte por lá. Segundo, os alemães podem sempre comprar energia nuclear aos seus vizinhos franceses, checos ou austríacos. Veremos como ficam as coisas depois das eleições de 2013.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Instituto alemão confirma injustiça da microgeração

O blogue NoTricksZone divulgou um estudo do Cologne Institute for Economic Research (IW) que confirma aquilo que já tinha denunciado aqui e que é óbvio para alguém com bom senso: a microgeração eléctrica subsidiada com tarifas feed-in (tal como praticada na Alemanha ou Portugal) rouba aos pobres para dar aos ricos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A teoria do arrefecimento global

No começo dos anos 70 vários cientistas levantaram a hipótese de a Terra estar a entrar numa fase prolongada de arrefecimento global. Os registos mostravam que a temperatura média da Terra estava a descer desde 1940 e alguns cientistas temeram que essa tendência se prolongasse por mais décadas. Houve até quem especulasse que a subida da emissão de CO2 verificada no boom económico pós-Segunda Grande Guerra pudesse ser responsável. O debate esteve aceso e fez mesmo capa da revista TIME por mais do que uma vez.

Porém, em 1975, contra as previsões, e numa altura em que a crise do petróleo fazia descer o consumo de combustíveis fósseis, a temperatura média começou a subir e a teoria do arrefecimento global foi abandonada.

As temperaturas subiram de 1975 até 1997…




quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A verdade sobre o degelo do Ártico

O IPCC e os militantes do aquecimento global antropogénico socorrem-se de alguns slogans emblemáticos para manter a chama da mentira bem acesa. Uma deles é que o Urso polar está ameaçado de extinção devido ao desaparecimento do gelo ártico. Porém não há registos de uma diminuição significativa da população do Urso polar. E como quase ninguém vive nos territórios habitados por esta espécie pouca é a opinião pública capaz de comprovar ou desmentir a propaganda apocalíptica do IPCC.

A razão apontada para o desaparecimento do Urso polar é a diminuição do gelo ártico. Mas será assim? Se consultarmos o site da NASA assim parece. No gráfico que se encontra abaixo a linha mostra a evolução da extensão gelo do Ártico. De 1980 até hoje essa extensão teve uma redução de cerca de 50%. 

O que mais me saltou à vista no gráfico não foi o decréscimo de gelo. O valor vai ao encontro daquilo que quase todos os jornais noticiam regularmente. O que estranhei foi o gráfico não conter médias anuais.

Fui consultar o site de outra agência espacial, desta vez a Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA) onde se encontra este gráfico com os ciclos anuais naturais de gelo e degelo do Ártico desde 1980. E o que se vê no gráfico? Que em Setembro, como seria de esperar, é quando a extensão de gelo atinge o seu mínimo. Mas, e isto sim é interessante e revelador, é também o mês em que existem maiores variações entre anos.


Em Setembro de 2012 bateu-se no mínimo dos últimos 50 anos. Mas em Outubro e Novembro deste ano a velocidade de recuperação de gelo no Ártico também está a estabelecer recordes. Se olharmos para o filme completo concluímos que de 1980 a 2013 o Ártico perdeu 8% (de 13 para 12 Mkm2) da sua massa gelada e não os 50% que o gráfico da NASA sugere.

É uma diminuição, mas uma diminuição que os especialistas consideram normal, e que seria de esperar quando de 1980 para hoje a Terra aqueceu. É uma variação natural longe do cenário catastrófico de desaparecimento do habitat do Urso polar que o IPCC tanto gosta de publicitar.

O mínimo do ano em Setembro tem relevância para estabelecer que parte do gelo (mais denso) resiste à sasonalidade. Mas mostrar um gráfico apenas desse mês como a NASA faz, ainda por cima o mês em que mais variação houve, é contar parte da história e convidar ao alarmismo.

