sábado, 31 de março de 2012

Maioria de americanos apoia energia nuclear

A Gallup é uma empresa americana que tem entre as suas especialidades a realização de sondagens. Uma das que leva a cabo desde 1994 visa aferir o sentimento do povo americano em relação à energia nuclear.

Este ano 57% dos entrevistados mostraram-se favoráveis à utilização desta fonte para produção de energia eléctrica e consideram as centrais nucleares globalmente seguras. Os resultados dos vários anos mostram que, em quase 20 anos, o apoio que os americanos lhe dão não se tem alterado significativamente. O acontecimento em Fukushima, há pouco mais de um ano, não influenciou praticamente o sentimento americano a este respeito.

Como é normal quando se aborda este assunto as mulheres, que têm uma percepção de perigo mais aguçada dos que os homens, têm muito menos confiança na solução nuclear. Apenas 27% consideram a energia nuclear segura contra 71% dos homens inquiridos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Comparação de emissão de poluentes entre fontes eléctricas

Ainda que se fale maioritariamente nele o dióxido de carbono (CO2) é o menor dos males produzido pelas diferentes fontes de energia em termos de poluentes atmosféricos. Bem pior são os efeitos de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de azoto (NOx) produzidos nas combustões. 

Por recorrer à combustão a produção elétrica através da queima de biomassa está longe de ser uma proposta ambientalmente vantajosa para produção de energia eléctrica. À semelhança da co-geração devem ser aproveitados os recursos florestais até porque a queima é habitualmente feita longe dos centros urbanos. Mas jamais criar uma indústria florestral exclusivamente centrada na produção de biomassa. Na minha opinião a energia eléctrica proveniente da biomassa e co-geração deviam ter prioridade máxima na distribuição.

Das fontes que não utilizam a combustão para gerar energia as eólica e fotovolticas são traídas pela baixa densidade que obriga ao fabrico de muito equipamento com consequências ambientais. Daí terem menos performance ambiental do que as fontes nuclear ou hidroelétrica.

Tudo pesado a hidroeléctrica é provavelmente a melhor fonte de energia eléctrica que existe mas tem as limitações de só ser possível em países com recursos hídricos. A energia nuclear polui pouco mais e não tem restrições geográficas e por isso deve ser a base da produção eléctrica em países preocupados com a sustentabilidade ambiental.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Analogia entre produção de electricidade e transportes

A forma como a produção eléctrica em Portugal está organizada parece irreal. Confesso que ainda hoje preciso de fazer um esforço para reconhecer que de facto é assim mesmo que ela está planeada. Como muitas pessoas não entendem na íntegra como funciona vou fazer uma analogia com o sector dos transportes que me parece ser elucidativo. Imaginemos que a electricidade é o transporte urbano e que o sector electroprodutor é representado pelos meios de transporte.

Os táxis (que são eléctricos) representam as fontes renováveis intermitentes (eólica e solar). Os autocarros equivalem à produção ordinária (termoeléctricas e barragens).

Os utentes são obrigados por lei a utilizar o táxi sempre que um esteja disponível mesmo que estejam numa paragem. Apesar do custo ao quilómetro do táxi ser superior ao do autocarro o preço de transporte não é diferenciado. Existe um bilhete válido para os dois tipos e o seu preço varia apenas com a distância percorrida e não o meio de transporte. O preço deste bilhete não cobre os custos de transportar pessoas de táxi por isso o Estado paga aos operadores de táxi um valor fixo por esse serviço (subvenções às renováveis - FIT).

Para além dos táxis, o Estado também atribui incentivos a proprietários privados de pequenas motos eléctricas para que estes transportem passageiros (micro-geração). Não existe obrigação de o fazer é escolha dos proprietários. Estes incentivos são de tal forma elevados que pagam a sua aquisição. Existem pessoas que acham possível um dia o transporte nas cidades ser feito exclusivamente nesta pequenas motos.

Também existe apoio estatal para as carrinhas de distribuição de mercadorias transportarem passageiros no espaço que tiverem livre (co-geração). É uma forma de aproveitar espaço que d eoutra forma se desperdiçava. No entanto, ainda que o negócio destas carrinhas seja a distribuição, a remuneração é tão elevada que algumas carrinhas circulam sempre vazias apenas interessadas em angariar passageiros.

À semelhança dos táxis também as pessoas são obrigadas a usar as motos e as carrinhas antes de irem de autocarro. O bilhete válido é o mesmo.

