segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma contradição socialista

Um dos slogans mais exaustivamente apregoados pelo anterior governo socialista foi a diminuição da importação de petróleo como resultado da aposta nacional nas energias renováveis. Trata-se evidentemente de uma falácia grosseira dado que desde há um bom tempo que em Portugal não se consome petróleo para produzir electricidade. É no sector dos transportes que o petróleo tem a sua importância vital como fonte de energia. E, estranhamente ou não, a política portuguesa para o sector não o afastou da dependência do petróleo, ao contrário, acentuou-a. Digo que não é estranho uma vez que diminuir a dependência de petróleo nos transportes e aumentar o peso das renováveis no mix energético são objectivos em grande medida antagónicos.

Como terei oportunidade de demonstrar de forma mais detalhada neste blog, a única forma de substituir, nos transportes, o consumo de petróleo por energia eléctrica é apostando no transporte colectivo eléctrico de consumo imediato, seja ferroviário (metro, comboio e tram) seja rodoviário (trolley bus). E que tem sido feito em Portugal nas últimas duas décadas? Tem-se construído estruturas viárias de forma intensiva a ponto de sermos campeões em quantidade de auto-estradas. E ao mesmo tempo tem-se deixado degradar em qualidade e competitividade a ferrovia não havendo, aparentemente, verbas para concretizar o metro ligeiro do Mondego.


Vem a propósito este artigo do Público em que é noticiado que o anterior governo PS realizou um estudo, à revelia da Refer, que prevê o fecho de quase 800km de ferrovias. A concretizar-se será o maior desde há 30 anos, precisamente a altura em que começou a política do betão e a paixão do país pelas grandes estruturas rodoviárias. Provavelmente o estudo está correcto, muitas linhas férreas não deverão ser economicamente viáveis (seguramente a Refer e a CP não o são no estado actual) mas é inegável que para a irrelevância do transporte ferroviário em Portugal contribuiu decisivamente o desprezo que lhe foi dado.

Voltemos à electricidade. A solução encontrada pelo anterior governo PS para promover o seu uso nos transportes foi, mais uma vez recorrendo à propaganda, incentivar a aquisição do automóvel particular eléctrico por via da subsidiação ou criando uma rede de mobilidade eléctrica que com grande pompa e circunstância foi apresentada como pioneira a nível mundial e com potencial de exportação. Objectivamente um desperdício de dinheiro e um irresponsável "pioneirismo" para um país que devia ter os pés mais assentes na Terra. Quem já viu um carro eléctrico a abastecer num dos inúmeros pontos Mobi.e que avise. 

A verdade é que a vontade do anterior governo em difundir o carro eléctrico visa, na realidade, passar para os privados a dispendiosa montagem de uma rede de armazenagem de energia eólica, principalmente durante a noite. Tudo porque, tipicamente, as turbinas eólicas produzem mais energia durante a noite, nas horas em que existe menos consumo. É o que acontece em Portugal onde tipicamente temos excesso de produção de energia eléctrica durante a noite e défice de electricidade nas horas diurnas.

Da vontade à viabilidade vai um passo gigantesco e, com subsídios ou não, o carro eléctrico não é competitivo nem o será nos próximos anos e nem mesmo os fabricantes prevêem uma grande implementação do mesmo até 2020

Voltamos por isso à minha assunção de que o transporte colectivo eléctrico poderá, pelo menos na próxima década, diminuir a importação de petróleo. Porém temos um problema que ressalvei no começo do post. Os comboios e os metros andam maioritariamente de dia, nas horas em que já somos deficitários de energia eléctrica. Ou seja, o transporte público eléctrico é um problema para a viabilidade das energias renováveis. 

Conclusão, a menos que os futuros governos alterem por completo o paradigma energético nacional, diminuindo renováveis e aumentando transporte público eléctrico, a diminuição da importação de petróleo só será conseguida por abrandamento da actividade económica.

2 comentários:

  1. Este blog demonstra toda a estupidez que existe em Portugal, foi de certeza criado por alguém muito estúpido e burro com a ideia de que é conhecedor dos assuntos que trancreve

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  2. tavares, como bem disse, este blog demonstra toda a estupidez que existe em Portugal... mas é por causa de comentários como o seu.
    Se acha que o autor é "estúpido e burro", porque é que não o ilumina com a sua genialidade? Observa-se que o seu comentário é repleto de brilhantismo... critica o autor do blog e mostra porque é que este está errado, não é tavares?

    Que tal nos dar a sua opinião? Fundamente-a com factos e sem falsas propagandas. Ficar-lhe-emos todos muito gratos.

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