O departamento da NASA que estuda o clima é o Goddard Institute for Space Studies (GISS) e é dirigido pelo físico James Hansen.

James Hansen deu visibilidade internacional ao aquecimento global antropogénico (AGA) quando discursou no Congresso Americano em 1988 perante, entro outros, o senador Al Gore. O discurso de Hansen fomentou a criação do próprio Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) nesse mesmo ano. Hansen é conhecido como o Pai do AGA.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Alentejo será um deserto?

Como divulguei no post anterior, um dos revisores  do relatório AR5 do IPCC decidiu colocar a actual versão perliminar online. Contudo antes já o jornal alemão Der Spiegel tinha escrito um artigo a questionar algumas alegações que constam no documento do IPCC. Uma delas é que algumas regiões do planeta à latitude do sul da Península Ibérica correm o risco de se desertificarem.

According to the models, subtropical regions, in particular, are expected to grow drier, with new arid zones appearing in the southern United States, South Africa and Mediterranean countries such as Greece, Italy and Spain.

Ou seja, de acordo com os modelos do IPCC, o Algarve e o Alentejo estão destinados a ser desertos se nada for feito em relação ao corte na emissão de CO2.

O Der Spiegel contrapõe com dados: Real measurement data from the last 60 years, though, show no such trend toward aridity. Those regions do experience frequent dry periods, but not more often than they have in the past.

Isto é, não há evidências científicas nenhumas daquilo que o IPCC sugere. E escrevo sugere porque o IPCC nunca se compromete com nada. Os seus relatórios nunca afirmam nada, sugerem. Usam palavras como talvez, eventualmente, é esperado, pode acontecer, etc.

Mas logo o jornal alemão avança com... one possible explanation is that the slight global warming that has occurred so far is not yet enough to cause observable changes in precipitation.

Claro, o Alentejo ainda não é um deserto porque o aquecimento global que o Homem provoca ainda é pequeno. Mas se nada for feito lá chegaremos!

Vamos então pensar um pouco, não com cenários hipotéticos mas com dados reais.

Em baixo encontra-se um gráfico da precipitação em Portugal nos últimos 50 anos que retirei daqui. Como é perceptível a precipitação não se alterou neste último meio século. Vamo imaginar que nada é feito para mitigar a emissão de gases de efeito de estufa. Mantendo-se a quantidade de água nos solos, aumentando os níveis de CO2 (que se verifica) e da temperatura (que o IPCC alega mas que não acontece há 15 anos) na atmosfera o que é que se pode esperar que aconteça?

Qualquer agricultor com estufas diria que haverá aumento do número e dimensão de árvores e plantas mas o IPCC prevê um deserto!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Mais um embaraço para o IPCC

O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) não tem tido vida fácil nos últimos tempos. As vozes cépticas são cada vez mais e conseguem ser ouvidas em cada vez mais orgãos de media. E o clima da Terra teima em não colaborar com a visão apocalíptica do IPCC.

Esta semana o IPCC sofreu mais um revés. Um dos revisores do próximo relatório do IPCC designado AR5 decidiu escapar para a internet o draft do documento e explica aqui as razões para o ter feito. Esta fuga é particularmente útil pois é sabido que, depois da revisão técnica feita por especialistas, os relatórios do IPCC sofrem uma revisão política de forma a "alinhar" o relatório com a agenda do IPCC.

Um dos dados mais emblemáticos a que foi possível ter acesso nesta fuga de informação foi este gráfico que sobrepõe os vários cenários previstos pelos modelos do IPCC (bandas verde, laranja, amarela e azul) e as temperaturas reais (pontos negros). É perfeitamente visível que, desde que as temperaturas estabilizaram em 2000, há uma divergência entre o que o IPCC prevê e aquilo que está a acontecer. Esta divergência fez com que as temperaturas de 2011 fiquem fora de qualquer banda, situação que se deverá repetir em 2012 que está a ser mais frio do que o ano transacto.