terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A importância do contexto temporal

Ao contrário do que os alarmistas do aquecimento global gostam de fazer acreditar o clima terrestre não era um sistema estável que as actividades humanas vieram desequilibrar, ele sempre esteve em constante mudança. A temperatura média global do planeta, como consequência, sempre variou. No entanto, dirá o leitor, são frequentes as notícias de novos recordes de temperatura máxima ou degelo do Ártico e Gronelândia. Os jornalistas, na sua ignorância e procura de sensacionalismo, normalmente esquecem-se de um detalhe destes recordes.

Quando os alarmistas dizem que se estabeleceu um novo máximo de temperatura média eles normalmente dizem temperatura mais elevada desde que há registos (on record). E em quase tudo aquilo que diz respeito a clima os registos têm no máximo 50 anos. No caso específico da temperatura o on record começa em Outubro de 1978 quando todo o Globo passou a ter aferição de temperatura por satélite. Ou seja, para os recordes sensacionais de que se falam, contam registos que equivalem a uma geração humana. Terá valor estatístico? Pensemos na nossa primeira Liga de futebol.

Imaginemos que a estatística do nosso primeiro campeonato tem apenas um ano. Que conclusão se pode tirar? Que o Sporting é uma equipa de meio da tabela. E se os registos fossem de dez anos? Nesse caso seria indiscutível que o Porto domina o futebol nacional. Quer uma quer outra conclusão estão erradas se olharmos para o historial do futebol português. O Sporting é uma das melhores equipas portuguesas e o Benfica é o clube com mais campeonatos ganhos. Analisar o futebol português numa temporada ou em dez não dá uma perspectiva fidedigna do futebol em Portugal.

Se voltarmos à temperatura é fácil de entender que o intervalo 1979-2012 não é estatisticamente relevante face à vida de um planeta que já conta com milhares de milhões de anos. Gritar recordes com tão pequena amostra não é ciência, antes propaganda alarmista.

Quanto mais se recua no tempo menos registos de temperatura existem. De 1850 para trás os dados de temperatura são obtidos indirectamente através de proxies (anéis de troncos de árvore, camadas de gelo milenar, etc). Poder-se-à dizer que é uma forma falível de se obter valores de temperatura mas é a única forma e é por isso melhor do que nada. Para além disso, e no que toca aos últimos 2.000 anos, os gráficos construídos são corroborados por indícios e descrições que se encontram na literatura, pintura, etc. 
Os gráficos de temperatura têm uma evolução aleatória que faz lembrar a da cotação de activos bolsistas. Os analistas técnicos procuram identificar nestes gráficos bolsistas tendências futuras baseando-se no comportamento passado. E quando um analista técnico faz uma previsão de tendência futura jamais esquece algo, definir o horizonte temporal. "O índice PSI20 está com uma tendência positiva de curto prazo" "No médio prazo estou bullish na EDP". Uma previsão de evolução de um gráfico precisa de ser suportada no desempenho passado e o alcance dela tem que ter um intervalo de tempo consideravelmente inferior para poder ter uma probabilidade relevante. É lógico que fazer uma previsão para cem anos com uma amostra dos dez passados não passa de um palpite.

Na verdade, as previsões de tendência de evolução do clima dos alarmistas não se baseiam em análise do passado mas em modelos computacionais. Não têm por isso validade matemática. O que estes modelos fazem é computar cenários futuros hipotéticos, isto é, fazer palpites. E todos eles falharam como o próprio IPCC reconhece aqui.

Mas porque é que supostos cientistas falham num rigor estatístico que os analistas técnicos não descuram? Existem duas razões, a primeira é que do trabalho dos analistas técnicos resultam investimentos privados, pessoas concretas que reclamam se perderem dinheiro. As previsões do IPCC influenciam políticas que os países fazem com dinheiro público e, como se sabe, a culpa da má utilização de dinheiros públicos morre solteira. A segunda razão é que a análise técnica faz previsões para horas, dias, no máximo semanas, logo a sua validade é rapidamente confirmada. Ao invés, são precisas pelo menos três décadas para aferir a eficácia das previsões do IPCC. Ao fim de 20 anos de modelos computacionais começa a ficar evidente que a temperatura média da Terra não segue nenhum dos palpites do IPCC.

Vamos a factos. Nos últimos 2.000 anos a temperatura média global do planeta variou num intervalo de 1,2ºC como se pode ver no primeiro gráfico elaborado pelo climatólogo Roy Spencer a partir da reconstrução de temperaturas com proxies tiradas deste paper (a tracejado já são valores medidos no último século). O pico máximo deu-se por volta do ano 900 durante o chamado Período Quente Medieval e o mínimo há cerca de 400 anos durante a Pequena Era Glacial. A temperatura actual ainda está cerca de 0,2ºC abaixo daquilo que se pensa ser o máximo dos últimos 2.000 anos.


Apesar de dois milénios ser um horizonte temporal bastante mais significativo do que os 33 anos que separam 1979 de 2012 seria ainda assim estéril gritar recordes. E falso uma vez que os valores de temperatura actuais nada têm de extraordinário.

Podemos olhar apenas para o período com dados reais de satélite (1979-2012) patente neste segundo gráfico também construído por Roy Spencer. Os dados vêm do alarmista National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA) e por isso são insuspeitos.

O gráfico mostra que nos últimos 15 anos a temperatura do planeta não aumenta. O valor mais elevado on record é o de 1998 em virtude de um El nino particularmente forte. É caso para perguntar, quem é que está actualmente em negação, os cépticos ou os alarmistas?

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