domingo, 19 de junho de 2011

Gás natural de xisto

Os avanços nas técnicas de perfuração vertical e horizontal permitiram, desde há uns anos a esta parte, um boom na prospecção de gás natural em subsolo xistoso. A técnica está de tal forma avançada, principalmente nos EUA, que a matéria prima tem um preço um preço bastante concorrencial o que está a colocar em marcha uma nova revolução nas fontes de energia.

Esta nova fonte de gás natural vem trazer novas perspectivas para o redesenho do mix energético de muitos países. Positiva, se se concretizar, é o gás de xisto promover o abandono progressivo do carvão enquanto combustível fóssil mais relevante para produção de energia no mundo. Apesar de os dois serem poluentes o carvão é francamente mais penalizador para o ambiente do que o gás natural. Evidentemente, no reverso da medalha, a abundância de gás de xisto, também poderá protelar uma maior aposta em energias renováveis e nuclear.

Outra virtude do gás de xisto é a sua equitativa distribuição na Terra graças à estimativa de reservas um pouco por todo o mundo, nomeadamente no centro da Europa. Para muitos países ocidentais a presença de gás de xisto no seu subsolo abre excelentes perspectivas de investimento, crescimento económico e tecnológico. Mas, acima de tudo, maior independência energética face, muitas vezes, a nações politicamente instáveis.

Na minha opinião, para Portugal, o surgimento de gás de xisto é uma excelente notícia. Portugal vai precisar de diminuir, com a brevidade possível, o excessivo peso da energia eólica no seu mix energético. Vai também ter de reformar a central a carvão de Sines dentro dos próximos dez anos. E terá de compensar o natural encerramento de parques eólicos quando terminarem as tarifas feed-in. Mais, se houver retoma económica e crescimento a partir de 2013, vai ter maiores necessidade de consumo eléctrico. Resumindo, nos próximos dez anos o país vai ter de instalar uma considerável capacidade de geração de energia eléctrica.

As centrais a gás são a receita perfeita para o fazer. Implicam menos investimento e são mais céleres na sua construção do que uma central nuclear. Se se confirmar a existência de reservas de gás de xisto no Algarve o país terá combustível para alimentar essas centrais.

Nos próximos 20 anos estas novas centrais a gás poderão colmatar, com a sua flexibilidade, o fecho da central a carvão e de parques eólicos. Entretanto o país deve criar know-how e mão-de-obra em energia nuclear e desenvolver, em conjunto com Espanha, um programa coordenado de contrução e exploração de novas centrais nucleares de 4ª geração.

De 2030 em diante Portugal pode (e deve) assentar a produção de electricidade de base em duas ou três centrais nucleares a que se somará a energia produzida nas barragens e nos parque eólicos. Às centrais a gás será pedido que amorteçam a intermitência das renováveis e compensem a paragem ocasional das centrais nucleares para reabastecimento de combustível.

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