Os custos de se obrigar as pessoas a usar táxis, motos ou carrinhas quando podiam ir de autocarro são passados para os consumidores ao serem incluídos numa parcela do preço chamada Custo de Interesse Económico Geral (CIEG). Existe ainda outra parcela para manutenção de paragens, praças de táxi equivalente aos custos de rede eléctrica.

Os táxis têm uma capacidade limitada de passageiros transportados (baixa densidade de produção) e os taxistas têm horário livre (intermitência). O fluxo de utentes é conhecido mas o de táxis não. Isso faz como que o parque de táxis tenha de ser sobredimensionado ao mesmo tempo que a sua disponibilidade é aleatória. Para não provocarem engarrafamentos quando existem demasiados a circular existem parques de estacionamento que os acolhem (bombagem em barragens). Para mitigar falta de táxis a utilização da frota de autocarros não é optimizada para a procura. Está constantemente a circular independentemente de haver utentes nas paragens. Os operadores de autocarros recebem compensações sempre que circulam sem lotação esgotada, são os CMEC. Quanto mais táxis circulam e menos utentes necessitam de autocarros o valor de CMEC, FIT e aluguer de estacionamento aumenta.

Apesar do maior custo de se usar táxis eléctricos em vez de de autocarros o Estado considera vantajoso pois isso permite poupar na importação de combustíveis fósseis necessários ao funcionamento dos autocarros. No entanto, como quase toda a frota de táxis que opera em Portugal foi importada na realidade o serviço fornecido pelos táxis (equivalente à electricidade produzida pelas fontes renováveis) tem uma componente de importação tão ou mais elevada quanto os autocarros (fontes convencionais). 

A energia nuclear equivaleria ao metro. Não usa combustíveis fósseis, não polui e é capaz de transportar quantidades enormes de pessoas (elevada densidade produtiva). O metro é a forma mais eficiente de transportar passageiros em cidades e por isso deve ser a base de um sistema de transportes urbanos sustentáveis, tal como a energia nuclear deve fornecer a energia de base.

A capacidade de resposta do metro, quer na supressão quer na adição de oferta é inferior ao autocarro (pouca flexibilidade) e por isso deve ser o autocarro a cobrir picos de procura. Tal como as centrais de ciclo combinado e barragens na eletroprodução.

Um acidente numa linha de metro tem proporções mediáticas elevadas. Apesar de haver mais acidentes a envolver autocarros ou táxis. E de estatisticamente a probabilidade de se ficar ferido num acidente rodoviário ser superior ao de sofrer um acidente no metro. O paralelismo com a energia nuclear é exemplar.

domingo, 25 de março de 2012

Lisboa na vanguarda verde?

O jornal Expresso noticiou na edição da semana passada que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) assinou um protocolo de cooperação com a agência governamental japonesa NEDO (New Energy and Industrial Technology Development Organization) para o desenvolvimento de projectos na área da gestão e eficiência energética. Entre as soluções a testar incluem-se naturalmente carro eléctrico, smart grids e edifícios inteligentes produtores de energia eléctrica. Previsivelmente a NEDO considera Lisboa uma parceira ideal para montar à escala de uma grande cidade projectos energéticos a maior parte deles altamente dispendiosos e pouco eficientes. Quase garantidamente o investimento ficará a cargo do município. Com que dinheiro seria interessante saber mas a CML já deu mostras de ter um wishful thinking na área da energia inabalável mesmo em alturas de austeridade.

É indiscutível que Lisboa é altamente apetecível para este tipo de experiências. Não só a gestão da cidade é favorável como Portugal é líder na integração de energias renováveis intermitentes e na instalação de postos de abastecimento para veículos eléctricos. Temos campo bem fértil para a plantação deste tipo de projectos. Que a colheita não é bem aquilo que Lisboa e o país precisa no campo e energético é menos relevante.

Dois conceitos fundamentais para a eficiência na Indústria são produção just in time e a economia de escala. O conceito de produção just in time (JIT), curiosamente aperfeiçoado no Japão, defende que a produção de um bem ou produto deve seguir o mais fielmente a procura sem necessidades de inventário ou armazenamento reduzindo por isso custos. A ideia de economia de escala é a de que o custo unitário de produção tende a diminuir com o aumento de unidades produzidas, dado que todas as empresas têm custos fixos independentes do seu output.

