sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Microgeração é anti-social

Microgeração solar fotovoltaica
Em virtude da escalada do preço da electricidade o anterior governo decidiu criar uma tarifa social de electricidade para aliviar a factura eléctrica de 750 mil famílias portuguesas. Uma medida simbólica que não permite poupar mais do que algumas dezenas de cêntimos por mês na factura mensal de luz. Claro que a factura é tão elevada porque nela está reflectida o devaneio das energias renováveis da última década, os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG).

Parte deste CIEG advém dos extraordinários subsídios à microgeração fotovoltaica. Estes incentivos duram 15 anos e estão estabelecidos em €470/MWh para instalações com potência inferior a 5 kW e €355/MWh para equipamentos entre 5 kW e 150 kW, ou seja, cerca de dez vezes o preço médio da electricidade no Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL). E quem beneficia destes incentivos? É o casal de desempregados que vive num T2 R/C em Queluz? Ou são a classe média e alta que vive em vivendas nas periferias das cidades? Se o estado quer, de facto, ajudar os mais carenciados deve acabar com o incentivo à microgeração. Esta nunca produzirá electricidade que dê direito a uma fatia visível no diagrama queijo de produção nem ajudará a aumentar a propalada independência energética. A coexistência de tarifa social de electricidade e subsídios à microgeração é uma hipocrisia que não invalida que haja transferência de dinheiro dos mais pobres para os menos necessitados.

Se os beneficiários de microgeração estão verdadeiramente importados com a sustentabilidade ambiental e a independência energética do país devem vender a vivenda e vir viver para um apartamento (mais eficiente energeticamente) na cidade. Ao mesmo tempo poupam em consumo de combustível ao reduzir o commuting

5 comentários:

  1. Os famosos CIEG pesam cerca de 40% da factura da electricidade, e desses 45% são destinados à Cogeração, restam assim 55% que em grande medida são destinados a energia eólica, sendo que o peso das microgeração é um dos que pesa menos, e o mais descentralizador.
    A questão é politica, ao estado cumpre traçar metas, orientar caminhos, e penso que a relação custo benéfico que ao inicio era desajustada (650€/MWH) esta aos poucos a tornar-se muito interessante. Os beneficios actuais são bem menores, e os custos das instalações também, rapidamente caminhamos para uma situação de paridade, mas o que nos traz até aqui também foi em parte o trabalho não só do Estado Português, mas também de muitos outros estados, que permitiram que a Industria solar se desenvolve-se e cria-se condições de competitividade dos equipamentos.
    Não veria com bons olhos a massificação deste tipo de equipamentos? A descentralização da produção? A redução das importações de combustíveis fosseis? A redução das perdas de transporte? A independência energética? Obviamente a uma escala ainda reduzida, mas ai esta, é útil que o estado promova os primeiros passos.

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  2. Concordo com microgeração desde que não subsidiada e para consumo maioritariamente local. A microgeração só não causa impacto económico e na gestão da rede porque a quantidade de electricidade que fornece é residual. Se crescesse a ponto de começar a ter relevância seria ruinosa e não garantiria independência energética dado que precisaria de backup temroeléctrico. Aliás, o que é importante é ter segurança energética, garantir que o abastecimento de electricidade não é posto em causa. E tentar faze-lo da forma menos onerosa economica e ambientalmente. A miragem da independência energética obtida por via de subsídios pode levar um país à falência.

    A escala é fundamental na produção eléctrica de base. A eficiência na produção consegue-se com megageração, não micro.

    E pense que se a microgeração porduzisse energia de base seria necessária uma multiplicação da rede eléctrica, não redução como sugere.

    Em relação à competitividade do solar ela tem sido obrita fundamentalmente porque os paineis agora são feitos na China e não na Europa e EUA. Ainda assim continua a ser uma electricidade bastante cara.

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    1. os painéis são também são feitos em Portugal

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  3. Mas o problema não é esse. O verdadeiro problema é que nem com esses incentivos é rentável para o microprodutor instalar painéis fotovoltaicos. É fazer as contas. Salvam-se os bancos e os instaladores.

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  4. A aposta em enrgia solar fotovoltaica só à custa de subsídios é que é minimamente rentável. Uma boa aposta que o governo fez, e, infelizmente (em deterimento da fotovoltaica) acabou com ela, em deterimento da fotovoltaica, foi no solar térmico. Essa sim, é uma energia rentável, alem de ser mais social, uma vez que o investimento é inferior ao de um sistema fotovoltaico. Produzindo, para o mesmo valor de investimento, cerca de 3x mais energia que um sistema fotovoltaico, tornando-se desta forma, perfeitamente rentável, num período relativamente curto.

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