Estes são conceitos universais. Também já foram no sector eléctrico. Mas deixaram de ser com o advento das energias renováveis intermitentes e a microgeração. As renováveis intermitentes são a antítese do just in time e a microgeração é a negação das economias de escala. No entanto, é isso que a NEDO vai propor aos lisboetas.

Não contesto e reconheço que se pode fazer mais em eficiência energética de edifícios. Reconheço virtudes de um sistema de rede de distribuição mais inteligente. Mas querer desenvolver sistemas de armazenamento de energia eléctrica nos quais a divulgação do carro eléctrico se insere não faz sentido do ponto de vista técnico e ofende qualquer lógica económica. Da mesma forma pretender que edifícios urbanos produzam energia eléctrica em micro-escala é uma ideia demasiadamente ingénua para se continuar a ter em tempos tão difíceis. A sociedade portuguesa e os políticos portugueses ainda não se aperceberam que a ineficiência electroprodutora do país é um dos maiores elefantes brancos nacionais e uma das mais ruinosas políticas dos últimos 15 anos. A demissão de Henrique Gomes é só o começo de um processo que será certamente uma das pastas mais difíceis deste Executivo.

A jornalista Luísa Meireles que assina o artigo termina o texto referindo que o Japão está num processo de passagem da energia nuclear para as renováveis. É certo que, no rescaldo de Fukushima, a energia nuclear passou a ser menos popular entre os japoneses. Mas não é certo que o Japão a abandone internamente. Se o fizer é garantido que se o fizer terá importantes proporções ambientais e económicas.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mais sobre a Portela+1

Num post anterior levantei a questão de se abrir um novo aeroporto em Lisboa (mesmo que com baixo investimento) quando a Portela ainda não esgotou a sua capacidade de tráfego. A localização urbana do aeroporto da Portela, ainda que condenada a prazo por razões ambientais e de segurança, é uma mais-valia competitiva da capital portuguesa face a congéneres europeias. A proximidade do aeroporto ao centro da cidade é um aspecto decisivo para gerar em Portugal tráfego de escapadelas de fim de semana ou conferências.

Relocalizar parte do tráfego aéreo para mais longe do centro terá um impacto negativo no número de passageiros que nos visitam. As companhias low cost sabem isso por isso não admira que a EasyJet não esteja radiante para sair da Portela. A menos que sejam dados incentivos suficientemente interessantes para esta mudança ou, dito de outra forma, se reúnam todas as condições.

Depois de Beja parece-me que pode estar em estudo outro elefante branco, daqueles que sobrevivem à custa de dinheiros públicos, assentes em vontade política pouco clara e não em razões objectivas de mercado.

terça-feira, 13 de março de 2012

Henrique Gomes demitiu-se

Não constitui surpresa a demissão de Henrique Gomes noticiada pelo Diário Económico. A história que culmina aqui e que tenho acompanhado no blogue é fácil de contar. A troika mandou, no acordo que estabeleceu com o estado português, terminar com rendas excessivas dadas a quase todos os intervenientes e fontes de produção eléctrica em Portugal. Henrique Gomes que tinha, na qualidade de Secretário de Estado da energia (SEE), a função de colocar no terreno as imposições da troika cedo esbarrou nos interesses dos pesos pesados do sector ou, dito de outra forma, os direitos adquiridos.

Em Novembro, Henrique Gomes apresentou o Plano Energético 2020 e não escondeu que o mesmo seria muito difícil de cumprir pois não tinha margem de ajuste e contava com receitas não garantidas, nomeadamente as provenientes da venda de créditos de carbono (que pessoalmente creio irão desaparecer nesta década). Na altura comentei que o Plano Energético tinha objectivos inconciliáveis e que a prazo algum deles teria de cair. Não foi o plano mas antes o SEE que caiu.

Já este ano, e antecipando a vinda da troika para avaliação do cumprimento do memorando, a Secretaria de Estado congelou novos projectos de produção em regime especial e encomendou um estudo de avaliação dos custos das rendas excessivas. Este estudo iria provocar uma reforma profunda do sector electroprodutor português e atacar a possível rentabilidade e até sobrevivência de muitas empresas.

Uma dessas empresas é a China Three Gorges (CTG). A empresa chinesa não comprou apenas a EDP a CTG, adquiriu a EDP inserida no actual esquema de remuneração da produção eléctrica portuguesa o que torna a utility portuguesa verdadeiramente apetecível. A estratégia da CTG passa em grande medida pelas fontes renováveis intermitentes e logicamente esta empresa quer que o sector continue viável em Portugal. A Associação que representa o sector, a Apren, ameaçou mesmo processar o Estado caso as subvenções desapareçam.

As utilities também deixaram recados caso de Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa, que ameaçou desviar investimentos para Espanha caso haja cortes de garantia de potência. António Mexia, CEO da EDP, com toda a naturalidade, defende que o sector eletroprodutor português é sustentável e aberto à concorrência. Relativamente ao défice tarifário, que tanto assustou Henrique Gomes, Mexia diz que ele desaparecerá até 2020.

Resumidamente, Henrique Gomes esbarrou com os interesse instalados de players habituados a um sector bem remunerado, sem concorrência e rendibilidades muito interessantes.

Há poucos dias, também no ministério da Economia, Sérgio Monteiro, secretário de Estados das Obras Públicas, mandou pagar à Lusoponte a compensação da não cobrança de portagens na ponte 25 de Abril em Agosto de 2011, só que em 2011 os utentes pagaram as portagens. Foi um exemplo de duplo pagamento a privados e portanto uma escandalosa violação do interesse público que devia ser defendida pela secretaria de Estado. No entanto, o bode expiatório nesta história foi a Estradas de Portugal (EP) que denunciou o caso. Quando o interesse público não é uma prioridade do ministério da Economia entende-se que a missão de Henrique Gomes estava condenada ao fracasso.

Os 2,5 mil milhões de euros de rendas que o ex-secretário de estado queria cortar irritaram sobretudo a EDP e a gota de água foi na semana passada quando Henrique Gomes foi proibido de falar sobre o assunto no ISEG.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Não há exemplos de sucesso eólico

Uma das perguntas a que um comunista menos gosta de responder é quando se pede para ele dar um exemplo de uma sociedade comunista próspera e justa, que não existe. Seria lógico que ao fim de algumas décadas de experiência comunista algum caso de sucesso pudesse ser destacado. A menos que o comunismo não estivesse destinado a vingar.Ver o que acontece no mundo e procurar as melhores práticas parece-me uma conduta inteligente e de bom senso. A energia eólica tem uma história parecida ao comunismo, depois de décadas de experiência e de extraordinários investimentos não é possível apontar um país no mundo onde a produção eléctrica a partir do vento tenha tomado uma parte significativa do mix gerador, quanto mais dominante. Portugal é, pelas minhas contas, o exemplo mundial de maior integração de energia eólica que existe. Noutros países com aposta eólica casos dos EUA, Dinamarca, Alemanha, Itália, Austrália ou Espanha a produção eléctrica é feita maioritariamente por centrais termoeléctricas.

À semelhança do comunismo o muro de Berlim da energia eólica está a cair. É cada vez mais complicado os governos encontrarem suporte político para manter por meios artificiais a existência de energia eólica e ela apresta-se para começar a definhar.

Matt Ridley é um conhecido jornalista britânico e contestatário das alterações climáticas. O seu último artigo de opinião na revista The Spectator é um bom resumo da incoerência e insustentabilidade que tem suportado a aposta eólica e no qual destaco:
To the nearest whole number, the percentage of the world’s energy that comes from wind turbines today is: zero(...)If wind power was going to work, it would have done so by now.
I have it on good authority from a marine engineer that keeping wind turbines upright in the gravel, tides and storms of the North Sea for 25 years is a near hopeless quest, so the repair bill is going to be horrific and the output disappointing.
Muito se tem dito sobre a sub-orçamentação do desmantelamento das centrais nucleares inglesas mas veremos até que ponto os custos de manutenção de parques eólicos offshore não estejam a ser avaliados optimisticamente.
The total carbon emissions saved by the great wind rush is probably below 1 per cent, because of the need to keep fossil fuels burning as back-up when the wind does not blow. It may even be a negative number.
O facto de as centrais térmicas a funcionar em back-up operarem fora das condições ideais penaliza a emissão de poluentes por unidade de energia produzida.
So even if you accept the most alarming predictions of climate change, those turbines that have ruined your favourite view are doing nothing to help. The shale gas revolution has not only shamed the wind industry by showing how to decarbonise for real, but has blown away its last feeble argument — that diminishing supplies of fossil fuels will cause their prices to rise so high that wind eventually becomes competitive even without a subsidy.
Remeto para um dos últimos posts no blogue.
Even in a boom, wind farms would have been unaffordable — with their economic and ecological rationale blown away. In an era of austerity, the policy is doomed, though so many contracts have been signed that the expansion of wind farms may continue, for a while. But the scam has ended.
Como escrevi creio que no mundo ocidental 2010 terá sido o melhor ano de sempre para as renováveis intermitentes. Nos países emergentes, onde a instalação de parques solares e eólicos foi em boa parte financiada pelos países mais industrializados, não antevejo que o crescimento de potência renovável intermitente dure muitos mais anos.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Índices bolsistas americanos em máximos

Gráfico S&P500 últimos 3 anos (velas diárias)
Existem opiniões económicas para todos os gostos. Confesso que por vezes me sinto perdido com tanta informação e muitas vezes sem capacidade técnica para a filtrar. O ideal seria congregar a opinião de toda gente e produzir um resultado ponderado. Felizmente esse indicador de opinião existe, chamam-se índices bolsistas. Apesar de estar a perder a sua relevância, o índice americano S&P500 ainda é a grande referência mundial. Como se pode ver pelo gráfico ao lado dos últimos 3 anos (praticamente desde o fundo de 2009) este índice das 500 maiores empresas americanas está em máximos desde a queda brutal de 2008. Na semana passada chegou mesmo a estabelecer uma nova referência. O S&P500 não estaria a bater em máximos se a maioria dos investidores não tivesse uma opinião favorável sobre o futuro da economia americana (e que se pode extrapolar para a economia mundial). Não apenas o S&P500 mas também o mais antigo índice bolsista - Dow Jones - está perto de máximos, mas desta vez históricos como se pode ler neste artigo de opinião de Ulisses Pereira (na minha opinião um excelente analista técnico a nível mundial).

Ainda é preciso que o rompimento destes máximos seja confirmado mas tal vier a acontecer creio que temos excelentes indícios de que a economia mundial está a recuperar. E com a recuperação da economia o mundo voltará à quase imutável tendência de necessitar sempre mais de fornecimento de energia.

sexta-feira, 2 de março de 2012

China tem reservas de shale gas para 200 anos

Via espectador interessado fui ao encontro desta notícia do jornal The Telegraph que avança que a China tem a maior reserva mundial de gás natural xistoso, cerca do dobro da dos EUA. Em teoria, existe potencial para cobrir as necessidades do país mais populoso do mundo durante 200 anos. Este potencial está a começar a ser solto pelas grandes multinacionais na área casos da Chevron e da Shell.

O impacte da exploração de shale gas na China poderá ser tremendo. A começar pelo ambiental caso a China decida fazer pesar mais o gás natural, em detrimento do carvão, no seu mix electroprodutor.

Mas também no preço mundial do gás natural que se deverá manter estável ou até mesmo baixar nos próximos anos dado que a China poderá replicar a independência energética que os EUA estão a perseguir graças ao shale.

Para as energias renováveis intermitentes o futuro é cada vez menos promissor. A tão ambicionada paridade de custo de produção estará cada vez mais distante. A justificação para a manutenção de tarifas feed-in terá cada vez menos consistência à medida que mais shale gas fora explorado no mundo. Idem para a energia nuclear que tem no shale gas o seu maior concorrente.
Valores não actualizados de reservas estimadas de shale gas. A notícia do The Telegraph menciona 25 trilhões (americanos) de metros cúbicos para a China

quinta-feira, 1 de março de 2012

APREN ameaça processo jurídico contra cortes nas rendas

António Sá da Costa, Presidente da APREN, tem tentado, ao longo de anos, convencer os portugueses que as energias renováveis intermitentes (eólica e solar) são competitivas e estratégicas para o país. Um dos últimos grandes esforços de mistificação da associação - o estudo da consultora Roland Berger -custou aos portugueses quase €280.000.


Mas quando Sá da Costa começa a sentir a actual política de incentivos ser ameaçada atira as conclusões do estudo e toda a sua retórica para trás das costas e ameaça recurso à via jurídica. Nada de surpreendente ou que já não tivesse previsto neste blog. Desde o começo do ano Sá da Costa vinha mostrando na imprensa o seu desconforto em relação às imposições da troika relativamente aos apoios concedidos à geração eléctrica em Portugal. As energias renováveis intermitentes são incapazes de sobreviver sem as actuais rendas garantidas que tornam este negócio isento de risco para os seus promotores. O fim das subvenções é uma sentença de morte para os associados da APREN.


Acredito que muitos portugueses que viram parte dos seus ordenados cortados e pagam uma das mais caras electricidades da Europa compreendem a posição de Sá da Costa.